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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1704. Carta de Domingos Lourenço Perdigão, fazendeiro, para Francisco Machado Pinto, capitão.

ResumoA autor dá ao amigo notícias sobre os banhos que este lhe pediu que fizesse correr para um casamento.
Autor(es) Domingos Lourenço Perdigão
Destinatário(s) Francisco Machado Pinto            
De Alentejo, Évora, reguengos de Monsaraz, Monsaraz
Para Angola
Contexto

Este processo diz respeito a António Dias Marques, tratante, cristão-velho de 33 anos de idade, natural de São Marcos de Campo, Aldeia da Venda (Évora) e morador em Luanda (Angola). Filho de Bernardo ou António Dias (lavrador) e de Catarina Rodrigues, o réu foi acusado de bigamia por se ter casado primeira vez com Beatriz Mendes, a 23 de julho de 1700, e depois com Leonor Vieira de Lima, filha do sargento-mor Roque Vieira de Lima e de Esperança (uma escrava forra), com a qual viveu durante um ano e teve uma filha chamada Guiomar. Segundo consta do processo, o réu foi preso por vender tabaco e, quando estava na cadeia de Monsaraz, decidiu casar-se com a primeira mulher para fugir ao degredo para a Índia, uma vez que a tinha desonrado. Os dois não chegaram a fazer vida marital nem tiveram filhos juntos. Depois de casado, o réu foi enviado para o Limoeiro e, tendo aí adoecido, pediu para ir para Angola, para onde foi degredado. Em Angola, o réu conheceu a segunda mulher e pediu ao capitão Francisco Machado Pinto, seu padrinho do segundo casamento, que o ajudasse a fazer correr os banhos. Numa dessas diligências, foi enviada uma carta a Domingos Lourenço Perdigão, padrinho do primeiro casamento, para que este agilizasse todo o processo. Este não só respondeu dizendo que o não faria (PSCR0591), como repugnou os ditos banhos. No entanto, o réu conseguiu casar-se com a segunda mulher e só depois de os banhos chegarem com o impedimento do primeiro matrimónio foi preso e confessou o crime. Em auto da fé de 30 de junho de 1709, foi condenado a abjuração de leve, açoitamento público, degredo por cinco anos para as galés, penitências espirituais e pagamento de custas.

Suporte quarto de folha de papel não dobrada escrito apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 6150
Fólios 50r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306195
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2015

Page 50r

[1]
Meu Sór

Resebi a de Vm Com a de Anto

[2]
dias em que me pede lhe mão
[3]
de corer banhos pa aver
[4]
de casar em enguola tanto
[5]
Pelo comtrario se deve faser
[6]
o que Vm e hele pedem que o tal
[7]
he casado e tem hua molher vi
[8]
va de que vai esa justifiqua
[9]
sam que vm da que certe estou
[10]
deu em termo e eu foi ceu pa
[11]
Drinho quando se resebeo e
[12]
não sendo o que diguo esteja
[13]
vm certo ouvera de servir
[14]
a vm ainda que fose em Coa
[15]
zas de maior desa vm sabera
[16]
la dizer este negosio como
[17]
milhor emtender em pa o
[18]
Be diser a vm estava certo
[19]
aCa aja vida ds gde monca
[20]
ras de aguto 22 de 1704

[21]
Cervo de vm
[22]
Domingos Lourenço Perdigão

[23]

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