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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1741]. Carta de Pedro Francisco para o seu primo, Luís dos Santos, carpinteiro.

ResumoO autor responde ao primo, justificando ainda não lhe ter escrito por não ter como enviar a correspondência. Envia recados da família e dá como notícias a subida do preço do vinho e do pão.
Autor(es) Pedro Francisco
Destinatário(s) Luís dos Santos            
De Portugal, Viseu, Campia, Fiães
Para América, Brasil, Pará, Belém
Contexto

O réu deste processo é Luís dos Santos ou Luís André, acusado de bigamia. Após ter casado em Portugal com Domingas Rodrigues, aos treze anos, e de ter com ela vivido maritalmente por um ano ‒ casamento do qual nasceu uma filha chamada Maria -, Luís dos Santos teve de ir a Lisboa e, ao saber da frota para o Maranhão (Brasil), para lá se ausentou. Casou-se lá com Catarina Correia de Oliveira e com ela teve cinco filhos. O caso soube-se e, apesar de o processo já decorrer desde 1737, duas acusações foram formalmente feitas à Inquisição em 1744 por Manuel Cruz, cónego, a quem Luís dos Santos dirigira uma carta para saber da sua família em Portugal (PSCR0652), e por Manuel Rodrigues, homem residente no Brasil, que não conhecia diretamente o acusado. Luís dos Santos seria posteriormente sentenciado a açoites públicos e a cinco anos de degredo nas galés, de onde fugiu, tendo sido novamente sentenciado (Processo 516-1 da Inquisição de Lisboa) a cinco anos de degredo para as galés. Como prova da condição marital do réu, neste processo estão inclusas oito cartas, duas das quais da sua primeira mulher (PSCR0642 e PSCR0649).

Suporte meia folha de papel não dobrada, escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 516
Fólios 33r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300390
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 33r

[1]
J M J
[2]
d 1741 a
[3]
de mo 12
[4]
Fiais frga d S Miguel d Campia

Meu pro e amo mto do Curação Senhor

[5]
Luis dos Santos quizera q o meu tivera ou
[6]
eu a da de que com a sua vista se regozi
[7]
ja sem os afetos com q o amo pois sendo nos
[8]
de criação tam vizinhos como amantes q não sei
[9]
cual foi a cauza de nos apartarmos nem sei
[10]
com cual de nos andou a fortuna porq estando
[11]
eu em Lisboa senpre tive grdes dezejos de hir
[12]
ver esas terras mas como se me ofereceo a tor
[13]
nar pera a patria de todo lhe predi a inchina
[14]
ção de pasar os mares porq espremento q o quer
[15]
deos tem de ajudar tanto e ajuda no mar como na
[16]
terra porq a quem deos da dos bens da fortuna
[17]
pareceme a ser esta terra hũa das mais mimo
[18]
zas e fartas q ha

[19]

Snor Luis dos Santos eu recebi as ultimas car

[20]
tas q vm me escreveo qdo foi pera a fortaleza
[21]
dos certois e o não lhe ter escrevido foi por não a
[22]
ver por donde lhas avia de inviar agora primi
[23]
ta o senhor q esta o ache com hũa filis saude
[24]
como eu lhe dezejo e toda a familia desta caza
[25]
em espicial sua madrinha se lhe ofrece
[26]
com as suas vencois e com mar de saudades
[27]
emtreduzindoselhe q o não tornara a ver e
[28]
lhe pede q se compadeca de sua amada mer
[29]
e da sua fa de novidades nesta terra esta mto a
[30]
bondantes achase o almude de vinho maduro a
[31]
duzentos reis e o pão da mesma sortes o alqueire
[32]
a cento e sesenta reis e asim não molesto mais
[33]
a vm por dezejava me dese ocaziois em q o cervi
[34]
se a qm Ds gde ms ms as Sor Luis dos Santos

[35]
Pro e amo mto do C
[36]
Pedro Francisco

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