O autor suplica ao seu advogado que lhe dê instruções sobre como agir
pois foi preso e quer-se confessar à Inquisição.
[1] | Agora sabera Vm as mais tristes novas que se po
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[2] | dem immaginar do mais dezaventurado tris
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[3] | te homẽ q nũca nasera e he q por ocazião da
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[4] | mal aventurada de minha mai e fas e pa
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[5] | rentas sendo eu tão zelloso da ffe e tão bom cris
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[6] | tão quãoto cristo Jhs sabe me foi forsado ir
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[7] | me em trasgos de caminhro cobrar cõ hũ preca
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[8] | torio q tinha dos contos a sãotiago de galiza
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[9] | hũs i00V rs pa dahi ir a madrid, q me inpor
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[10] | tava etta chegando a caminha q são perto
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[11] | de 70 legoas de Lxa fui en ora q não devera
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[12] | a caza de hũ escrivão pa mo reconheser e indo
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[13] | de noite comesou de me fazer pergũtas e
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[14] | vendome embarasado olhandome pa o rosto en
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[15] | tendendo q vinha fogido posto q disfarsa
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[16] | do em abito de caminhro me levou a caza do
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[17] | ouvidor o qual cõ as pergũtas q me fes em
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[18] | q eu cõfesei na verdade de meu nome tera
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[19] | e pais e mais porq comfesei ter rasa da nasão
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[20] | me mandou a cadea caregado de feros ate
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[21] | aviriguar e saber dos inquizidores se vi
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[22] | nha de bom tto ou não e asi estou dezaventura
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[23] | do dormĩdo no chão como hũ quão carega
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[24] | do de feros sem comer pa ver se poso acabar es
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[25] | ta triste vida por não verẽ meus olhos
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[26] | taĩtos males e afrontas incriveis pois tão
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[27] | to q agora avizarẽ me farão ir prezo en
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[28] | feros de villa en villa como por mĩ pro foi
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[29] | meu sor Jhs Cristo cõ quẽ me cõsolo, mas
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[30] | elle era deos e eu hũ baro mui fraco e
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[31] | sobretudo mui enfermo e cãsado de trabalhos
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