O autor relata o que tem passado e garante o envio de certas encomendas, transmitindo muitas lembranças a familiares e amigos. Comenta uma série de factos que tem vivenciado naquelas partes do Oriente, como sejam a prostituição, o custo em amealhar dinheiro, a carestia dos bens, as ordens régias que obrigavam à permanência por longos períodos e os salários competentes, as relações adulterinas dos portugueses, o seu desinteresse em manter contacto com as suas mulheres e família em Portugal, entre outros.
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[2] | Louvado seja o santissimo
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[3] | sacramento, pa sempre
Snor pai premita nosso sor, que esta ache a Vm com aquela
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[4] | saude e vida que eu de contino lhe pesso em minhas orasois pois,
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[5] | abaixo de deos não tenho outrem senão a Vm de quem espero me
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[6] | venhão, sempre mto boas novas pois tão longe estamos de nos virmos
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[7] | tão sedo, o anno passado escrevi a Vm por todas as vias e foi com tanta
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[8] | presa que nos deu o vizorei pa nos tornar a embarquar que não sei
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[9] | o que escrevi a Vm e fes o vizorei isto pola mta falta de gente que
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[10] | avia em goa escrevi a Vm que hiamos pa o sul ou pa bombaca
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[11] | não nos mandou senão pa a Cidade de diu que são de goa a esta
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[12] | Cidade sem legoas viagem de seis ou sete dias escrevi a Vm
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[13] | pello, despenseiro, da naveta são felipe em que vim que se cha
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[14] | mao dominguos duarte que foi cutileiro amiguo de Vm que bem
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[15] | o conhese Vm e pello seu matalote do mesmo despenseiro domingos
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[16] | duarte que ambos de dous vão na naveta são felipe que se chama
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[17] | domingos Jorge aonde por elles mando a Vm huã boseta feita
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[18] | na india aonde dentro nella vão huãs contas pa Vm da costa da pei
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[19] | xa molher mto boas estimeas Vm mto e outras de pao daquela tãobem
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[20] | estimeas Vm mto e hũs aneis de cavalo marinho e hũs pentes pre
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[21] | mita deos que fosse a salvamto pa que isto fosse entregue a Vm,
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[22] | e perdoeme Vm pello amor de ds, não lhe mandar algũs calsois
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[23] | e hũ ou dois fardos d arros mas juro a Vm aos santos evange
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[24] | lhos que nada disto avia em goa quando cheguamos porque não
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[25] | herão ainda vindas as cafelas com fazendas a goa porque goa
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[26] | não tem nada senão ven de fora mas dandome deos vida e saude
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[27] | eu farei o que devo a deos pa com Vm pois tanto lhe tenho Custado
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[28] | nesta vida e sei do modo que vm fiquou porque os tempos não hão
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[29] | de ser sempre hũs novas minhas são deos seja louvado vir mto bem
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[30] | desposto toda a vigem depois que parti de portugal donde fiquo com
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[31] | a mesma nesta Cidade de diuu, aonde hei de estar tres annos forsa
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[32] | dos e os demais soldados e acabado elles me ir pa goa aonde andamos,
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[33] | correndo a costa de mallevares e de mtas naos de orlandezes nosos inimi
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[34] | gos emcomendeme a nossa snora da vitoria nos de vitoria contra
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[35] | elles em todas as batalhas a mim me fizerão alferes de hũ navio
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[36] | aonde Cada anno destes tres que hei de estar nesta Cidade de diuu
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[37] | cada anno me hão de pagar trinta e duas pataquas pagas aos quar
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[38] | teis e nestas partes querse mão fechada e bolsa sarrada
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[39] | e mais bem lacrada porque quem asim não fizer nestas partes
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[40] | não tera nunqua com que se possa ir pa portugal porque nestas
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[41] | partes ha mtas putas que são mais amiguas da bolsa do que
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[42] | de seu dono e são tais que se ouverem de dar alguã couza algum
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