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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1630. Carta de Simão de Fontes, mercador, para Francisco Soares.

ResumoO autor dá conta de vários factos, faz alguns pedidos e apresenta alguns conselhos de ordem prática.
Autor(es) Simão de Fontes
Destinatário(s) Francisco Soares            
De Portugal, Lisboa
Para Madrid
Contexto

António da Silveira Rosa, cristão-novo natural de Beja residente em Lisboa, preparava-se para se juntar a outros da sua nação assistentes em Castela quando foi surpreendido pelo juiz de fora daquela cidade, o qual achou em seu poder um volumoso conjunto de cartas, redigidas por dois mercadores de Lisboa – um dos quais sogro de António. Além de as referências espaciais e temporais serem comuns, as 13 cartas anexadas ao seu processo partilham ainda o facto de serem maioritariamente dirigidas a familiares. O seu intuito consistia em preparar a fuga, antes do Natal daquele ano, por Barcelona ou Catalunha, rumo a França.

A prisão do portador comprometeu este plano e levou aquela autoridade judicial a encaminhar tão comprometedora correspondência ao cuidado da Inquisição de Évora, e assim revelar não apenas a culpa do réu – directamente implicado no conteúdo das cartas -, mas toda uma rede de cristãos-novos.

Suporte uma folha dobrada escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora
Cota arquivística Processo 8768
Fólios 24r a 25v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 24r > 24v

[1]
[2]
lisboa 25 de 9ro 630
[3]
primo franco soares

ha 3 vosas devo reposta q por falta do correo não vir não respondi estimando

[4]
as boas novas de vosa saude q forão pa min de munto gosto a qual noso
[5]
snor vos conserve en companhia de todos eu fiqo a deus grasas con saude e mto
[6]
contentimo de noso snor aver leva en pas a ma anriques seja o snor lou
[7]
vado q tantas merses me ha feito.

[8]

e vos estou mto obrigado pelo mto q tendes feito a ma anriques e a meu filhos

[9]
q en vosa boa conpanhia descanso mto e se me tira o sentido q nesa
[10]
parte tenho q asim fazeis ofisio como irmão d alma q sois en todas
[11]
vosas coizas tratarei eu com o mesmo amor e asim q não qero tratar
[12]
de comprimtos adonde hai huma irmandade tam ligado como a nosa deus
[13]
nesa junte sedo pa com gostos fazermos nosa viagem tembem-

[14]

parese q todas as vezes q escrever avera senpre novidades nesta

[15]
tera q anto da silveira me parese sera õ portador desta e me re
[16]
mte a carta de maria anriques-

[17]

vejo o teres aseitado as letras dos pireiras deus as sostente q não arebenta

[18]
com esta prisão de frco dias mendes q tanta emberlhada vai mas tenho
[19]
comfiansa en deus q dizem ser os homes mto Riqos

[20]

no pro correo avizarei ja da minha partida qerendo deus q me dizem

[21]
esta ja o juis do fisqo en evora q com esa cobransa da minha sentensa
[22]
vos remeterei 500 cdos de nosa conta pa q nos fiqem os 80 cdos
[23]
fora vistaso tantas custas qamto se fazem nesa corte q bem encaresida
[24]
mte peso a ma anriques q se saiar de esa maldisam de tera e asim volo
[25]
peso a vos q se over lugar no caminho coiza de 20 legoas en q esteja a
[26]
a sua vontade vos sahiais q eu irei descansar algũs dias com o amigo jor
[27]
ge lopes ate fazer tempo q venha pela sua gente e etremtes vamos por esas
[28]
hireis vos pasado adonde over naos de enbarqar q vos bem falsem fazeis
[29]
a pasagem por barselona q dizeis esteivestes quarto vezes mas não vos en
[30]
barqastes com molheres mas a tudo - deus acudira.

[31]

a letra de vosa conta de 82 rs vai no correo q agardo resposta


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