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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1737]. Carta de Francisco Afonso Barbosa para o coronel Manuel de Brito Casado.

ResumoO autor pede ao destinatário que lhe envie a lenha de que necessita para o funcionamento do seu engenho de açúcar.
Autor(es) Francisco Afonso Barbosa
Destinatário(s) Manuel de Brito Casado            
De América, Brasil, Parnamirim
Para S.l.
Contexto

Esta carta encontra-se, juntamente com mais três, na ação de libelo que Francisco Carnoto Vilas Boas levantou contra Francisco Afonso Barbosa por causa da cobrança de uma dívida. Por volta de 1735, Francisco Afonso Barbosa, homem de negócios e familiar do Santo Ofício, precisando de lenha e madeiras para o seu engenho em Parnamirim, pediu um empréstimo ao coronel Manuel de Brito Casado por intermédio do seu amigo Francisco Carnoto Vilas Boas. Manuel de Brito Casado enviou-lhe a importância de 4830 réis, tendo Francisco Carnoto Vilas Boas pago essa importância ao coronel. Francisco Carnoto Vilas Boas tinha dúvidas sobre a pontualidade de Francisco Afonso Barbosa quanto ao pagamento da dita lenha, pelo que lhe escreveu, em Novembro de 1736, ordenando-lhe que pagasse o que lhe devia com pontualidade (PSCR1518). Francisco Afonso Barbosa respondeu-lhe na mesma folha, dando garantias sobre a sua pontualidade (PSCR1519); no entanto, várias foram as desculpas que arranjou para adiar o pagamento, como o comprovam as duas outras cartas que constam deste processo, a primeira datada de Abril de 1737, dirigida a Francisco Carnoto Vilas Boas (PSCR1516), em que fala da seca que lhe afectou a produção, a segunda dirigida ao coronel Manuel de Brito Casado (PSCR1517), pedindo-lhe que enviasse rapidamente as barcas com a lenha, pois tinha o engenho parado e não podia vender a cana que possuía. Estas cartas foram mostradas às testemunhas para que reconhecessem os seus sinais e para servirem de prova, sendo ainda feita uma cópia de todas elas. O processo foi aberto em 1736, tendo Fernando Afonso Barbosa feito todos os possíveis para o atrasar, recusando-se a admitir a sua culpa, mesmo perante as provas apresentadas contra ele. Só terminou em 1781, supõe-se que depois de os envolvidos já terem morrido, pois foram substituídos por outras pessoas habilitadas. A ação de libelo foi iniciada na conservatória dos familiares do Santo Ofício da cidade da Baía e enviada para o Conselho Geral da Inquisição.

Suporte meia folha de papel escrita no rosto
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Autos Cíveis, Maço 59, Número 2
Fólios 74r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4563581
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2016

Page 74r

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Muito mui sr na companhia da minha

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Barca escrevi a vm dandolhe parte que estava
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com o emgo pejado por falta de lenha e de
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alguma demora das mesmas barcas poiz
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tenho alguma cana bastante e não a pode
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rei vender pella dita lenha pesso e rogo
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a pessoa de vm se queira dignar em
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me dar aviamento com brevidade as ditas
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barcas com o seu generozo animo pois meu
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amigo o sor francisco carnoto villas boaz
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ha de estimar muito a brevida desta
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lenha pa que nao pesse o emgo e vamos.
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pa o emverno tenho a vm Beneficiado
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a minha carencia de lenha com a maior
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brevidade posivel. e nas ditas barcaz
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me mandara vm corenta ou sincoenta
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varas pa hir tendo mao nas cercas deste
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emgenho. e tenha vm emtendido que
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fico com o emgo de cana cheio esperando
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pellas embarcoins que la estam
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que ira deos trazellas a salvamento com
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brevidade que estou esperando todas as oraz
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por ellas. com o favor de vm abaixo de deoz
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Vai hum baril de miscado servira pa os cortadores
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da lenha estimarei em ocazions em que sirva
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a pissoa de vm que Deos ge m an

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De vm amo mto seu c sor Coronel Mel de Brito cazado meu sor
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Framco Affonço Barboza

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