A autora pede conselhos ao bispo de Coimbra, pois a sua família arranjou-lhe um noivo mas ela não quer casar, uma vez que fez um voto de castidade.
[1] | Succedeo enfermar hũ irmão em quem tinha confiança q tomando es
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[2] | tado me serveria de arimo no cazo q meos pais morressem, pa q eu não
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[3] | desfalecesse no meu intento, e assim pedia com instancia na sua doen
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[4] | ça a Deos q mo livrasse da morte, foi contudo vontade sua levallo pa si com
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[5] | cujo successo se me reprezentou q Deos me não queria neste estado q eu
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[6] | pretendia, e vivi con tão grdes desconsolaçois e desconfianças depois
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[7] | deste successo q considerava não serião minhas obras agradaveis ao mes-
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[8] | mo sor em forma q passou maior parte de hũ anno sem receber a sagra-
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[9] | da comunhão e poucas vezes me confessei, costumandoo fazer ameudo
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[10] | vivi nestes tempos com siquidois graves, e na oração se me reprezentava
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[11] | q Deos me queria em outro estado, e que ficando no de cazada poderia
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[12] | gerar creaturas q sendo religiozas louvassem mto a Deos, e que tambem fi-
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[13] | caria empardda faleçendo meos pais, isto me apertou mais na somana sanc-
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[14] | ta passada e logo deste tempo, ou por me quererem emparar, ou por
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[15] | remirem algũas dividas estes me solecitarão espozo sem pedirme
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[16] | consentimto; o q sabendo eu repugnei, e repugno tomar estado de ca-
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[17] | zada, por entender faço agravo ao melhor spozo, e que não será
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[18] | este o estado em q me aja de salvar, e tambem pello voto q fis e sem
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[19] | pre dezejei conservar, sem ter inclinação em tempo algũ ao con-
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[20] | tro não porq eu o merecesse mas porq o spozo Divino me da-
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[21] | va alentos pa vencer o que neste particular se me offrecesse. por
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[22] | outra prte me fas escrupolo a molestia q dou a meos pais e pa
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[23] | rentes não consentindo no cazamto que tem tratado, o q não
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[24] | recuzo fazer por querer outro spozo temporal, pois o não merecia, e
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[25] | menos as riquezas q me dizem ter, mas pellas cauzas assima referidas
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[26] | E porq não quizera fazer senão o q fosse mais vontade de Deos, e esta
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[27] | me he oculta consulto a V Illma pa q me diga o q devo fazer neste cazo
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[28] | pois o meu confessor me não quer dar nelle dezengano pello temor re
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[29] | ferido o q pesso a V Illma con toda a sumição e humilde como
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[30] | verdadeiro pai das almas e vigilante Prelado me remedee esta
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[31] | aflicção do spirito ordenando o q mais for servo de Deos, q sendo o
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[32] | como eu quizera ficar no estado do celibato, não me dera dever
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[33] | com q meos pais me lançarão fora de si; sem embo q não quizera
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[34] | deixar de servillos e alimentallos com o meu trabalho contanto
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[35] | q comserve a pureza a qual me parece deficultoza de conservar
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[36] | nestes tempos no estado de cazada, pois não considero no espozo q me
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[37] | querem dar o spirito de sto Henrique marido de s Cunegunda, nem
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[38] | o de S Elzeario, e S Delphina. Pesso a V Illma perdão deste atrevimento
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