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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1745]. Carta de Teresa Maria de Jesus para Tomé de Almeida de Sá.

ResumoA autora exprime o seu afeto e veneração pelo destinatário e confirma o seu desejo em contrair matrimónio com ele. Recorda também as promessas frustradas de casamento com um outro pretendente, prevenindo o destinatário quanto aos efeitos das suas intenções.
Autor(es) Teresa Maria de Jesus
Destinatário(s) Tomé de Almeida de Sá            
De Brasil, São Paulo
Para Brasil, São Paulo
Contexto

Nos autos de justificação por impedimento (1755) em que foi justificante Tomé de Almeida de Sá e justificada Maria Teresa de Jesus, deparamo-nos com uma situação demonstrativa da fragilidade feminina no Brasil colonial em meados do século XVIII. Na década anterior, Teresa manifestara a sua vontade de casar com Tomé de Almeida e Sá. Sucede, porém, que esta mulher era exposta - desconhecendo-se, portanto, a sua filiação - num momento em que ainda não fora instituída a Roda dos Expostos em São Paulo (criada na centúria seguinte). Esta mulher encontrava-se a residir, portanto, não junto de familiares, mas em casa de Francisco de Sales Ribeiro, em São Paulo.

Estamos em crer que se trata do capitão Francisco de Sales Ribeiro (1687-1779), homem natural de Lisboa que veio para São Paulo em 1722, ali conhecendo e vindo a casar c. da década de 1730 com D. Maria Josefa de Matos, ingressando assim numa família de comerciantes liderada pelo sogro, Gaspar de Matos. Teve uma extensa prole: 11 filhos, de entre os quais, os padres António Xavier de Sales, Gaspar de Matos Sales e João Manuel Xavier de Sales, os capitães José Francisco de Sales e Bento José de Sales, o alferes Francisco Mariano de Sales, o guarda-mor Manuel Francisco de Sales, D. Teodora Maria de Sales e D. Joana Maria de Sales. Era, na verdade, um homem de negócios que desempenhou diversos cargos de relevo na comunidade: na Câmara Municipal de São Paulo, nomeadamente almotacé (1739), procurador (1741) e juiz (1763) - datas estas apontadas somente para a primeira eleição de cada ofício camarário, não deixando de ser demonstrativas per si de uma trajetória considerada comum no âmbito dos agentes mercantis que ingressavam naquela instituição, de que constitui exemplo este Francisco de Sales Ribeiro (BORREGO, 2006:139). Além do mais, de acordo com esta mesma fonte, ingressou na Irmandade do Santíssimo Sacramento (1731), na Ordem Terceira da Penitência de São Francisco (1733) e, como prova da sua condição e proeminência social, política e económica, foi provedor da Santa Casa da Misericórdia (1752). Ainda na década de 1750, no período que se segiu à expulsão dos jesuítas daquela capitania, foi depositário do património móvel do Colégio da Companhia de Jesus.

Em face de semelhantes dados, revela-se plausível uma relação entre o acolhimento de uma exposta e o estatuto de Francisco de Sales Ribeiro, ademais com ligação à Misericórdia de São Paulo.

A determinada altura, tomando conhecimento das intenções de Teresa e Tomé, Francisco de Sales requereu a intervenção de João Álvares de Ramos para, a seu pedido, a levar para a freguesia de Santo Amaro. Os desenvolvimentos deste afastamento seriam particularmente gravosos para Maria Teresa de Jesus, pois acabou sendo vítima de violação às mãos de João Álvares, por forma a não se poder casar com Tomé.

A carta apresentada pelo justificante reporta-se ao tempo em que manifestavam entre ambos o desejo de contraírem matrimónio, antes destes infelizes acontecimentos. O escrito apresentado constituíu evidência documental dos esponsais feitos, estando Teresa e Tomé contratados para casar.

BORREGO, Maria Aparecida (2006). A Teia Mercantil: negócios e poderes em São Paulo colonial (1711-1765). [doutoramento em História]. São Paulo: Universidade de São Paulo.

Suporte uma folha escrita no rosto.
Arquivo Arquivo da Cúria Metropolitana
Repository Esponsais
Fundo São Paulo
Cota arquivística PGA-100
Fólios 4r
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Page 4r

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Meu Snr

Recebi a de vmce da qual fiz espicial estimacão com

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o seu amor e afeto primosrozo memefesto o amor q da minha parte
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o q me obriga a fazer hestas pequenas regras mal emcadeadas soLesitan
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do da comrespondencia dos meritos de vmce e como haxo a pessoa de vmce mto capas
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disso e para mto mais que me fas agora beigar as mão de vmce guntamte os pes
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o que reparo ver vmce se inqlinar com a ma fraca pessoa podendo se vmce emtre
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gar com hotra pessoa ou digo hũma mossa rica e fermoza e não com quem
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vil como eu sou mas meu Snor se vmce me axa capas de que reseba a vmce por meu
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espozo eu de mto boa vontade aseito a vmce sem embargo q se vmce me a de fazer como
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manoel da silva me fes tal cazamento nunca se fassa porem sem helle
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obra como hum negro bem mostra ser malcriado não teve criacão de branco
[12]
Snor paresseme q vmce não fara o mesmo q fes hélle e asim fique vmce serto
[13]
como minha vontade o cazar com vmce Ds gde a vmce por mtos annos como
[14]
Dezejo

[15]
thereza de JESUS

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