Resumo | A autora dá notícias dos factos ocorridos após a fuga do destinatário. |
Autor(es) |
Graça do Prado
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Destinatário(s) |
Francisco Soares de Sampaio
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De |
Índia, Goa |
Para |
Portugal, Lisboa |
Contexto | Francisco Soares de Sampaio casou a primeira vez em 1568, com 17 anos, em Zamora, com Beatriz de Pedrosa. Regressou na mesma altura a Coimbra por ordem do pai para terminar os estudos de direito, tendo ficado a viver em casa do seu tio, Manuel Soares, catedrático da Universidade de Coimbra. Não voltou a ver a mulher. Em 1581 encontrava-se em Goa como procurador, tendo casado nesse mesmo ano com Graça do Prado. Em 1589 foi mandado apresentar-se na Mesa do Santo Ofício de Goa para responder à acusação de bigamia. Fugiu e decidiu embarcar em segredo numa nau que o traria para Portugal, mas a Inquisição ameaçou os capitães das naus de excomunhão caso trouxessem Francisco Soares de Sampaio a bordo. Foi durante este período que Graça do Prado lhe escreveu esta carta e a enviou secretamente, usando um nome falso para identificar o destinatário. No mesmo processo, encontra-se um treslado em espanhol deste documento. Em 19 de Junho de 1591, Francisco Soares de Sampaio foi preso em Lisboa. Fugiu do cárcere em 1592, mas voltou a ser preso pouco tempo depois; por sentença da inquisição, foi ordenado que fizesse vida marital com a primeira mulher. |
Suporte
| duas folhas de papel dobradas, escritas nas cinco primeiras faces. |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística
| Processo 4027 |
Fólios
| 49r-52r |
Online Facsimile
| http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=2303998 |
Socio-Historical Keywords
| Raïssa Gillier |
Transcrição
| Teresa Rebelo da Silva |
Revisão principal
| Raïssa Gillier |
Contextualização
| Teresa Rebelo da Silva |
Modernização
| Raïssa Gillier |
Data da transcrição | 2015 |
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[2] | meus holhos todo lume deles me levastes cõVosco pos vos não Vi mais diamte de min nem
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[3] | meus olhos a terão ate vos não tornarem a ver todo meu bem q espero nas chagas
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[4] | de deos q vos livrara mto sedo pera vos ver agora quero vos dizer novas da tera
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[5] | todo mundo Vos louvo a vosa ida so fiziquo mor he diogo lopes de gois lhe pareceo m
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[6] | al queira deos minha alma que vos soseda bem pos tudo fazeys bem feyto porque
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[7] | dizem pola tera q veio grandisimos escumunhois pera porem a cada nao a cada
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[8] | piloto vos não leve mas tudo minha vida são medos do povo e descõsolasois pera mỹ
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[9] | de cudar meu curacão que vos poderão impidilo caminha mas não quera deos
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[10] | nem no primitira fazerme tãoto mal senão levar vos a vos a salvamento he trazer
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[11] | vos pera ho meu emparo lus de minha caza sabe meu bem a discõsolacão q me dexaste
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[12] | que tenho em cuidar q fostes tão descõsolado he tão sem pasiemcia he sem comer he sem
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[13] | beber he eu asi ho fis ate não saberes se eres partido tivi ho segredo ate sabado q estavas
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[14] | sempre na orta he eu cõvosco e toda caza aimda que não me pudia valer cõ jengente avea
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[15] | dos de fora a vosa busca fis ho que me mandastes em chamar nuno velho perera disilhi tu
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[16] | do como levavas so travesado seus negocios he por esperar por eles vos vierão estes trabalhos
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[17] | pregumto me ho q era dise Eu q não sabia mas bastava ser quem sois pera não esperar des
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[18] | afromta nem dezomras levamtadas pola vos do povo diseme q fazeis como quem sois que
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[19] | couzas d omras doi mto q ele emxergara a mesmo dia no voso rosto fes me grandes hofe
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[20] | ricimento na fazenda he na vida per vos meu bem faria tudo no dro do depozito disime
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[21] | que dise quoamdo quizese que tinha mto mais ao voso serviso ho mesmo dia que Vos foste
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[22] | meu bem me fes a mora de bibi hũa rapazia no quoartao q lhe emprestase mandey
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[23] | a tarde por ele não mo quis dar que vos queria emtregar na vosa mão ho do voso
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[24] | capado mandey lhe dizer q estavas na orta cõ grandes febres q mandavas pedir
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[25] | ho quoartao la pera irdes a são João houvir misa mando me dizer q não queria dar
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[26] | por sete ou oito vezes no mesmo dia ho mandey la não mo quis dar he por desimular
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[27] | dexe estar sabado se rompeo por toda sidade q eras ido perque mta jengente forão a or
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[28] | ta em busca de vos sesta fera he Eu no mesmo dia que vos fostes escrivi hũ cito a amrique nu
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[29] | nes em que lhe pedia se fose jengente la ter a orta q disese q estavas la cõ grandicimas
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[30] | febres la demtro he eu cõvosco e lhe dise mais que hou estavas em caza per vos não poder
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[31] | valer das partes por iso buscaria ese remedio nem propio amrique nunes lhe dey em
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[32] | temder
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