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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1589]. Carta de Graça do Prado para seu marido António Fernandes, pseudónimo de Francisco Soares de Sampaio.

ResumoA autora dá notícias dos factos ocorridos após a fuga do destinatário.
Autor(es) Graça do Prado
Destinatário(s) Francisco Soares de Sampaio            
De Índia, Goa
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Francisco Soares de Sampaio casou a primeira vez em 1568, com 17 anos, em Zamora, com Beatriz de Pedrosa. Regressou na mesma altura a Coimbra por ordem do pai para terminar os estudos de direito, tendo ficado a viver em casa do seu tio, Manuel Soares, catedrático da Universidade de Coimbra. Não voltou a ver a mulher. Em 1581 encontrava-se em Goa como procurador, tendo casado nesse mesmo ano com Graça do Prado. Em 1589 foi mandado apresentar-se na Mesa do Santo Ofício de Goa para responder à acusação de bigamia. Fugiu e decidiu embarcar em segredo numa nau que o traria para Portugal, mas a Inquisição ameaçou os capitães das naus de excomunhão caso trouxessem Francisco Soares de Sampaio a bordo. Foi durante este período que Graça do Prado lhe escreveu esta carta e a enviou secretamente, usando um nome falso para identificar o destinatário. No mesmo processo, encontra-se um treslado em espanhol deste documento.

Em 19 de Junho de 1591, Francisco Soares de Sampaio foi preso em Lisboa. Fugiu do cárcere em 1592, mas voltou a ser preso pouco tempo depois; por sentença da inquisição, foi ordenado que fizesse vida marital com a primeira mulher.

Suporte duas folhas de papel dobradas, escritas nas cinco primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 4027
Fólios 49r-52r
Online Facsimile http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=2303998
Socio-Historical Keywords Raïssa Gillier
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 50r > 50v

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meus holhos

todo lume deles me levastes cõVosco pos vos não Vi mais diamte de min nem

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meus olhos a terão ate vos não tornarem a ver todo meu bem q espero nas chagas
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de deos q vos livrara mto sedo pera vos ver agora quero vos dizer novas da tera
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todo mundo Vos louvo a vosa ida so fiziquo mor he diogo lopes de gois lhe pareceo m
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al queira deos minha alma que vos soseda bem pos tudo fazeys bem feyto porque
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dizem pola tera q veio grandisimos escumunhois pera porem a cada nao a cada
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piloto vos não leve mas tudo minha vida são medos do povo e descõsolasois pera mỹ
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de cudar meu curacão que vos poderão impidilo caminha mas não quera deos
[10]
nem no primitira fazerme tãoto mal senão levar vos a vos a salvamento he trazer
[11]
vos pera ho meu emparo lus de minha caza sabe meu bem a discõsolacão q me dexaste
[12]
que tenho em cuidar q fostes tão descõsolado he tão sem pasiemcia he sem comer he sem
[13]
beber he eu asi ho fis ate não saberes se eres partido tivi ho segredo ate sabado q estavas
[14]
sempre na orta he eu cõvosco e toda caza aimda que não me pudia valer jengente avea
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dos de fora a vosa busca fis ho que me mandastes em chamar nuno velho perera disilhi tu
[16]
do como levavas so travesado seus negocios he por esperar por eles vos vierão estes trabalhos
[17]
pregumto me ho q era dise Eu q não sabia mas bastava ser quem sois pera não esperar des
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afromta nem dezomras levamtadas pola vos do povo diseme q fazeis como quem sois que
[19]
couzas d omras doi mto q ele emxergara a mesmo dia no voso rosto fes me grandes hofe
[20]
ricimento na fazenda he na vida per vos meu bem faria tudo no dro do depozito disime
[21]
que dise quoamdo quizese que tinha mto mais ao voso serviso ho mesmo dia que Vos foste
[22]
meu bem me fes a mora de bibi hũa rapazia no quoartao q lhe emprestase mandey
[23]
a tarde por ele não mo quis dar que vos queria emtregar na vosa mão ho do voso
[24]
capado mandey lhe dizer q estavas na orta grandes febres q mandavas pedir
[25]
ho quoartao la pera irdes a são João houvir misa mando me dizer q não queria dar
[26]
por sete ou oito vezes no mesmo dia ho mandey la não mo quis dar he por desimular
[27]
dexe estar sabado se rompeo por toda sidade q eras ido perque mta jengente forão a or
[28]
ta em busca de vos sesta fera he Eu no mesmo dia que vos fostes escrivi cito a amrique nu
[29]
nes em que lhe pedia se fose jengente la ter a orta q disese q estavas la grandicimas
[30]
febres la demtro he eu cõvosco e lhe dise mais que hou estavas em caza per vos não poder
[31]
valer das partes por iso buscaria ese remedio nem propio amrique nunes lhe dey em
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temder

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