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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1749. Carta de Manuel Cardoso dos Querubins Meireles para a sua mulher, Joana Maria de Paiva.

ResumoO autor pede ajuda e compreensão à mulher pois encontra-se preso no sertão e quer reaver uma filha sua.
Autor(es) Manuel Cardoso dos Querubins Meireles
Destinatário(s) Joana Maria de Paiva            
De Brasil, Baía, cadeia
Para Portugal, Porto, São João da Foz
Contexto

Este processo diz respeito a Manuel Cardoso dos Querubins Meireles, lavrador de 33 anos de idade, natural de São João da Foz (Porto) e morador no Brasil, em Minas Novas (Baía), acusado de bigamia. Filho de Francisco Meireles (piloto da barra do Douro) e Leonor Pereira da Silva, o réu era ainda casado com Joana Maria de Paiva quando se casou novamente com Catarina Correia de Brito, que faleceu algum tempo depois. O réu fez vida marital por tempo de seis meses com a primeira mulher e depois ausentou-se para o Brasil deixando-a grávida para buscar sustento para a família. O filho de ambos morreu quando tinha um ano e meio. No Brasil, o réu disse ser livre e desimpedido e tornou a casar. Descobrindo-se que era casado em Portugal e que a sua mulher ainda estava viva, foi preso a 8 de julho de 1750 no caminho das Minas para a Baía por ordem do missionário apostólico frei Bento de Rovigo. O réu alegou que ia para a Baía para buscar recurso para a sua culpa, mas ficando à guarda de Bernardo Germano na cadeia , este deu conta do referido com todos os papéis inclusos no processo, dos quais consta a carta apresentada. Manuel Cardoso dos Querubins Meireles escreveu à sua primeira mulher da cadeia da Baía para que esta o ajudasse a ser enviado para Portugal e a cuidar da filha que teve com Catarina Correia de Brito, a qual tinha o mesmo nome que mãe. O réu foi condenado em auto-da-fé de 8 de novembro do mesmo ano a abjuração de leve suspeito na fé, açoitamento pelas ruas públicas da cidade, degredo por cinco anos para as galés, cárcere a arbítrio, instrução nos mistérios da fé necessários para salvação da sua alma e cumprimento das mais penas e penitências espirituais que lhe foram impostas com pagamento de custas.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 8891
Fólios 36r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2309021
Transcrição Leonor Tavares
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 36r > 36v

[1]
JEZUS M J

Minha Amada e querida spoza fasso estas duas regras pa mostras

[2]
do meu amor; e como seja a ocazião mais oportuna que pa essa
[3]
çide de lxa vay antes de liçença, e meu primo tão ingrato q
[4]
me não quis levar em sua companha e aquy me deixou nesta
[5]
captura itirnizado sem alivio algum mais ja estou inteira
[6]
do do q são parentes q mais afabillide acha hoje hua creatura
[7]
em hum homem estranho q em parentes; Ds lhe derá o paguo e
[8]
não digo mais neste capitullo mais q tão somte val quem tem
[9]
isto levando elle outro do mesmo cazo;

[10]

Amada e querida prenda dos meus olhos objecto dos meus sentidos alma vida e coração reçeby

[11]
hua vossa da qual fiz toda a estimação por ficar intimado,
[12]
logres boa saude Ds ta conceda a medida do teu dezo que não te
[13]
ra o meu coração mais q dezejar nem o meu affecto mais que
[14]
aplaudir; emqto ao mais sotaques q me dizeis, a opressão e o luguar
[15]
em que me acho me não luguar a resposta sim deicho
[16]
pa a vista se vós o quizeres q se não procurares como pte ofendida
[17]
hua percatoria do tribunal pa me mandarem buscar fica serta
[18]
q me não vès mais;

[19]

Emqto a procuração bastante não pode ser

[20]
porq vos disse que o que tinha de meu não sey o Termo q
[21]
levou porq me prenderão no sertão distante vinte sinco legoas
[22]
do meu domisillio e nesta pte me ficou hua filha a quem a
[23]
mo com todas as veras por nome Lionor Pra de Brito que o
[24]
unico empenho que tenho q a may me pareçe he fallisida
[25]
e como no vosso amor me pareçe, não de caber senão
[26]
o que no meu couber, he o motivo por que vos dou pte da
[27]
minha filha que em todo o tempo della a hey de mandar
[28]
buscar com que escrevy pa as minas alguns amigos pa ver se
[29]
me vinha algua couza e inda athe o fazer desta não veio

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