O autor pede à sua amada para não dar confiança a uma vizinha, dando-lhe instruções de como deve agir para evitar o contacto estreito.
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[2] | Snora
E minha querida May da ma alma e vida do meu coração e susten-
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[3] | to da mesma vida se vmce pello q divizey se apartou da Igreja sau-
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[4] | doza tãobem eu fiquey sentindo hua penna sem igual q se Ds me
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[5] | não ajudava não sey o q havia de ser de mim e asim pessolhe q
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[6] | se não esqueça de me ajudar em pedir a Ds me despaxe a peti-
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[7] | ção q lhe tenho feito q so asim poderão os nossos coraçoens ter
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[8] | algum refrigerio senão viviremos em hum terrivel purgatorio
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[9] | mas se for vontade de Ds facasse q eu o q sinto he vella padeçer
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[10] | e não a poder comsolar vella cheia e cercada de inimigos e não
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[11] | a poder livrar vella metida emtre gente falssa e imgrata
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[12] | e não a poder retirar de semilhantes companhias porq asim
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[13] | como eu vivo estou mto prezo e não posso fazer o q devo e dezejo
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[14] | O Ora snora como vmce me contou q a sua vezinha vay comversar
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[15] | com a sua madrinha ha de me dar licença pa lhe dizer o q emtendo
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[16] | he comveniente a sua pessoa e a minha tãobem e não se ha de aflijir
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[17] | porq se o quizer fazer fas o q nos comvem e se não quizer não
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[18] | importa terey paciençia ainda q eu padeça algua couza Ds
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[19] | me ajudara e o q eu padeçer sera pa pagar as ofenssas q a Ds
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[20] | tenho cometido e asim digo a vmce q ja Ds esta declarado em q lhe
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[21] | não comvem a amizade da sua vezinha nem lhe está bem fazerlhe
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[22] | os favores q lhe tem feito e a rezão he porq ella se esquesse logo
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[23] | do bem q lhe fas e não se aproveita dos auxillios q Ds lhe tem
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[24] | dado agora ja não tem desculpa porq ja a avizarão e lhe diçerão
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[25] | quem vmce hera e quando la dormio vio q vmce fes de noute q
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[26] | se lhe permitio isso pa seu dezemgano e ella o q fas vemos nos
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[27] | vay pa caza da outra e ella la ha de lhe tirar tudo da lingua porq
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[28] | a outra he mui sabida e ella he tolla e ha de fazella hir outra
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[29] | ves a emquizição e ha de aftrapalhala e ha de então perniar
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[30] | e vir ter com noses e eu não lhe hei de valer porq não lhe hei de
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[31] | dizer nada porq como he tolla não quero q me va emcravar
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[32] | ella vay la contar o q nos fallamos e o q fazemos e asim
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[33] | ha de a madrinha levantarme outro emredo e com a vezinhança
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[34] | veja vmce então se lhe pareçe bem fallar com ella ou ser
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[35] | villa e dar lhe hua couza e outra e ella então hir murmurar
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[36] | de nos vmce se a consentir em sua caza deitame a perder
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[37] | ou poemse no perigo de ella armar algua com q eu la não
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[38] | possa hir veja vmce o q quer se quer comservalla a ella
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[39] | ou a mim vmce o q ha de fazer de hoje em diante he não
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[40] | hir com ella a parte algua ainda q ella queira diga q eu
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[41] | q não quero porq asim não fas mal a nimguem nem a mim
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[42] | mo farão e q se for ma q o quer ser so e q não quer quem
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[43] | lhe vejie a sua vida e quando eu la for ha de me dar licen
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[44] | ça pa lhe dizer diante da snora sua May q se ella for a caza
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[45] | de sua madrinha não ha de vir a sua eu estimo q vmce lhe
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[46] | desse o Rozario pa ella lho ver e saber q o não tenho
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