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Maarten Janssen, 2014-
Resumen | Carta escrita pelo familiar Manuel Cardoso de Matos a informar sobre o procedimento do réu Salvador Morales |
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Autor(es) | Manuel Cardoso de Matos |
Destinatario(s) | Anónimo309 |
Desde | S.l. |
Para | S.l. |
Contexto | Esta carta do familiar do Santo Ofício, Manuel Cardoso de Matos, tem ao lado o que se pensa ser a resposta por parte dos inquisidores responsáveis por este processo. Salvador Mendes ou de Morales, cristão-novo, filho de António Mendes e de Brites Alves (falecida nos cárceres do Santo Ofício), sendeiro natural da Vila de Vinhais e morador na cidade de Bragança, foi preso em 23 de agosto de 1689. Era casado com Isabel Henriques e foi curtidor, tendo depois exercido a função de mercador e sapateiro. Neste processo estão envolvidos ao todo o réu e sua mulher, mais três irmãos, sete tios, dez primos, quatro cunhados e dois parentes mais afastados. Entre eles, Filipa Nunes, António Dias (tio do réu), Diogo Mendes (irmão de Salvador, sapateiro), Isabel Luís Mendes (cunhada, mulher de Diogo), Henrique de Lousada (outro tio), Maria Louzada, Luís do Vale (mercador), Francisca Dias (irmã de Salvador), Diogo Manuel (outro mercador, filho de Francisco Cardoso), Luís Cardoso (um parente, curtidor), Isabel Mendes (irmã e mulher de Francisco Lopes Medina, que era mercador), Catarina Cardosa (mulher de Salvador Mendes, tio de Salvador), os quais, para além de terem sido presos por culpas de judaísmo, serviram de testemunhas para o caso de Salvador Mendes. Todos eles afirmaram que em determinada ocasião estiveram com o dito réu e o ouviram dizer que acreditava e vivia na lei de Moisés e que sabiam que fazia jejuns em determinados dias. Todos os implicados também tinham as mesmas práticas. Em suma, praticamente toda a família de Salvador Mendes foi presa por ser judia. No interrogatório ao réu, às perguntas "...que bens de rais tem e de que estava de posse ao tempo de sua prizão de que qualidade e avaliasão se [..] ou se tem outro algum encargo que bens moves tinha direitos [...] contra algumas pessoas ou estas contra elle que dividas lhe devem que papeis letras conheçimentos tem em seu poder da mão alhea" respondeu que não tinha bens nenhuns, que tinha dado trezentos mil réis à sua filha Francisca Henriques, que se tinha casado há pouco tempo e que não devia nada a ninguém, que lhe deviam a ele, mas que não sabia ao certo. Quando Salvador Mendes decidiu confessar as suas culpas de judaísmo tinha 37 anos de idade e havia onze anos que não morava em Vinhais, pois tinha-se mudado para Castela (onde mudou o nome para Salvador de Morales), morando durante esse período na cidade de Toledo. Nesta altura, o dito réu habitava em Bragança. O réu confessou que tinha aprendido o judaísmo com sua mãe e que desde então o tinha praticado sem saber que o não devia fazer, mas que estava arrependido e pedia perdão, pois tinha sido "alumiado" pelo Espírito Santo. O réu foi tido como herege, pelo que teria incorrido em excomunhão maior. Assim sendo, todos os seus bens foram confiscados para o fisco e para a Câmara Real. Como se confessou e pediu perdão, a pena foi suavizada e, assim, dada uma nova sentença em que foi obrigado a abjurar publicamente os "heréticos erros" e a cumprir cárcere e hábito perpétuo. O réu teria também que ser instruído nas coisas da fé necessárias para a salvação da sua alma, tendo que cumprir todas as penas e penitências espirituais que lhe fossem impostas. Consta do processo que o réu foi enviado ao lugar do "Tromento" para cumprir a sua sentença. Contudo, em chegando ao lugar do tormento, o médico e o cirurgião presentes, depois de o examinarem, disseram que já sofria de tantos achaques, que não estava capaz, pelo que foi conduzido de volta ao seu cárcere. Dia 8 de maio de 1690, o réu recebeu o seu termo de soltura e segredo. |
Soporte | meia folha não dobrada, escrita apenas no rosto. |
Archivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fondo | Inquisição de Coimbra |
Referencia archivística | Processo 1892 |
Folios | [157 ] r |
Transcripción | Leonor Tavares |
Normalización | Catarina Carvalheiro |
Anotación POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Fecha de transcipción | 2009 |
[1690]. Carta de Manuel Cardoso de Matos, familiar do Santo Ofício, para um membro da Inquisição.
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