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1822. Carta anónima, atribuída a José António Maltezinho, salteador, escrita a Vicente António, deputado.

ResumoJosé António Maltezinho, sob nome falso e ameaças, pede ao deputado Vicente António dinheiro para libertar um companheiro da cadeia.
Autor(es) José António Maltezinho
Destinatário(s) Vicente António            
De Portugal, Lisboa, Cadeia do Limoeiro
Para S.l.
Contexto

A carta transcrita, da autoria intelectual de José António Maltezinho, foi redigida por outro preso, António Maria de Lemos, com assinatura e profissão falsas: João Espanha, capitão. O carcereiro da cadeia do Limoeiro entregou ao juiz do crime, Francisco de Paula de Aguiar Ottolini, uma carta que lhe foi dada pelo preso António Maria de Lemos, de alcunha «o Barradas». Na presença do ministro, confessou ser da sua autoria a carta destinada ao seu tio (CARDS0067). Após a comparação da letra com a de uma outra carta, destinada ao deputado Vicente António, o juiz interrogou António Maria de Lemos acerca da autoria da mesma, já que as letras eram semelhantes. António Maria de Lemos respondeu que José António Maltezinho lhe pediu que escrevesse uma carta dirigida a um António, morador na Calçada do Duque. O conteúdo dessa carta consistia num pedido de 33 moedas e em várias ameaças, caso o pedido não fosse satisfeito. A quantia devia ser entregue às grades da cadeia, a um preso de cujo nome já não se recordava, embora o tivesse escrito na dita carta. Acrescentou que não denunciou José António Maltezinho por ignorar a prática da cadeia, visto que estava preso havia dois dias e não sabia a quem se dirigir. Também temia os outros presos, receando que o agredissem por serem homens «facinorosos». O preso que devia receber o dinheiro junto às grades chamava-se Manuel da Cruz. Porém, este último negou estar envolvido em tal logro, afirmando que não sabia ler nem escrever. Manuel Cruz acabou por admitir que o preso José António Maltezinho lhe entregou um papel cortado que ele deveria levar junto às grades para receber o dinheiro de quem levasse a outra metade da senha em papel e gritasse pelo nome de António Roberto e assim aconteceu. Contudo, no momento em que recebeu o dinheiro, foi surpreendido pelos guardas. Quanto à carta, nada sabia dela, a não ser que era dirigida a um homem que morava na Calçada do Duque e que tinha estado envolvido no crime de Francisco António da Mota. José António, de alcunha o «Maltezinho», interrogado acerca do seu envolvimento no caso, confessou estar na origem do mesmo, mas sublinhou que as ameaças eram falsas pois pretendiam apenas amedrontar o destinatário e fazê-lo pagar. José António Maltezinho foi condenado a degredo para Angola por se ter provado que era salteador e capitão de uma quadrilha de ladrões. Manuel da Cruz estava já condenado, por outro crime, a 3 anos de degredo para as ilhas de Cabo Verde. Este processo contém, no seu fólio 7, as duas senhas apreendidas pela Intendência Geral da Polícia. Consistem em dois pedaços de papel que se ajustariam um ao outro no momento da entrega do dinheiro.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita em todas as faces, com sobrescrito no verso do segundo fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra M, Maço 44, Número 6, Caixa 89, Caderno [2], Ap1
Fólios 4r-5v
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Clara Pinto
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Frase s-3 Snr nós aCupalmo a VSa porque não pode ser por mennos
Frase s-4 agora demos a Saber a VSa que se haxa hum Companheiro Nosso prezo na Çalla fixada da Çidade que se xama Antonio Roberto
Frase s-5 queremos que A VSa me fassa o favor de 30 e tres moedas Emperestadas até a feira de Maio e nisto se lhe dara o seu Lucro pois para Livramento do nosso Companheiro
Frase s-6 e este dinheiro Sará Emtregue athe ao dia 11 sem falta alguma
Frase s-7 e adevirto que ha de Xamar por este dito prezo em Çegredo a grade e o dito Antonio Roberto lhe Emtreguará huma Cautella Igual a esta e Vmce lhe Emtreguara logo logo o dito dinheiro
Frase s-8 e adevirto que seja Emcartuxado
Frase s-9 e agora diguo que se Vmce brama Contra o prezo nós quá Estamos de fora para o dispicar
Frase s-10 nos CompaNeiro logo nos Escreve daquillo que he passado e se nós temos por notiçia que aperzentado nas Cortes e em algum Tribunal Rial Nós logo de tudo sabemos
Frase s-11 Snr nos Uzamos Como Homens de Bem
Frase s-12 VSa tem Sido muito Respeitado e mal o seu feitor Antonio da Roza
Frase s-13 agora não queira perder muito por Couza pouca Snr por nós sabemos de tudo Cuanto çe passe e sabemos os passos que VSa e mas da Sna saa Manna e de tudo Cuanto lhe manda
Frase s-14 mas nós não queremos Saber disto
Frase s-15 o que queremos que tão depreça Receba esta mandará Logo o que se lhe manda pedir e adevirto que se aqui ha falta os seos Guados o paguarão porq nós temos Muito em que nos Vingarmos
Frase s-16 pode contar que lha deitemos de Rastos que athé o proprio Laguar ha de ser feito Em cinza
Frase s-17 ha de ser Em tudo Cuanto peguar Lume por nós tambem tambem llá temos aMigos em Lisbo a seguir o seos Passos que A VSa
Frase s-18 e pode Descançar que Nunça mais ha de Viver descançado
Frase s-19 e pode Contar se faValler a este Infeliz Sará nosso Padrinho e Sará Respeitado e tudo Cuanto lhe pertençe
Frase s-20 Bem sabe as Desgraças que tem açeçodido em Lisboa
Frase s-21 o que fara em Campo que ahinda milhor se pode fazer
Frase s-23 a Ordem nós lha pedimos que as grades da mesma prizão q a salla fixada da Çidade
Frase s-24 Com isto Não emfado mais a VSa

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