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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | Rodrigo José dos Santos envia ao escrivão do corregedor de Leiria uma lista com nomes de testemunhas. |
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Autor(es) | Rodrigo José dos Santos |
Destinatário(s) | Diogo Jacinto de Almeida |
De | Portugal, Leiria, Soure |
Para | Portugal, Leiria |
Contexto | Este processo diz respeito a uma quadrilha de ladrões que atuava em vários locais do país (em feiras, mercados, estradas e propriedades), assaltando negociantes, comerciantes e casas particulares. A acusação era a de roubo, espancamento e assassinato de algumas das vítimas. Embora o processo envolvesse vários queixosos, o suplicante era Rodrigo José dos Santos, ourives, que se encontrava muito temeroso perante a possibilidade de um dos acusados, José Gomes Figadal, vir a ser libertado pelo Tribunal da Relação do Porto. As cartas incluídas no processo remetem para vários episódios que ilustram a extensão e a violência dos crimes cometidos por esta quadrilha. No caso de Rodrigo José dos Santos, sabemos que o seu filho, Manuel José dos Santos, se encontrava acamado e incapaz de se deslocar junto do escrivão António Ciriaca de Carvalho e do cirurgião Ismael Maria Freire de Andrade, que deveriam proceder aos autos de exame. O cirurgião, que tal como o escrivão teve de se deslocar à residência da vítima, pode confirmar que os ferimentos foram feitos com um instrumento cortante e perfurante. Uma outra testemunha, entretanto arrolada, confirmou o roubo feito ao filho do ourives, o qual, para além de ter sido roubado em ouro, foi brutalmente espancado, encontrando-se em risco de vida. Essa mesma testemunha acrescentou que o assalto fora de facto feito por José Gomes Figadal (um dos membros da dita quadrilha). Um outro caso é o de António Simões Machado, também ele agredido com bastante violência. No dia 18 de junho de 1823, no lugar de Murtede, o escrivão Jerónimo Ferreira Barjão e o cirurgião Joaquim José Gonçalves Morim dirigiram-se a casa de António Simões Machado (que se encontrava fisicamente debilitado) para proceder ao auto de exame do corpo de delito. Aí verificaram que este tinha várias feridas no rosto, nas mãos e pernas, nódoas negras nos olhos e marcas de unhas no pescoço. Conforme explicou o próprio António Simões Machado numa das cartas, estando a dormir com a janela aberta (com o objetivo de acordar cedo para partir para Coimbra), acordou, por volta da meia-noite, com 3 ou 4 indivíduos a apertarem-lhe o pescoço e a taparem-lhe a boca. Na luta subsequente, foi ferido por uma faca. De seguida, o queixoso referiu que os assaltantes ameaçaram as sobrinhas, que entretanto tinham chegado ao quarto. Uma delas terá conseguido fugir, enganando o ladrão, que, ao persegui-la, se deparou com o sobrinho de António Machado. Vendo-o, o ladrão fugiu pela janela, tendo os companheiros seguido o seu exemplo. António Simões referiu ainda estar convencido das intenções homicidas do grupo de salteadores, cujo número cifrou em 12 indivíduos. Um outro caso refere-se ao assalto feito à loja onde trabalhava José Caetano dos Reis, no lugar da Cordinhã. Aí terão roubado cinco couros de sola, trinta e nove vaquetas, cinco bezerros, vários retalhos de couro e uma égua aparelhada. De acordo com o parecer das testemunhas, o prejuízo rondava os 150 mil réis. Consta ainda do processo a menção a um inglês, Roger Bidgood Whitney, que foi assassinado pela mesma quadrilha, perto de Rio Maior, e cujo corpo também foi examinado. Mais tarde, e perante a possibilidade de os presos serem libertados, um grupo de pessoas, identificado como «o Povo», e sobretudo Rodrigo dos Santos, escreveram um requerimento ao rei pedindo que os criminosos fossem degredados pois estavam certos dos atos de retaliação de que seriam alvo. Este caso, como muitos outros, prova quão corretas estavam as referências feitas pelos viajantes, portugueses ou estrangeiros, à criminalidade que grassava pelo reino nas primeiras décadas de Oitocentos. A atividade desenvolvida por esta quadrilha é particularmente interessante pela amplitude da área geográfica abrangida, de Cantanhede a Rio Maior. |
Suporte | meia folha de papel dobrada escrita na primeira face, e com sobrescrito na última. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Casa da Suplicação |
Fundo | Feitos Findos, Processos-Crime |
Cota arquivística | Letra J, Maço 142, Número 2, Caixa 373, Caderno 1 |
Fólios | [14]r-[15]v |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Cristina Albino |
Contextualização | Leonor Tavares |
Modernização | Catarina Carvalheiro |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2007 |
Frase s-2 | |
Frase s-3 | idor |
Frase s-4 | no rão |
Frase s-5 |