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Maarten Janssen, 2014-

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1665. Carta de Miguel Henriques de Fonseca, advogado, para a irmã, Ana Maria da Piedade, religiosa professa.

ResumoMiguel escreve à sua irmã a justificar a ausência de notícias, de que ela se queixara em carta anterior.
Autor(es) Miguel Henriques de Fonseca
Destinatário(s) Ana Maria da Piedade            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Beja
Contexto

Processo relativo a Miguel Henriques de Fonseca, acusado em 1672 pela Inquisição por crimes de judaísmo, heresia e apostasia. O réu era advogado da Casa da Suplicação, em Lisboa, e da sua família foram também presos, pela mesma suspeita de judaísmo, o seu pai, tios e primos, todos acusados pela Inquisição de Évora. Foi acusado de ter ido a casa dos tios e, num jantar, ter querido anunciar a palavra de Moisés para sua salvação, e, por causa dela, não comia carne de porco ou de coelho. O réu, nos cárceres da Inquisição de Lisboa, foi sempre vigiado, tendo atestado os guardas que jejuava três dias, o que Miguel Henriques de Fonseca negou. Aliás, este réu começou sempre por negar culpas, afirmando em várias sessões de interrogatório que não via razão para estar encarcerado. A mãe era já falecida e deixou-lhe bens, matéria sobre a qual escreveu à irmã, Soror Ana Maria da Piedade (religiosa professa no Convento de Santa Clara de Beja) na carta CARDS3107. O réu possuía uma livraria que constava de 600 corpos. O seu processo é muito longo, devido às suas recusas de confissão. Acabando por fazê-lo, Miguel Henriques de Fonseca foi sentenciado com excomunhão maior e confiscação de todos os bens para o fisco da Câmara Real. No último fólio ‒ antes das contas do processo ‒ está escrito que o retrato se devia afixar no "lugar mais público e acomodado [...], onde estará até o tempo o gastar".

Suporte um quarto de folha de papel não dobrada escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 9485
Fólios [88]r
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Leonor Tavares
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Sandra Antunes
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2009

Frase s-2 Muitto me cativou o pordes vós tudo em primeiro Lugar na mão de Deos, e depois na minha;
Frase s-3 e não esperava eu menos de vosso bom juizo, porq do q vos quero bem podieis fiar o negocio, e Remetelo á minha vontade
Frase s-4 porq bem podeis ter ainda experiençia q sempre foi de vos agradar; e q se pode o tempo , e a occazião por difficultoza, e como tal menos açertada violentar o dezejo contudo não pode acabar o amor mormte sendo fundado em tão estreito e vinculo tão apertado de sange
Frase s-6 assim q se o amor he o mais; e este não pode faltar não tendes Rezão alguma de queixa, nem de moLestia
Frase s-7 e mais quando sabeis que não em mi falta de gosto; mas impossibilidade por Rezão das mtas q sabeis,
Frase s-8 e as couzas q se fazem sem consideração ao depois de feitas choramse sem Remedio;
Frase s-9 e não imagineis, que estais fora de minha Lembrança nem q me acovarda o possuhir pouco pera por essa Rezão deixar de satisfazer áquele negocio porq vos affirmo passa tudo pello contrario,
Frase s-10 porq bem deveis vós entender os encargos delle e o q eu sentiria quando tivesse effeito vervos sem os beis q vos havia de dezejar forsosamte
Frase s-11 assim q vós estais em mto bom estado; e eu a menos como sempre e mais ainda;
Frase s-12 e como em mi vive o amor tão firme, não pode faltar o cuidado de vos hir ver tanto, q tiver ocasião, (q pode ser seja cedo) e de vos acudir, e amparar do milhor modo q o tempo, grande mestre d tudo, der Lugar;
Frase s-13 porq em breve se experimẽtão nele graves mudanças, e o q hoje impossivel amenham difficultozo e noutro dia mto facil;
Frase s-14 e com isto viveis com alegria, e vos não de cuidado couza alguma, sequer por não molesendes a quem vos quer e dezeja tanto

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