Frase s-2
| em 8 deste resebi a de VM de 18 de outubro, que
mto estimei, asim por saber da boa saude de
VM, como pelas esperansas que me dá em me dizer
que mto sedo me mandara dizer couza de que eu
leve mto gosto, por ser de mta onrra, e pro veito de VM, |
Frase s-3
| e asim me parese
mto tempo daqui a q venha o outro correo, pelo
dezejo com que fico de saber tem VM couza que o meresa, que afirmo a
VM sera de mĩ estima da igoalmente
como se fora pa mĩ, porque não tenho em menos as couzas de
VM, e o que lhe dezejo que posto que ate gora o
não tenho mostrado por obras só ds he testemunha
desta verdade. |
Frase s-4
| o correo pasado escrevi a VM, como ficava de caminho
pa paris, onde fui, |
Frase s-5
| e ha outo dias que vim, |
Frase s-6
| e em
paris fui
mto bem resebida e me agazalhei em caza de
monsior de marilhar, onde resebi
mtas onrras e ms
de sua molher, |
Frase s-7
| e depois de descamsar dous dias, fui com ela falar a rainha
da qual fui resebida com mtas onrras e
ms, |
Frase s-8
| e porque ela ja agora não governa
que governa o rei a tres meses, lhe fui tambem falar |
Frase s-9
| e em todos açhei
mtas mostras, e dezejos de me fazerem mtas
m, |
Frase s-10
| e tratouse
largamte do soseso pa
que fui çhamada, do qual avi zarei a VM tamto que se puzer em ordem fazerse que a
detemsa que agora ha, he os mtos negosios de
paris como he custume aver quamdo os reis compesão a
governar |
Frase s-11
| mas espero em noso snor
de mto sedo me ver vimgada de todos os
purtuguezes desta terra pa que emtão se saiba bem
claramte quem sou eu e quem eles são que eles
falão de boca e eu faso por obras. |
Frase s-12
| há rainha manefestei as obriguasois
que tenho a VM e as que ela tinha de me fazer
ms pois por servila me tinha
posto em mto risco, e que não queria ao prezente
outras, mais que esta que pedia pa VM, |
Frase s-13
| ela me respondeo q estimara
mto querer VM couza em seu reino que eu
vi ra o que ela fazia, mas que ela
escreveria de maneira que obrigase a sua santidade a lhe fazer o que eu
pedia |
Frase s-14
| e me tomou com a sua mão a memoria de VM que eu levava feita em franses. |
Frase s-15
| monsior de marilhar me dise que a rainha escreveria
mto bem e que sem falta iria neste correo |
Frase s-16
| delhe ds o soseso que eu dezejo |
Frase s-17
| tambem vizitei
aquela snora e estive em sua caza
hum dia todo inteiro |
Frase s-18
| e seu marido esta inda mto
doemte de gota que se não pode erguer duma cama, |
Frase s-19
| e por ese respeito, e
pelas guerras que inda não estão de todo quietas sobr esta sua ida ate a
primavera em bora delhe ds sa ude
pa que se efeitue esta ida que
tamto dezejo. |
Frase s-20
| os purtuguezes falão, e eu
como digo faso de obras e mto sedo se vera
ds querendo, |
Frase s-21
| digo isto pelo que VM me dis na sua que lhe dise hum moso pardo que
fora desta terra averia hum mes, |
Frase s-22
| iso são ditos de purtuguezes que pela boa
vom tade que me tem buscão que falar, ao que respondo que
monsior de marilhar he cazado, com hũa bela
snra italiana sobrinha da rainha e
dahi se çha ma seu sobrinho. |
Frase s-23
| estimara eu
mto mereser ser sua criada pelo que comforme
a isto pode VM emtemder quamta verdade lhe falarão. |
Frase s-24
|
dis me VM que mto sedo espera
de me mandar dro de graviel
ribeiro, |
Frase s-25
| pelo amor de ds peso a VM fasa niso como lhe mereso, e como quem o fas
a hũa orfã, só e des emparada, em terras alheas, |
Frase s-26
| e prometa VM a ese homẽ e dé tudo o que bem lhe pareser
que o que VM fizer averei por bem feito, |
Frase s-27
| e lembro a
VM que há mister ter
mto semtido em graviel ribeiro porque o dia que tiver dro não a de
amanheser em lisboa, e se a de ir pa o geto de
veneza onde esta seu filho, |
Frase s-28
| e não lhe paresa a VM que são isto palavras porque abaixo lhe direi couzas por onde me crea. |
Frase s-29
| tambem se
VM tiver ordem com jolião de gois, e lhe
porme terem dro ele he amigo de
o aver, e como quem sabe dese ofisio com mto mais
deligemsia fara arecadar |
Frase s-30
| e pa isto não ha mister
mais que algum amigo que lhe fale, |
Frase s-31
| e sei serto que a VM lhe não faltarão pa nhũa cou- za. |
Frase s-32
| quamto as pedras bazares, pelo navio que daqui partio
escre vi a VM, que não se açhamdo grandes como lhas pedia me
mandase quatro onsas das pequenas, |
Frase s-33
| por serto tenho averme feito
m niso, e no mais, que lhe pedi |
Frase s-34
| e que
tudo me venha bem sedo com o favor de ds, no
mesmo navio, |
Frase s-35
| estimo mto a lembransa que VM teve das marmeladas porque tambem me falou
nelas a molher de monsior de marilhar, |
Frase s-36
| e eu lhe dise que as
esperava e asim partirei com ela das que VM me fizer m mandar |
Frase s-37
| não tenho por couza nova o
que VM me aviza de luis vas, ser
fogido, desa terra, que seu cunhado daria ordem a iso
pa que se tornase a vir fazer como ele, |
Frase s-38
| e
tambem pode ser que lhe não faltase o favor de graviel
ribeiro, e eitor mendes, porque custumados são a darem
seme lhante favor, e ajuda, |
Frase s-39
| eu ate gora dele não soube outras
novas mais que as que VM me mandou, |
Frase s-40
| permi ta
ds por sua mezericordia que onde quer que
esteja lhe abra os olhos d alma, e lhe de grasa e
emtemdimto com que não torne a perseverar
nos pecados em que hũa ves ja cahio, |
Frase s-41
| pois por estas partes não ha outra
couza senão uzarem desas maldades, |
Frase s-42
| e ainda se não comtemtão com iso e com as
fazerem em framsa e frandes
escomdidamte, senão que como qua tem
mto
dro ganhado o vam lograr a sua vomtade demtro
no gueto de veneza, como agora o fizerão as pesoas que
abai xo nomearei. |
Frase s-43
|
VM sabera que este mes pasado, veio de
olamda a esta terra por ser caminho direito, hum
irmão de antonio sam çhes, que se çhama lopo
sançhes, que he hum que se em barasou nesa terra com hũa
fidalgua, o qual cazou avera hum ano em olamda com hũa
purtugueza |
Frase s-44
| e não se comtemtou com viver la como vevia se não que com sua
molher e hũa cunhada solteira veio por aqui e se foi a meter no geto de
veneza a ser judeo descuberto, e andar com fato
comprido e bonet amarelo, |
Frase s-45
| e nesa terra andava a cavalo e com dous criados
e paresialhe que hera melhor que todos. |
Frase s-46
|
Andre faleiro, que VM la conheseria mto
bem que he cu nhado de luis roiz de paiva, e cazado com hũa irmã de
duarte gomes, se foi de frandes com dous
cunhados seus e suas molheres e filhos a meter tambem no gueto de
veneza |
Frase s-47
| e andão ja pubricamte com bonetes amarelos |
Frase s-48
|
Antonio faleiro irmão do dito andre faleiro, e genrro
de felipe denis que mora nesa terra, se foi tambem
pa veneza, |
Frase s-49
| e inda não esta metido no gueto porque espera
que desa terra venha seu sogro felipe denis, com seus dous gemros,
filhas e filho, pa todos se meterem juntos, |
Frase s-50
| e
se vem á mão este felipe denis e seus gemrros farão petisão a el rei e pedirão lisemsa pa se virem |
Frase s-51
| e dirão que vem
a frandes a cazar algum paremte o porão outro sogeito |
Frase s-52
| e
eles vem pa o que asima digo. |
Frase s-53
| fora hũa obra de
mta mezericordia que nesa terra se lhe
estro vara esta vimda
pa que não viesem a perder suas almas. |
Frase s-54
| seja
ds louvado que lhe da fazemda e bẽis
pa uzarem tamtas maldades comtra sua fee. |
Frase s-55
| afirmo a VM que me fazem estas couzas ficar pasmada de
ver a pouqua vergonha com que qua se fazem estes, |
Frase s-56
| e VM emtemda como lhe digo que graviel
ribeiro como tiver dro a de fazer o
mesmo e que por iso he nesesario terse mto
temto nele e fazelo prender pela semtemsa q esta
em poder de frco
d estrada escrivão dos corregedores do
sivel. |
Frase s-57
|
mto estimei as boas novas que VM me da desa terra |
Frase s-58
| queira noso
snor que sempre VM de bem em melhor. |
Frase s-59
| as que poso dar a VM desta terra, sam bem deferentes porque tudo
val a pezo d ouro, |
Frase s-60
| e agora perese a gemte porque este rei abaixa toda
a moeda, e não ha aver comprar nada porque não esta inda averiguado a como
an de valer, e emquamto se ordena nimguem quer tomar dro |
Frase s-61
| e he lastima ver o que vai |
Frase s-62
| a tudo ds acuda como pode e guarde a VM e lhe de mto boas
festas melhoradas com boas emtradas de anos e tudo seja como lhe dezejo. |
Frase s-63
| depois de ter esta escrito, me mandou çhamar hum prezidem te amigo meu desta terra, e me pedio mto escrevese a VM que por serviso de ds, e de sua fee, quizese VM dar ordem com que na emquesisão se lhe dese
hũa sertidão por que cõstase as culpas por que se prendem nesa terra as
pesoas por judias, |
Frase s-64
| e isto por rezão que os portuguezes desta vila dizem,
que o guardarem eles qua os sabados e jejuarem as segundas fras e comerem pães asmos e outras
velhacarias que fazem, o fazem por ser custume de lisboa, |
Frase s-65
| e com
isto se defendem, e tapão as bocas a todos, |
Frase s-66
| e pa
que o rei em temda que he tudo mentira, e que eles o não fazem se não por serem judeos, pa iso estimara
mto vir esta ser tidão, porque
com ela os castigarão a todos, como meresem porque a gemte desta terra, não
quer comsemtir que aja judeos nela, |
Frase s-67
| e se comsemtem a estes he como digo
por dizerem se governão ao modo da sua terra, |
Frase s-68
| que como sou berem pela sertidão que peso, ser mentira, os castigarão de maneira com que
outros não tenham atrevimto de fogirem de lisboa
pa se virem qua. |
Frase s-69
| tambem nesta terra esta
hum homẽ que VM sera lem brado fogio da emquesição,
hũa bespora de sam joão por hum buraco que fes, o qual se çhama qua
miguel de oliveira, |
Frase s-70
| e comtamdo eu este cazo a este
snor prezi demte
me dise, que se da emquesisão mandasem hum precatorio que ele o prenderia logo,
e o manda ria em hum navio prezo a esa sidade, |
Frase s-71
| VM por serviso de
ds e de sua fee mostre estes dous capitolos ao
snor prior e o snor
simão lopes, e paresendolhe bem isto que peso, mo mandem porque
logo o farei embarcar |
Frase s-72
| e se ele, se çhamava la outro nome que não seja
miguel de oliveira, dira no precatorio que he hum homẽ que em
lisboa se çhamava fulano, e que agora tem por emformasão se çhama qua
miguel d oliveira |
Frase s-73
| e çhamandose la
este mesmo nome, bem pode vir direito, e por forsa a ha de estar o seu nome na emque- sisão de
quamdo o prenderão. |
Frase s-74
| e vindo este precato- rio dira |
Frase s-75
| ao snor
pro prizidemte e mais
snores prizi- demtes, e as mais justisas da corrte de ruão, |
Frase s-76
| e asim o precatorio como a sertidão que peso vira justificada por joão
vel e luis godim e não por nhũm purtu- gues |
Frase s-77
| e
fasa VM isto como quem he pois he em ser viso de
noso snor que se me ele der vida eu
farei q nhum judeu aja em fransa. |