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Maarten Janssen, 2014-

CARDS5194

1823. Carta de Julião Nunes da Silva, negociante, para António Chuço, pseudónimo de [José Rodrigues Loureiro].

ResumoO autor apresenta algumas justificações em resposta a intimidações de que foi alvo.
Autor(es) Julião Nunes da Silva
Destinatário(s) José Rodrigues Loureiro            
De Portugal, Viseu, Tondela
Para Portugal, Lisboa, Rua da Adiça, nº 31
Contexto

Os réus deste processo foram José Rodrigues Loureiro, preso no Limoeiro, Isidora Margarida e João Francisco de Castro. Foram acusados de «furtos industriosos por meio de carta», i.e. extorsão. O preso escreve a várias pessoas intimando-as, sob ameaça de morte, a enviar-lhe dinheiro em papel-moeda por carta para casa de Isidora Margarida. O processo contém as cartas de extorsão e respectiva resposta pelos ameaçados, José de Sousa Guerra, negociante na Póvoa do Varzim, o vigário geral do Sameiro de Santa Olaia, em Tondela, o prior de Cedofeita, no Porto, João Correia da Costa Godinho, de Santa Comba-Dão, e um negociante de Tondela, Julião Nunes da Silva, que chega a enviar 50.000{#//note[@subcat="context"]}0 réis. É por meio das cartas ao prior de Cedofeita que a quadrilha é apanhada pela polícia: tendo sido a polícia previamente notificada, uma das cartas de resposta é enviada sob a forma de encomenda, tendo como tal que ser recebida por pessoa identificada. O carteiro vai a casa de Isidora com um oficial que ordena, no momento em que a carta é recebida, a sua prisão e que a casa seja revistada. Por meio de repetidos autos de perguntas e outras averiguações, chega-se então à conclusão de que as cartas são da autoria de José Rodrigues Loureiro Laborda ou Taborda, preso do Limoeiro, entretanto enviado para o segredo desse estabelecimento, que várias vezes se identifica como «Chuço». Dada a dificuldade de obter dos arguidos uma confissão e a consequente morosidade do processo, é usada parte da quantia enviada pelo comerciante de Santa Comba Dão para as custas judiciais, sendo-lhe o resto devolvido. A CARDS5189 foi copiada por escrivão.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 297, Número 22, Caixa 761, Caderno [1]
Fólios [34]r-v
Transcrição José Pedro Ferreira
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização José Pedro Ferreira
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

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Sr José Rodrigues Laborda na rua d adeza No 31 em casa da Sra Victoria Lisboa Sr Anto Chuço

Eu recebí huma carta sua datada em tres de septembro passado, na qual Vmce me pede, lhe remetta sincoenta mil reis em papel, e agóra recebo outra, em q Vmce me ar-gue da falta de resposta, e pede, lhe mande trinta moedas em papel: porém vou a dizer a Vmce q qdo recebí a primeira, apesar de ter pagamentos a fazer na feira de Vizeu, e querer remir algumas vexações, em q me nessa occasião, sempre lhe remetteria, qdo não fosse toda a conta, ao menos pe della; porém des-confiei, não fosse a sua carta de hum meu Parente, q se acha á muitos tempos nessa Cide, e he meu inimigo declarado, e lembreime, q era gamboina delle pa me vexar, e mto mais desconfi-ei, pr se me assemelhar a letra com a delle: es-te foi o motivo, pr q não respondí logo, agóra vejo a segunda carta, em q Vmce pede trin-ta moedas, e sou a dizer a Vmce q, supposto te-nho bens de raiz, não tenho dinheiros, nem tem vindo emporte de alguns vinhos, q remettí pa a America, e apenas hum pequena porção, q tempos me veio, logo paguei no Porto huma huma divida q ahi tinha e pr cujo crédor estava ameaçado com execução: eu vivo a credito, e pa pagamto de outras dividas, deixa-rei executar alguns bens pelos meus crédores, como he hum q agóra me obriga pr cento e tantas moedas, o q me tem affligido bem; no entanto eu pa o segte correio, remetterei a Vmce dez moedas, e irei continuando com as remessas, q poder, e pa esta primeira remessa hei de fazer toda a diligencia, ainda q cuide de empenhar toda a ma casa, e tambem não he bom ir junto pr algum descaminho, q pode ha-ver, e mmo pelo volume, e sempre queria, q Vmce me fizesse certo, q a letra era sua pa me ti-rar de dúvidas, o q podia, fazer pr algum seu amigo, q me conheça, e q me certifique da sua, no q tambem quero todo o segredo; no entanto não enfado mais a Vmce, a qm desejo saude perfeita, e felicidades etc

Tondella 21 de 8bo de 1823 De Vmce attento, e Cro Jollião Nunes da Sa

Legenda:

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