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Maarten Janssen, 2014-

CARDS0307

[1825]. Carta anónima dirigida a Isidoro de Encarnação Queirós, desembargador.

ResumoCarta anónima a retificar o nome do ladrão na denúncia feita anteriormente.
Autor(es) Anónimo58
Destinatário(s) Isidoro da Encarnação Queirós            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Lisboa
Contexto

O desembargador Isidoro da Encarnação Queirós, morador na Rua dos Cegos, n.º 7, foi roubado na quantia de 150 moedas. Um criado do desembargador, Tomás José, natural das Astúrias, de estatura ordinária, magro, bastante picado de bexigas, cego do olho direito, de jaqueta de pano azul claro, calças de ganga, chapéu redondo, coberto de oleado, foi quem, pelas 10 horas da noite de 6 de abril de 1825, permitiu a entrada dos companheiros na casa do desembargador. No decurso do roubo, o desembargador foi ferido, bem como uma das criadas. Posteriormente, o criado fugiu com os outros companheiros. Consta do processo que estando Isidoro da Encarnação Queirós a cear, juntamente com a sua afilhada Maria de Jesus, menor de 15 anos, e Teresa Joaquina, viúva e sua criada, foram todos surpreendidos por três homens (possivelmente espanhóis ou galegos): um descalço, dois com um punhal, e um com uma faca de ponta. Um deles atirou-se ao desembargador, tapando-lhe a boca, outro atou as mãos da afilhada, e o terceiro segurou a criada. De imediato, o homem que tapou a boca a Isidoro da Encarnação Queirós ameaçou-o, ordenando-lhe que lhe desse todo o dinheiro, caso contrário, matá-lo-ia com o punhal. Dirigiram-se para o quarto e o desembargador entregou as 150 moedas que guardava num caixote da Índia. O ladrão escondeu as moedas numa camisa de linho de dormir e roubou ainda um relógio de caixa de prata que viu na cabeceira da cama. Os assaltantes repartiram o dinheiro e rasgaram em tiras a camisa de linho para as usarem como mordaças para amarrar as vítimas. Apagaram as luzes, deixando-os às escuras, e desceram pela escada levando uma candeia. Nesse instante, a criada conseguiu soltar as amarras e correu à janela a gritar muito. Os soldados acudiram, mas já era tarde pois os ladrões já se tinham retirado e, com eles, o criado do queixoso, que também roubou um par de botas. Isidoro da Encarnação Queirós disse saber que o seu criado se costumava encontrar com João Bicho, de alcunha «o Bolacheiro», e Miguel António de Lagos ao pé da Igreja de Santo André, e, como esses dois tinham regressado às suas terras com grandes quantias de dinheiro, pensou serem eles dois dos ladrões que o tinham assaltado. A criada, por seu lado, reconheceu um dos assaltantes, João Lopes, preso na Cadeia da Cidade. Uma das testemunhas, Luís Manuel de Sousa, revelou que Miguel António de Lagos perdera dinheiro ao jogo em benefício do padeiro António Barral, sendo que tanto este como a sua mulher sabiam a proveniência do dinheiro e nada fizeram. Cerca de dois meses depois do roubo, João Bicho e Miguel Lagos foram presos.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira face e com o sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 134, Número 11, Caixa 355, Caderno 1
Fólios 226r-227v
Socio-Historical Keywords Luísa Jacquinet
Transcrição Ana Rita Guilherme
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Ana Rita Guilherme
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2007

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AO Illmo Sr Dr Izidoro da Encarnação Queiroz Travessa de Sta Justa Lisboa Lisboa

Na carta que se lhe escreveo que dezia q era o sue Criado foi emgano he hum q ajudou a robalo q é galego que esta na dita taverna q fas esquina defronte do Illmo Gama Lobo como lhe digo na outra minha, o do Ladro ali he caxeiro emfim como valente e q foi para o agarar e robarem emfim logo o ve na dita taberna Chamase João Gonçalves


Legenda:

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