PSCR0054
1594. Carta de Catarina Nunes para Manuel do Quintal, boticário.
Autor(es)
Catarina Nunes
Destinatário(s)
Manuel do Quintal
Resumo
A autora recomenda um conhecido a um seu velho amigo. Também lhe pergunta se sabe do paradeiro dos bens do seu defunto marido.
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Ao snor mel do quintal
botiquairo na calsada
Em cuinbra
d evora
meu snor he amiguo
não tinha eu razão de dar copia de mim a vm pois se tem
pasado tanto tempo sem vm me dar hos perabems de meu nao
farge e desatrado suceso pois perdim nele aquele grande
amiguo seu Lourenco Roizs e juntamente cõ el luis nunes
yrmão no amor de vm que pelegando pela verdade redera
m as armas e se puzeram nos brascos da morte e pondo os
olhos o alto deos os tirarm de mim he de suas yrmãos e mai cõ
fiados e a grande miziricordia de deos se partiram desta vida
descõtente por irem gozar da eterna belmaviuturanca
a qual quera deos dar lhe pois pa el foram criados
eu ficei tam cansada desta luta que oge não te
nho forsa mais eu pera chorar he derreter o coracão
pelos olhos sentindo minha grande perda não se cõte
ntou a fortuna cõ me levar a nora he fazenda e cr
edito mas precurou de me despogar de todo e me deixhou
em cõpanhia de meus trabalhos os quas me obrigava
pedir a vm ma fasa em me mandar dizer se sabe onde
ficou o fato do meu mallogrado e ver se pode vir
a minha mão que me dizem que ficou em caza de
pero mendes peso a vm pelo amor deos e pela grande
yrmandade que antre nos ouve faca por arrecadar
esse fato e livros e assim ma fasa em me escrever
muitas novas suas pois sabe cõ quanto gosto sera re
sibidas de mim carta sua nela me mande licença pa
as eu mandar de mim a vm porque as que mandou
snor gaspar d oliveira de vm a esta tera foram tam
festegadas de mos como se visem esa pessoa serto eu folge
ser ele snor tam bem afurtunado que fose ter
a caza de vm o que lhe sei dizer que he hũ home
onrado segundo nos dizia fco de vitoria e por ser seu
amiguo lhe peso lhe fasa muitos mimos per estar na te
ra alhea quando vm me escrever seja por sua via
porque a snora sua espoza vive nesta rua t do
paso onde eu vivo moredo pois se me corvertem o p
azer em pranto he o setim emcranado em do o qual
não tem nẽgẽ de mim e as toalhas de seda em canha
maso por aqui tira qual poso estar vendo dian
te de mim hũa filha sem pai he minha mai yrmãos
tam tristes e descõsoladas as quas mandam muitos
recados a vm pedidolhe lhe mande muitas novas
suas as nosas sam ficar esperando ovir las boas
de vm e porque fico cõfiada que em tudo me
fara mercer não diguo mais nosso snor dem
a vm tudo o que pode ámen fei oge vintet
dia de samto ander
desta amigua e servidora de vm
Caterina nunes
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