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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1465

[1658]. Carta não autógrafa de [Maria Gonçalves de Almeida], para [o marido, Francisco de Paz, mercador].

ResumoA autora reporta diversos factos ocorridos relativamente à prisão de familiares e conhecidos, assim como às inquirições feitas.
Autor(es) [Maria Gonçalves de Almeida]
Destinatário(s) [Francisco de Paz]            
De Portugal, Coimbra, cárcere inquisitorial
Para Portugal, Coimbra, cárcere inquisitorial
Contexto

Antónia Gonçalves, cristaleira e parteira nos cárceres da Inquisição de Coimbra, foi acusada de ter sido medianeira de uma série de recados achados em seu poder. Segundo relato dos guardas, "a dita Cristaleira ficara mui sobressaltada quando lhe foram achadas as ditas meias e papéis, amofinando-se grandemente por isso." O conjunto de cartas e bilhetes apensos ao seu processo foram trocados entre dois cárceres, envolvendo dois canais de comunicação. Semelhante achado ficou a dever-se ao alerta dado por um preso, João Pires. À vista do alcaide dos cárceres, este preso fingiu estar a dar-lhe um cântaro de água suja, mas na verdade estava a entregar-lhe "um papel dobrado, acenando-lhe com os olhos, como quem nele lhe fazia algum aviso." Pouco depois, Antónia Gonçalves preparava-se para lançar uma mezinha a Francisco de Paz, companheiro de cela daquele preso, sendo então surpreendida pelos guardas, que acharam nas algibeiras da sua saia uns papéis dobrados e atados com uma linha, incluindo uns bilhetes feitos com aproveitamento de suporte de papel, proveniente de púcaros com amendoada, trazidos da botica.

Entre os envolvidos naquelas comunicações ilegais, contavam-se Filipa Nunes de Tovar, presa em companhia de Maria Gonçalves de Almeida, o marido desta, Francisco de Paz, e ainda Policarpo de Oliveira, futuro genro de Filipa Nunes de Tovar, preso no mesmo cárcere que Francisco de Paz. Filipa e Policarpo trocaram mensagens entre si com recurso à cristaleira, e intervieram como leitores e escreventes a pedido de Francisco de Paz (por estar sangrado) e de Maria Gonçalves de Almeida.

Suporte uma folha de papel escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 8966
Fólios 10r e v
Online Facsimile http://www....
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Ana leitão
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

de não ver letar vosa estou com muito cudado q me parese q he por estardes ainda mto doente pois q noso sinhor por esta via e a minha argensia a vosa filha eizabel estam en casere perto de min e nos vinhamos com conserto de não dar hua na outra e vendo o que qua ha e podelhe dizer q dese en min q eu avia de dar nela e ela me bateu tres panquadas na parede por dentro donde entendi ter falado en nos todos tres o sinhor enquizidor me dise q algus amigos do meu marido me servira a escada mandaime dizer se entendeis quen nos faria ca vir diogo vas artas o prenderão indo fugindo pa riba do douro co a sua gente vosa cunha se foi dous dias antes q eu partise pa qua não sei se lhe aconteseria o mesmo primitira deos q não mas eu se me vir en aperto ei de dar neles e en lianor rodriges o sinhor enquizidor me perguntou pelo nome do mulher do sarão e dizendolho eu ele me disesem por onde eu entendo estara ela qua e suas irmas o doutor se foi e a mais seu irmão por via daquele omen q me vinha a rroi busquar permita deos os não tomasen no caminho o snor nos tire daqui en pas coarta feira nos derao huã conpanheira q vei de tras osmontes e com ela vierão treze pesoas com ela veio gente de bragansa


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