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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor denuncia a bigamia de Inácio de Medeiros. |
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Autor(es) | António Osório da Fonseca |
Destinatário(s) | Manuel de Mira Borralho |
De | Portugal, Setúbal, Alcácer do Sal, São Romão |
Para | |
Contexto | Este processo diz respeito a Inácio de Medeiros, natural da cidade de Beja e morador na vila de Ferreira, barbeiro, filho de Tomás Camacho e de Maria Luís. O réu era acusado de bigamia. Estando ainda viva a sua primeira mulher, Ana dos Reis, casou-se com Brites Nunes, na Ribeira do Sado, freguesia de São Romão. A dita primeira mulher, que prestava assistência em casa do seu amo, Jerónimo Pimenta, soldado reformado, na rua da Amendoeira, em Lisboa, mudou então o seu nome para Maria Soares. Uma vez que não constavam dos livros dos casados nenhum dos dois casamentos do réu, foram inquiridas várias testemunhas que, na sua grande maioria, confirmavam que o réu tinha vivido maritalmente com Ana dos Reis, agora conhecida como Maria Soares, e outras que confirmavam o segundo casamento com Brites Nunes. Em interrogatório a 7 de novembro de 1681, em Lisboa, Ana dos Reis disse que mudou o seu nome para Maria Soares quando foi para Lisboa, porque tinha medo que o marido a encontrasse e a matasse. Quanto à sua relação com o Hospital de Todos os Santos, disse que nunca lá tinha estado doente e que só lá tinha ido uma manhã para acompanhar Maria da Nóbrega, sua amiga: por esta estar doente e ser muito pobre, Ana dos Reis apadrinhou-a, juntamente com Dona Ana, filha do médico do dito hospital, Hipólito Gido. Disse ainda que soube que o marido se tinha casado uma segunda vez, por ter sido disso informada pelo seu genro, Manuel de Andrade (casado com Isabel Dias, sua filha), havia na altura cerca de quatro anos. Também sob interrogatório, o réu Inácio de Medeiros confirmou o primeiro casamento, mas disse que depois da sua mulher se ter ausentado chegaram-lhe notícias de que esta tinha morrido, tendo até comprovado o mesmo com uma certidão do seu falecimento no hospital, passada por Matias Correia e Domingos de Mesquita Teixeira. A partir desse momento, tinha-se considerado viúvo e voltou a casar com Brites Nunes, com a qual fez vida marital. Segundo ele, foi depois preso por denúncia do seu sogro, pai de Brites, mas nunca chegou a ter notícia de que a sua primeira mulher estava viva, pelo que pedia perdão. A Inquisição achou que o réu agiu de má fé e que tudo o que disse era falso. Inácio de Medeiros foi então condenado a fazer abjuração de leve de suspeito na fé, a ser açoitado pelas ruas públicas da cidade e degredado para as Galés por 7 anos, onde devia servir ao remo sem soldo. Devia ainda ter cárcere a arbítrio dos inquisidores, penitências espirituais e instrução ordinária. Pagaria também as custas. Durante o degredo, o réu adoeceu fortemente do estômago, o que fez com que cumprisse o resto que lhe faltava já no Algarve. |
Suporte | meia de folha de papel dobrada escrita no rosto. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Évora |
Cota arquivística | Processo 1482 |
Fólios | 77r |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Clara Pinto |
Modernização | Clara Pinto |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2010 |
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