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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0507

1735. Carta de José Soares, trabalhador, para Escolástica Cordeiro, sua mulher.

ResumoO autor avisa a mulher de que foi preso e pede-lhe que ela publique o acontecido. Pede-lhe também o envio de pelo menos umas meias.
Autor(es) José Soares
Destinatário(s) Escolástica Cordeiro            
De Portugal, Portalegre, Sousel
Para Portugal, Portalegre, Avis
Contexto

Este processo diz respeito a José Soares, também conhecido como "o Enjeitado", acusado de judaísmo, heresia e apostasia. O réu foi preso a 15 de março de 1735 e condenado em auto-da-fé a 5 de fevereiro de 1736. José Soares era casado com Escolástica Cordeiro, com quem não chegou a ter filhos, e já tinha sido casado com Maria do Rosário, de quem também não teve filhos. Era muito pobre. Disse no inventário que não tinha bens e que vivia do seu trabalho. Devia 7.700 réis a frei Manuel Gomes Montoso, por conta de uma fazenda que lhe arrendou, 15 tostões a Bento de Oliveira, do aluguer da casa onde morava, e 8 tostões de pão fiado que lhe deu Pedro Ribeiro. Tinha quatro irmãos, mas todos morreram antes de atingirem a maioridade, à exceção de Sebastiana, que casou com Simão Pinto e teve um filho chamado Nicolau.

O réu disse não saber ler nem escrever. No entanto, a carta transcrita (PSCR0507) é de sua mão e foi escrita depois de estar preso na cadeia de Sousel, onde provavelmente terá sido apanhada.

José Soares também negou todas as acusações que lhe foram feitas, nomeadamente de se ter declarado, com familiares e amigos, um crente na lei de Moisés e de se dedicar a rituais e cerimónias judaicas. No entanto, depois de admoestado e posto a tormento, acabou por confessar culpas de heresia. Foi sentenciado a abjuração em forma, excomunhão maior, confiscação de bens para o Fisco e Câmara Real, penitências espirituais e instrução ordinária.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira face e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora
Cota arquivística Processo 4484
Fólios [7]r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2366421
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2014

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a esColastiCa Cordeira minha mulher

Minha mulher não serve esta mais do q procurar pella vosa saude que estimarey seya comforme eu dezeyo esta não serve mais do que procurar digo deves avizar que eu estou prezo em souzel porque estando eu em estremos me trouxe emgando Bento Luis que eu não mesisco senão do que vos tinha dito mtas vezes porem quem naseo pa trabalhos ha de pagallos asim tende mta pasiensa e emcomendame a deos nas vosas orasois que eu tabem terei ese cudado eu se vou prezo he pello que tinha dito mta pasiencia e dando quato que asim seja quando for a leva mandame humas meias e alguma couza Ds vos ge ms anns Souzel 9 d mco d 1735 deste voso marido

Joze Soares

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