Resumo | O autor comenta vários assuntos familiares, a carestia que se vive na colónia e a atitude de certos parentes. Agradece as lembranças enviadas, desabafa sobre o seu estado de saúde e refere o envio de açúcar para o Reino. |
Autor(es) |
António Fernandes da Mata
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Destinatário(s) |
Antónia Fernandes
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De |
América, Brasil, Rio de Janeiro |
Para |
S.l. |
Contexto | O réu deste processo era João Vicente de Morais, natural de Punhete, marinheiro da carreira do Brasil. Foi acusado do pecado de bigamia porque ser casado com Isabel Vicente e ter tornado a casar no Brasil com Domingas Barbosa, sendo que a primeira mulher ainda era viva. Foi o tio da primeira mulher, António Fernandes da Mata, autor mental de três cartas aqui transcritas, quem denunciou o caso. O réu foi condenado ao degredo por cinco anos para Mazagão. |
Suporte
| uma folha de papel dobrada escrita em três faces e com o sobrescrito na quarta |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística
| Processo 2674 |
Fólios
| 16r-v, 16Ar-v |
Transcrição
| Ana Rita Guilherme |
Revisão principal
| Rita Marquilhas |
Contextualização
| Ana Rita Guilherme |
Modernização
| Liliana Romão Teles |
Anotação POS
| Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2008 |
16 de Julho 1657 Irmã minha.
E da minha alma
Não lhe encaresso o gosto, que recebo cõ novas suas, E saber que cõ esta idade pas
sa,sẽ achaques, sustentamdoa Deos, para emparo desse dezemparo, porque
por ssi o yulgara, delhe nosso senhor Vida para que minhas sobrinhas cõ Vm passem
cõ mais alivio seus trabalhos, E lhes sirva Vm de bordão, ou palmatoria, que ain
da, que não dé temece. De mĩ não sei, que relate mais que viver ja morrendo E como
o Perdigão sẽ pena quatro para sinco mezes pacei agora eu hũa viva dezen
quietassão, da ilha para a cidade, E da cidade para a ilha sẽ pareyar de dores cõ a ca
za toda revolta, tal que os medicos me dezempararão, porque não obedecia nada
o mal. mandei chamar hũ negro Ervolario, que me deu hũas ayudas de tanta
Virtude para o mal, que tinha cõ que deitei couzas pessonhentas E me acho a hũ mes para
ca muito aliviado enquanto se não torna a encher o saco, de todo o modo, para a encomen
dar a Deos. Izabel da costa dalhe Deos saude, para poder soportar a carga que co
mo Deos da a chaga logo acode cõ a mezinha, passa cõ saude E suas filhas E fi
lhos sobrinhos de Vm E tiverão grande alegria de ver a de Vm E suas primas
conhecendo seu amor gratifacandolhe seu bom dezejo de sse comunicarem
de hoje por diante. pois que até agora o não poderão fazer. rendẽlhe as grassas
dos mimos que vierão na boceta cõ tanta perfeissão, como de quẽ vierão, tão
bem escrevemos ao Padre frei adyunto agradecendolhe o cudado, que tẽ dessa
caza, E dandolhe de tudo mill Louvores. Minha filha mais velha Maria da fonseca
aqui a tenho en caza, que seu marido esta em Angola de todo esquecido de sua
caza, E perdido de rremate, milhor me fora levalo Deos, para tratar de a tor
nar a emparar, que estar, nẽ cazada nẽ solteira E minha neta molherzinha, E hũ
menino a outra filha Anna da costa, ja nos comunicamos cõ seu marido
ainda que não sei se durara muito porque he hũa Bestafera tẽ ja hũ menino, E
lhe morreu hũa menina , seu tio o Padre Thomas Ribeiro acabou cõ elle
que viesse ella a ver a may a ilha que avia mais de seis annos a não tinha visto
E a mandou en companhia de seu tio a ver a may/ dos Machos o mais velho mor
reo como ja lho mandei dizer Antonio da mata ha cete annos que se meteo no
Colegio, E estava na Bahia no curso adoeceo, E não quizerão con
tinuace por não vir a dar en hũa tissica estamos esperando por elle
que outros tantos annos ha que não o vimos. João ainda se nõ meteo
Capucho que não tẽ idade E cuido que ja muda o parecer, dizendo quer
ser tãobẽ da Companhia se o asseitarẽ, Paulo menor, E o neto insina
seu tio aqui na ilha. todos se encomendão a Vm E a suas primas Meu
primo lhes manda a todos sem mill saudades, pezaroso de não poder ser
o portador. a rrespeito da pouca melhoria de seus achaques receandosse
meterse no mar, trata de tomar segunda cura que so dos brassos se queixa
juntamente não pode cobrar os annos, que ha que serve nesta capella E com
mo o Cabedal não he muito não quer deixar seu remedio. Esta muito agradecido assosterẽ Vms a cauza, sendo que o sobrinho não lhe escreveo
sobre isso nada, sendo que lhe mandou dizer o Padre mill reprehensiois E a sua may, não lhe deferirão ainda/ A minhas irmãs reprehendo de
seu mau modo de irmandade, porque cõ suas parvoisses dizẽ que dezabafão commigo, dezabafei eu desta ves cõ ellas, E me parece não
me tornarão a escrever tolisses, poucos dias ha soube de tudo, que venderão fazenda retolos cazas, E negro, o qual mandarão dizer que lhe
morrera, E venderão a hũ Clerigo, agora se me mandarão chorar, que pagam aluguéis de caza hũ filho de Vicente lobato me contou
tudo isto E assi lho mando dizer, que ja que minhas sobrinhas são tão trabalhadeiras, fassão o mesmo. Da esmola que mandava cui
dando eu seria como o lima ficavame devendo o mestre seis mill reis de nossas contas, E porque tomei hũa sua divida de sento
E tantos mill reis para ca os cobrar por elle me disse daria a Vms La outros seis mill reis, que erão doze, para eu ca os pagar na vinda
enganoume, nẽ deu os seis que promoteo, nẽ os que lhe ficarão na mão mais que os dois mill. E tantos reis, a confiansa me enganou