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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0108

1556. Carta de João Velho Galvão para Maria Fernandes, sua irmã.

Author(s)

João Velho Galvão      

Addressee(s)

Maria Fernandes                        

Summary

O autor dá conta à sua irmã da sua vida no Brasil e pede que lhe envie seu o sobrinho para cuidar dele.

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A mto Vtuosa sora ma frz no toram ha sora mynha yrmãa do brazyll de jom velho seu yrmão [fig1] senhora yrmãa

despois que estou nesta tera tenho esprito per tres ou quatro vezes a senhora mynha may sem nũca de la nẽ de nehũa de vm ter Reposta nẽ novas se sam vyvos se mortos he tambẽ lhe tenho espryto depoys de casado dyzẽdo lhe que me esprevesem he que mãodasẽ as cartas ha hũa mynha cunhada yrmãa de mynha molher que esta lysboa freyra no mosteyro das penetẽtes muyto onrada he vertuosa he muyto mynha hamyga e que follgara muito de me mãodar quallquer Recado e novas que lhe mãodardes da senhora mynha may como de vm he dos senhores meus yrmãos he ja que ysto esta tam serto não devyã de deyxar de o fazer poys que eu sey que nesa tera ha muytos omẽs que vam he vem a lysboa cada dya he poys que ho senhor deus foy servydo de me hasemtar tam auzẽte da senhora mynha may e yrmãos he tamto desejo saber novas deles he delas façam me tamta merce que não sejam escasas nẽ escasos de hũa folha de papell he de se hacuparẽ dya ou duas oras pera que me esprevam muytas novas de todos jerall he de cada he cada hũa espysyall muyto largamente porque quaesquer novas que me mãodarẽ follgarey muyto he cuydarey que me faz deus muyta merçe ter he saber ho que tamto desejo a tamto tẽpo he crea que se não vyr ha Reposta desta nos prymeyros navyos que am de partyr do Reyno oytubro este que vem que ha de vyr governador que cuydarey que ja não tenho may nẽ yrmãas nẽ yrmãos porque dos parẽtes não faço mays cõta da que elles fazẽ de mÿ he cuydarey que portugall não tenho senão cunhada he allgũas pesoas omradas que de mÿ tẽ conhycymento/

Ó portador destas cartas he novas que me mãodarẽ lhe peço muyto que seja seu filho he meu sobrynho nuno porque ja agora sey que tẽ hydade pera poder vyr he pasar o mar he a pomto vos mete

porque quãodo la fuy ha ver ha mynha senhora mynha may he a vms vy ha senhora mynha may querer lhe muyto he dyzer me que lhe mãodara por ho nome de meu avo nuno martyns gallvam he tambẽ porque me alembra que quãodo me despedy da senhora mynha may e de vms que se veo choramdo depos mÿ lhe porque me alembra este amor follgaRey de lhe dar vyda ha ajuda de noso senhor he de o hajudar he favoreser tudo que eu poder porque ja gora deus seja louvado tenho ẽcamynhado amtonio he posto ordẽs d avamjelho pera ser crelego he serve na se desta cydade hũa capelanya que lhe Rende oyto myll reis he agora esprevo ao bispo que me faça merçe de hũa conyzya que ora esta vaga he espero noso senhor que me fara merçe dela he asym faRey ajuda de deus ha meu sobrynho se quyser ser crerego ou frade na ordẽ da cõpanhya de jehsus que tambẽ ca esta mosteyro da ordẽ he se não quyzer nenhũ destes mãodaloey ẽsynar ha ler he esprever he ordenar lhe ey vyda como a meu fylho hysto peço tambem ao senhor meu cunhado que mo queyra mãodar porque me parese que la lhe fyquarão outros que lhe dẽ que ẽtenda porque ja sey que cousa he trabalho de fylhos he peço lhe que aja esta tambẽ per sua/ he se detrymynar de o mãodarẽ mãodemo logo he avyẽno allgũas camysas he allgũa caxynha que as traga he que o mãodem ha mynha cunhada que esta lysbo no mosteyro das penetẽtes jumto do castelo he chama se joana da trymdade porque ella mo mãodara ou se ponha quallquer omẽ que vyer pera ca se não quyser yr ter mynha cunhada porẽ ho mays serto he yr la ter ella porque ella buscara quẽ mo traga porque eu lhe esprevo he peço muyto que for ter ella que mo mãode he mays ẽquãoto estyver lysboa ella lhe dara de comer no mosteyro

eu ha este julho pasado tres anos que sam casado como lhe ja la tenho espryto hũa orfãa das que ellRey mãodou ca casar he que se chama gyronima de goes e he sobrynha de frutes de goes que ja ouvystes nomear fylha de seu prymo yrmão que se chamava mateus de goes he por parte de mynha molher ouve ja aquy ofyçyo d espryvam dos allmazẽs trymta myll reis d ordenado por ano que servy pouco de tẽpo he ora espero por elle ou por outro que mynha cunhada amda Riquyrymento ellRey he que me tome por cavaleiro de sua casa ou cavaleiro fydallgo

he segũdo as pesoas que me mynha cunhada espreve que amdam nyso que he o seu vygytador he bispo de sam tome he o mestre dos moços fydallgos parese me que o avera ajuda do senhor deus he ho bispo dom pero de ca do brazyll quehora de ca foy que me casou mynha molher por lhe vyr ẽcomẽdada que tambem hade falar ha ellRey por mÿy he sempre me hade favoreser he ajudar tudo o que elle puder he elle me pos amtonio no grao que dygo que esta hasym que pera lẽbrar he Requerer todas mynhas cousas tenho lysbo mynha cunhada/ he estes navyos que ora foram que foy ho bispo mãodey ha mynha cunhada por o bispo vymte he dous myll reis dinheiro pera vestydos he joas pera mynha molher he a de mãodar ysto nos navyos que dygo que an de partyr oytubro que a de vyr governador e ouvydor gerall he ha quallquer destes ho pode mynha cunhada he tambẽ oulhara pela caxa que mynha cunhada ha de mãodar os vystydos he joas pera mynha molher/ ouve ja duas fylhas de mynha molher hũa mays velha me levou deus pera sy que se chamava jlena de goes he a outra me tẽ ẽprestado hate que ele seja servydo faz este oytubro que vem ano e chama joana de goes ca se chamava se maria amtes que fose freira amda mynha molher pejada demays ha esta parte amtonio he ja omẽ he fasme ja velho// não tenho mays que lhe esprever senão que fycamos de saude deus seja louvado mynha molher he eu lhe beyjamos as mãos myll vezes e lhe rogamos he pedymos queyram fazer ho que lhe pedymos he mãode este moço he se seu pay ho não quyzer mãodar venhase a mynha cunhada he dyga lhe que he meu sobrynho ou ao bispo de ca do brazyll he dygalhe que ho meta allgũ omẽ que venha pera ca he que o syrvyra hate chegar a esta cydade he ẽcomẽday muyto ha vosos fylhos que trabalhem muyto pola omra he por serem omẽs omrados he day lhe ẽxempro comygo porque bẽ sabẽ quãoto cudey de meu patrymonyo he andamdo pelo mũdo levamdo maos dyas he mas noutes achegando-me aos bõns he trabalhamdo sẽpre por a onra he verdade me tẽ feyto deus muytas merçes// desta cydade do sallvador aos oyto dyas d agosto de myll he quynhẽtos he çymcoẽta he seys annos

de seu yrmãao Joam velho gallvam//

Legenda:

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