Resumo | António Fernandes da Mata manda notícias por intermédio do primo Tomás Ribeiro. Escreve sobre a família, comenta o entusiasmo na recepção das encomendas que chegaram, fala sobre o percurso de quem almeja enveredar pela carreira eclesiástica e alude ao poder temporal dos jesuítas sobre os ameríndios. |
Autor(es) |
António Fernandes da Mata
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Destinatário(s) |
Maria Vicente
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De |
América, Brasil, Rio de Janeiro |
Para |
S.l. |
Contexto | O réu deste processo era João Vicente de Morais, natural de Punhete, marinheiro da carreira do Brasil. Foi acusado do pecado de bigamia por ser casado com Isabel Vicente e ter tornado a casar no Brasil com Domingas Barbosa, sendo que a primeira mulher ainda era viva. Foi o tio da primeira mulher, António Fernandes da Mata, autor mental de três cartas aqui transcritas, quem denunciou o caso. O réu foi condenado ao degredo por cinco anos para Mazagão. |
Suporte
| uma folha de papel dobrada escrita no rosto e verso do primeiro fólio e com sobrescrito no rosto do segundo |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística
| Processo 2674 |
Fólios
| 15r-v, 15Ar |
Transcrição
| Ana Rita Guilherme |
Revisão principal
| Rita Marquilhas |
Contextualização
| Ana Rita Guilherme |
Modernização
| Liliana Romão Teles |
Anotação POS
| Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2008 |
[1] | 16 de Julho 1657
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[2] | Pax Xpti
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[3] | Minhas sobrinhas Já que me obrigão cõ tantos empenhos, E mostras de amor não posso
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[4] | deixar, ainda q por mĩ não posso nẽ meus filhos estão en ma compa
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[5] | nhia, mais q hũ pequenete, q ainda aprende a escrever, faço
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[6] | estas 4 regras por Via de meu primo E seu Thomas Ribro q he o q quis
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[7] | tomar este trabalho, sendo q tambẽ molestado de dores dos brassos
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[8] | de q anda en cura.
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[9] | Estimo darlhe Deos saude, e talento pa se governarẽ E se
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[10] | rem alivio à Velhice de ma irmã, E sua mai tenhão mta confiansa
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[11] | nelle, E se entreguem en sua santissima Vontade Pois q tudo gover
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[12] | na pa nosso bem, e nossos dezejos são indiscretos, não sendo por elle
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[13] | encaminhados. E a Virtude, q mais pode e Valeo sempre cõ Deos foi a
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[14] | da castidade, q todo o amor fora delle he imperfto E assi não alcansa
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[15] | o Verdadro e sumo bem, Pesso a nosso snor ainda q tão grde peccador
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[16] | como por couza q tanto me toca, as tome a sua conta;
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[17] | Eu fico cõ algũa ainda q pouca melhoria Dando grassas ao
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[18] | snor q estas mazelas me da Vida, pa emparo de meus fos atribuoo
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[19] | a suas oraçois, E mais fieis q por mĩ devẽ de rogar, pois não acho en mĩ
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[20] | o tal mericimto Izabel da costa sua tia, Primas, E primos lhes
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[21] | mandão infinitas saudades, gratificandolhes o mimo das bocetas
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[22] | E a o devotao das devotas q bem parecẽ couzas das servas E servos de
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[23] | Deos, parecião tordos com pouca azeitona cõ os aneis nastros agulhas
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[24] | linhas, E as mais couzinhas, a neta cõ a da viola, logo a foi por no ora
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[25] | torio Veyão q santa. empregarão mui bem seus mimos, E hirlhe ha
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[26] | de ca mui bom retorno, não se poderá crer, q neste brazill não aya
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[27] | couza das mtas q te Portugal, pa poder mandar en sinal de amor, nẽ
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[28] | quẽ o leve, q não seya parte mto chegado, nẽ foi possivel mandar hũas
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[29] | contas, q o frade mandou pedir porq alguas, q se fazẽ nas aldeas
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[30] | do gentio, he necesso mais Vagar, pa as encomendar, o nosso Pe
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[31] | Anto da mata por quẽ estamos esperando da Bahia Vira, E co
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[32] | mo Pes da companhia são senors das aldeas algũas buscara
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[33] | este he o mais Velho dos machos Vivos cete annos ha q entrou na
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[34] | compa de dezasseis annos podera ser, q quando se va ordenar
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[35] | Va ver terra de seu pay, E seus partes andava no Curso E adoeceo como q não pode continuar, E pedio licensa pa
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[36] | Vir ver a mai estamos esperando por elle, capuchos ainda não nenhũ João q o queria ser ainda não tẽ idade
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[37] | perfta E podera ser q quando a tenha se arrependa ou seya da Compa como o irmão Paulo o mais pequeno apr
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[38] | ende, E hũ netto com seu tio en caza todos se encomendão ás suas oraçois. E lhes mandão seus abrassos
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[39] | não atentẽ por louquices de suas tias, q basta serẽ tias amẽnsẽ cõ mta amizade, E tirẽlhe a malenconia por
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[40] | q la lhe vai hũa Ladainha mto bem composta foi ca hũa galhofa cõ a rrepartissão dos dous mill rs
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[41] | porq ellas dizẽ q mas sobrinhas forão tão cruas q lhe não derão mais q a tersa pte E sua mãy
ellas pello contrario
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[42] | não sei quem mente- enganoume o Velhaco do mestre que veo en lugar do lima q o lima não veo então
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