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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1701. Carta de António Nunes Álvares, arcipreste e vigário de Ervedal, para o bispo de Coimbra [D. João de Melo].

Autor(es)

António Nunes Álvares      

Destinatário(s)

João de Melo                        

Resumo

O autor informa o bispo de Coimbra sobre as diligências que fizera em Folhadosa, no decorrer do processo de casamento de Maria Ferroa.
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pensamento en q se lhe representou, q o estado da virgindade
[2]
era vida ociosa, poes he o estado en q se serve mto a Deos, e q
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a poderia castigar no estado de casada por faltar ao voto
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q tinha feito dandolhe tribulaçoes da carne como adverte
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o Apostolo, e permitindo q o homen com quem queria casar
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lhe fizesse companhia. e respondeume q tudo sofreria
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com pasiencia pa marecer, q assim o mandasse eu dizer a Va
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Illma. Á vista da tal resolução, pergunteilhe de q modo
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fizera o voto, se com algũa condição, se por tempo determi
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nado, se por engano, ou intimidada de algũa pessoa. respondeo,
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q o fizera absolutamente por vontade com toda a delibaraçam
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com animo de nunca em toda a vida deixar de viver pura,
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mas q não fizera este voto em presença de pessoa algũa, nem
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com palavras exteriores, mas com os pensamentos do
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intendimento, e com os affectos do coração. E lembrandome
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eu ser esta hũa questão mto controverssa, como Va Illma
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sabe melhor q eu, pa lhe dar plena informação, lhe
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repliquei, se fizera na idade de dezoito annos propo-
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sito de guardar castidade interiormte, ou se áquelle Deos
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q he escrutinador de corações fizera voto absoluto de cas-
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tidade! E disse, que não fora proposito, mas promessa interior,
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e q tomava aquelle estado poq seo pai a constrangia, o q
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achei ser verdade, por ser publico, q o pai dizia lhe
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avia de cortar o pescoço, se ella repugnasse aquelle casa-
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mento. He o q com toda a verdade descobri sobre o re-
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latado nessa carta q veio inclusa Em a de Va Illma
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a quem Deos nos conserve por m an Ervedal 23
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de agosto de 1701

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Humilde servo de va Illma
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Antonio Nunes Alvares

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