Contexto | A ré deste processo de bigamia era a mulher de Bartolomeu da Costa, Madalena Francisca, natural de Lisboa e aí moradora, vendedeira de peixe na Ribeira. À data do processo, Madalena tinha mais de cinquenta anos e casara-se pela primeira vez havia 25. Após cinco anos de casamento, o marido tinha ido ao Brasil e no regresso a Lisboa foi "tomado cativo pelos mouros", os quais o levaram para Argel. Segundo a mulher, o marido escreveu-lhe duas vezes de Argel: uma dizendo que ela o resgatasse comprando um cativo turco, outra dizendo que tal já não seria possível porque iria partir para Túnis. Como entretanto, nove anos depois, lhe tinham garantido que o marido morrera em Túnis, a mulher voltou a casar, agora com Francisco Antunes, igualmente homem do mar. Passaram-se onze anos, e foi então que recebeu a carta aqui transcrita, que reconheceu "pela forma", se bem que o marido não soubesse escrever. Madalena Francisca separou-se então do segundo marido e apresentou-se voluntariamente à Inquisição. Foi absolvida. |