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Maarten Janssen, 2014-

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[1754-1763]. Carta não autógrafa de Rosa Maria Egipcíaca, escrava forra, para Pedro Rodrigues Arvelos, lavrador.

ResumoCarta de Rosa Maria Egipcíaca, ditada ao Padre Francisco Gonçalves Lopes. Há a alusão a uma carta anterior que não chegou ao destino e o seu conteúdo é resumido. Menciona-se a perda de animais por parte do destinatário por ação de um "bicho destruidor". A autora fala também de um ermitão que anda a dar doutrina e chama-lhe asno, dizendo que confunde os fiéis; a esse propósito, ensaia um debate de teologia.
Autor(es) Rosa Maria Egipcíaca
Destinatário(s) Pedro Rodrigues Arvelos            
De América, Brasil, Rio de Janeiro
Para S.l.
Contexto

Há três fontes documentais e uma monografia que permitem contextualizar a personagem histórica de Rosa Maria Egipcíaca, bem como o círculo em que se movia: trata-se dos processos 2901, 9065 e 18.078 da Inquisição de Lisboa, arquivados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e uma monografia da autoria do antropólogo Luiz Mott (Mott, L. (1993). Rosa Egipcíaca, uma Santa Africana no Brasil. Bertrand Brasil). As pessoas envolvidas nos processos 2901 e 9065 enquanto réus são Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, escrava forra (natural de Ajudá, na costa de Benim, África, de etnia courã e residente no Brasil), o Padre Francisco Gonçalves Lopes (português, residente no Brasil) e o Padre João Baptista de Capo Fiume (italiano, residente no Brasil). Os primeiros dois conheceram-se em São João del Rei (Minas Gerais), ainda Rosa era escrava. Segundo o seu testemunho, em 1748 converteu-se à vida religiosa guiada pelo Padre Francisco Gonçalves Lopes e abandonou um passado de prostituição. Afirmou à Inquisição ter sentido “invasões espirituais malignas” e ter sido exorcizada pelo padre. Alguns acontecimentos foram contribuindo para a crescente má fama de Rosa e para a desconfiança das autoridades em relação a ela. Em 1749, numa igreja, estando Frei Luís de Peruggia a discursar, Rosa levantou-se e gritou algo sobre os demónios presentes no local, caindo depois no chão. Foi imediatamente exorcizada, mandada prender pelo bispo e açoitada no pelourinho da praça pública, episódio que a terá deixado paralisada do lado direito. Depois disso não havia quem a confessasse e Rosa pediu uma audiência ao bispo de Mariana para provar a sua sinceridade. Foram feitas provas de exorcismo na presença de vários sacerdotes, mas a escrava não conseguiu convencê-los de que estava possuída. Vendo o seu desespero, o padre Francisco Gonçalves Lopes convenceu Pedro Rodrigues Arvelos ‒ um lavrador amigo de ambos – a comprar Rosa à sua proprietária, e assim a escrava foi trocada por um “moleque”. Em 1751, Rosa e Francisco Gonçalves Lopes decidiram ir para o Rio de Janeiro, dada a sua fama de "velhaca" em Minas, e segundo o testemunho do Padre Filipe de Sousa, próximo dos réus, porque quiseram fugir a um possível julgamento de Rosa. Foram vivendo em casa de amigos do padre e a escrava mudou de nome, acrescentando-lhe "Maria Egipcíaca da Vera Cruz". Em 1751, Rosa aprendeu a escrever com Maria Teresa do Sacramento. Há dois documentos originais da sua letra nos processos da Inquisição, ao lado de muitos outros de que foi autora mental por os ter ditado à sua mestra de escrita. O seu director espiritual passou a ser Frei Agostinho. Em 1754, Rosa, o padre Francisco, frei Agostinho e alguns patrocinadores fundaram o Recolhimento de Nossa Senhora do Parto. O bispo do Rio de Janeiro, Dom António do Desterro, nomeou como primeira regente Maria Teresa do Sacramento (de 28 anos, natural de Lisboa), embora fosse Rosa a verdadeira responsável pela instituição. O Recolhimento seria destinado "a mulheres pecadoras que nos confessionários diziam que tinham ofendido a Deus por não terem casas para morar" (p. 42 do livro de Luiz Mott) e teve diversas recolhidas de várias idades. Maria Teresa não se sentiria como total regente, e, juntamente com Frei Agostinho cujos exorcismos não resultavam com Rosa, denunciou a africana ao bispo pelo seu comportamento estranho. Isto porque Rosa continuava com frequentes ataques e desmaios, chegando a agredir e maltratar quem estivesse por perto, necessitando de muitas atenções e diversos exorcismos, descritos por algumas testemunhas do processo inquisitorial. Frei Agostinho deixou de ser seu director espiritual, também por ter adoecido, e foram nomeadas outras pessoas para essa função. A fama de Rosa agravou-se também porque, estando numa igreja a assistir à missa, viu que estavam duas senhoras a conversar e avançou sobre elas. Destas duas pessoas, uma pertencia à elite do Rio de Janeiro (Dona Quitéria), o que fez com que, por ordem do bispo, Rosa fosse expulsa do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto (1758). Dificilmente a ré se livraria da fama de embusteira, mas para que Rosa não recebesse nova sentença de açoites ‒ que teria, como escrava -, pediu a Pedro Rodrigues Arvelos a sua carta de alforria, e tornou-se liberta. Nos sete meses seguintes, Rosa viveu em casa de uma amiga, e depois na casa do padre Francisco Gonçalves Lopes, anexa ao Recolhimento. Entretanto, ficou como seu director espiritual Frei João Baptista, e durante este tempo Rosa disse ter a premonição de um dilúvio. Houve alguma expectativa em relação a esse acontecimento e, quando ele se deu, cresceu ainda mais a sua fama. Voltou a entrar para o Recolhimento sem explicação aparente (mas como na época o bispo estava doente, pode ter havido um aproveitamento da sua debilidade). No ano de 1759, as quatro filhas de Pedro Rodrigues Arvelos e Maria Teresa Arvelos entram para a instituição (Maria Jacinta, de 13 anos, Faustina, de 16, Genoveva, de 19, e Francisca Tomásia, de 11). Rosa era motivo de adoração, tal como as suas relíquias (dentes, sangue, cabelos, cartas, roupas e saliva, com que se faziam bolinhos para alívio das meninas que sentissem maus espíritos). Chegou-se a mandar fazer um retrato de Rosa para ser adorado na igreja, mas a Inquisição nunca o conseguiu encontrar. Já em 1762, a 22 de Janeiro, Dom António do Desterro pediu que Rosa e o padre Francisco Gonçalves Lopes fossem presos por culpas de heresia formal. Coube ao Promotor do Juízo Eclesiástico local, Dr. António José Correia, formalizar o auto de denúncia, levando a portaria a casa do Padre António José dos Reis Pereira de Castro (principal representante da Inquisição no Rio de Janeiro), que tinha sido já quem ordenara a sua anterior expulsão do Recolhimento. Não há indicação da causa de uma acusação formal repentina, mas, segundo Luiz Mott, seria por Frei Manuel da Encarnação ter sido eleito em 1761 Vigário Geral, e ter sido ele um dos que pressionaram o bispo para que punisse Rosa na altura do incidente com Dona Quitéria. Ao todo foram ouvidos no Rio de Janeiro doze homens e sete mulheres, sendo o primeiro o Padre Francisco Gonçalves Lopes, que relatou episódios passados com a ré, mas sem a acusar. No entanto, a maior parte dos testemunhos foram incriminatórios e o comissário declarou haver fundamento para um mandado de prisão, que foi dado a 4 de Fevereiro de 1762. Mais nove testemunhas foram ouvidas até ao dia 13 do mesmo mês, também elas maioritariamente incriminatórias. No dia 20 começou o interrogatório a Rosa, e o padre acabou também por ser detido a 8 de Março do mesmo ano. No dia 6 de Março, Maria Teresa Arvelos apresentou-se ao inquisidor e entregou-lhe 55 cartas que ela e seu marido tinham recebido em São João del Rei (26 ditadas por Rosa, 22 do Padre, 4 de Maria Jacinta e 3 assinadas por Faustina, ambas filhas dos Arvelos), bem como um manuscrito que relatava algumas visões da ré. A 12 de Março foi a vez de seu marido se apresentar, procedimento comum na época, pois quem tivesse relação com um réu auto-incriminava-se, já que os arrependidos ou confessados podiam ter a condescendência do Tribunal do Santo Ofício. Rosa e Francisco Gonçalves Lopes estiveram presos durante um ano seguido à espera de ordens de Portugal. O único bem confiscado ao padre foi inexplicavelmente o seu escravo Brás, que por causa das acusações contra seu senhor também foi preso. Foi leiloado em Agosto, e do processo consta o "Auto de Arrematação do Mulato Sequestrado do Padre Francisco Gonçalves Lopes", que foi vendido por 510 réis. A 1 de Março de 1763, o escrivão deu os autos como conclusos, pois da parte da justiça do bispo já não se poderia actuar. A 29 de Março do mesmo ano, o Comissário António José dos Reis Pereira e Castro determinou a remessa dos presos para o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa. As despesas da viagem foram pagas com o dinheiro conseguido com a venda do escravo Brás. Chegaram a Lisboa a 2 de Agosto de 1763 (a viagem terá demorado cerca de três meses) e foram encaminhados para os cárceres da Custódia. Foram revistados e o que confiscaram ao padre foi: uma caixa de tabaco velha de prata, um breve de marca com seu cordão, tudo em ouro, um garfo e colher de prata, 60 réis e um lenço com um embrulho de papéis. Ainda nesse dia foram transferidos para os Cárceres Secretos. A partir de 19 de Outubro, Rosa foi ouvida, mas o padre adoeceu, de modo que passou um ano até ser interrogado pela primeira vez. Na sala de audiências estariam o réu, os guardas que controlavam as saídas, um inquisidor e um notário. Rosa teve seis sessões de interrogatório muito espaçadas, que decorreram até 4 de Junho de 1765 (ano dos seus 45 anos) ficando sempre presa no cárcere inquisitorial. A Mesa pediu que todas as onze testemunhas do Brasil voltassem a ser inquiridas e que se encontrasse o terceiro réu do processo, Frei João Baptista de Capo Fiume. Mandou também que se procurasse o retrato de Rosa que era adorado no Rio. Quanto a Frei João Baptista, o familiar responsável disse ter procurado o sacerdote, mas os que o conheciam disseram que tinha voltado para Itália (terá falecido em 1786, em Bolonha, no seu convento, aos 74 anos). Quanto aos interrogatórios feitos ao padre Francisco, esses tiveram início a 29 de Março de 1764. O réu tentou desresponsabilizar-se alegando que tinha sido enganado por Rosa e pelo crédito de que ela auferia, enquanto santa, da parte de sacerdotes com posição hierárquica superior à sua. Entretanto, descreveu no processo as experiências vividas com aquela ré, chegando inclusivamente a relatar um episódio em que Rosa o terá tentado seduzir. A Mesa conclui que o réu seria culpado, suspendeu-o de confessor e de exorcista, obrigou-o a orações diárias e condenou-o a cinco anos de degredo em Castro Marim. Permitiu, no entanto, que continuasse a celebrar missa. A 24 de Março de 1766, o sacerdote partiu para o degredo, mas o facto de ter adoecido em Castro Marim levou a que lhe fosse autorizada a transferência para a sua Beira natal. O processo de Rosa ver-se-ia prejudicado pelas novas audiências às testemunhas do Brasil, na sua maioria desfavoráveis à sua libertação. Este processo termina com um escrito de Ana do Coração de Jesus (rapariga recolhida no Rio de Janeiro) com acrescentos ao seu depoimento. O processo 18.078 consiste na minuta da certidão da fé de notários e auto de falecimento da ré Rosa Maria Egipcíaca e nele pode ler-se: "Em o dia de hoje doze do prezente mez de outubro do prezente anno de mill setecentos e setenta e hum fomos ambos chamados aos carceres secretos desta inquizição e indo em companhia do guarda António Bapstista e dos digo que serve de Alcaide do Medico e mais guardas ao carcere da cozinha nella achamos hum corpo morto que reconhecemos ser da preta Roza Maria Egisiaca contheuda nestes auttos na qual se achava preza aqueles ditos Medico Alcaide guardas nos foi dito que ella tinha falecido de sua morte natural originada de varias molestias que padesia complicadas com achaques e que for a vezitada pelo nosso medico e cerurgião administrandoselhe varios remedios neçessarios para a dita enfermidade e recebera o sacramento dascensão de que se pasou esta certidão que asinamos em os ditos doze do corrente mez de 1771 Manoel Ferra. De [Mez.]".

O escriba desta carta é o padre Francisco Gonçalves Lopes.

Suporte uma folha de papel dobrada escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 14316
Fólios 49r-50v
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2008

Texto: -


[1]
os Corasois de jezus, Maria, joze, s Anna s joaquim seja comNosco; sor Pedro Ros alvellos
[2]
Meu sor suposto não tive a dita de ter por letras suas e de Minha senhora Novas, de como pasavão, mas deu Miude o q estimei mto por me segurar pasavão com saude;
[3]
heu Bou pasando como Deos quer;
[4]
Meu sor sentidindo mto a destruesão e perca das suas criasois e mais animais tudo he crus que Deos destina pa os seus amados;
[5]
quem he mais amado esse tera mahor crus,
[6]
e a de vmce ha de ser mais pesado porq he de pedra por natureza
[7]
tudo o que vem por natureza e mais defulcutozo en vencer
[8]
mas querendo o Meu devino Menino que por nos salvar çe fes home Nada lhe sera defulcutozo afogentar estes Bichos destruidores da sua fazenda
[9]
heu de Continuamte lhe pesso o Remedio dessa caza mas não sei pa apurar a minha pacienssia e a de vmce se fas decemulhado
[10]
Bem cei que não meresso ser ouvida ser depachadas as minhas petissois, mas comtudo como he Meu Senhor cobro comfianssa com seus devinos auxilios pa lhe pedir huã e mtas vezes por ssa caza e por todos
[11]
e se helle Nesse particular oBrar alguma couza pesso a vmce que não diga que fou por Meu pedido, mas si porq helle o quis fazer como piadozo,
[12]
heu de hoje in diante comemesso com mais anssia a pedir, mas heu desconfio que não quer fazer porq heu lhe pesso
[13]
pa hesse fim entreponho a pederoza vallia da virgem santissima do parto, e vmce seja mto devoto della e toda a sua caza
[14]
e rezarão em agrado desta senhora e de toda a santima trindade com mta devosão e Nove padre Nossos e Nove ave marias ofrecido os Nove padre Nossos alegria que a santissima Trindade teve com o Noso mto dessa ditoza senhora;
[15]
ofresão as Nove ave marias o juvollo juvollo o gozo que a virgem senhora teve e a sua santissima alma Na Cultura das entranhas da sor s Anna por espaso de Nove mezes; que heu lhe seguro da parte do filho e sejão Bem socedidos em todas as suas couzas
[16]
não digo porq não tenho mais licenssa;
[17]
sim quer Deos lhe como esta devosão como couza de tanto agrado seu; tambem
[18]
como dise o ermitão, e Meu Padre, que vmce se queixava de huã reposta de huã carta que me mandarão, esta carta me fou entregue e heu mandei reposta;
[19]
e pa este fim manesfestei a reposta que tive Na petisão que vmce me pedia ao Meu padre espiritual
[20]
e helle me mandou por oBedienssia que lhe escrevesse Na mesma forma que fou despachada; que foce a dizer seja quem for; que queria faustina, pa sim; e que Fustina trousse comsigo Franca, e que porq tanbem queria prenda de pedro Rois pois que não estetuhia Recolhimto do seu devino corasão pa aReprendidos mas sim tanbem pa Donzellas
[21]
Nesta petisão vendome comfuza dei parte ao Meu padre diretor, e me disse asim como hera agrado de Deos que helle o Comfirmava que escrevesse;
[22]
o deMonio como sabe o que vira a ser esta oBra e os Banquetes e onrra e goloria que Deos ha de ter com esta oBra se sahir o lume tratou de dar caminho a carta, e por hisso la não chegou, pois quem me trouçe a de vmce lebou esta reposta,
[23]
e tanbem me dicerão a mandaçe ensinar;
[24]
e Na caza donde esta comtinue, aprender porq o Menino da precenculla o ha de goardar como couza sua
[25]
ainda digo a vmce mais que por hessa reposta esperava heu tella ja la comigo coando Meu padre vihesse e O Meu comfessor não menos contente, que vihessem os filhos de Meu Bemfeitor, e senhor,
[26]
e tambem me disse tomava a sua conta, a encomendar toda hessa caza a Deos por cerem Meus Feitores, e que os amava por
[27]
agora quero fazer a vmce huã piquena adevertenssia que lla anda hum serto hirmitão trazendo a vmces atenuados Na comfuzão Na comfizão e escupellos
[28]
tudo hisso renucio que pa helle cer santo não avia de dar doutrina de escupellos mas sim de encaminhar as almas pa a salvasão que o caminho pa hir pa Deos tem mta devercidade huns caminhão asim, outro asado, que quem protesta pella Nunca herra
[29]
e fassa hessa portestasão Meu Deos Meu Pai Meu Senhor, Meu criador, Meu Redentor,
[30]
heu protesto e querio tudo coanto quere e ensina a santa Madre a igra Romana catolica
[31]
aBomino e detesto condeno, tudo coanto hella condena e aBomina;
[32]
heu como criatura mizaravel e hinorante ouvir da Boca de alguma criatura ou do deMonio aquillo que he contra a Nossa santa catolica protesto deFendello athe dar por hella a ultima gota de sangue; porq Deos ja conhesse que heu visse a oBra do deMonio o não queria querer,
[33]
e tanbem da Mesma maneira Fique tanbem renuciado as oBras Bomas se entre hellas entrar alguma oBra do Demonio e as ofresso nas Maos do Menino jezus da precincolla pa que helle escolha o que for seu e lansse fora o que for do deMonio
[34]
fazendo esta protestasão ao Menino Deos fica são salvo a sua
[35]
isto lhe seguro da parte do seu devino corasão e dei de Mais escupellos, e de Mais estorias,
[36]
e digao hesse servo de Deos que anda lla com hesses Negossios que heu dezejo ter o corpo No Rio de janeiro e a cabessa lla pa sahir com helle e aqromto da sua sabedoria
[37]
que me consta helle dis que Ressoçitou e queria heu saber de que Relligião Reçocitou porq a escretura sagrada dis que a de aver Duas Receisois huns hão de Resositar pa viver pa sempre outros hão de Ressocitar pa Morer pa senpre
[38]
queira Deos não seja helle do Numaro que hão de Ressocitar pa Morer pa sempre pa ser servo de Deos
[39]
cheirame mto Mal mto Mal sua doutrina por confundir os
[40]
digalhe que não he Nessessario hessa doutrina funda pa a cristandade que he Nessessario que passe pa o Murame e turcos, e os ereges porq helles são a Fe
[41]
e quem quere en Deos não he que Nessessario dizer lhe couzas que os confundão porq Fe he que Nos salva,
[42]
No outro lugar dis o Doutor Mistico da igra que a e a tensão, he que Nos condena porq se a Criatura tem tensão e Fe de segir o seu Deos salvo vai,
[43]
e em outro lugar dis o memo autor se as criaturas tem e tensaõ de seguir o diabo, encoanto o sege condenado esta; ese çe não volta pa tras emcoanto a vida lhe dura
[44]
Dis o memo autor que he ovelha que o lobo apanhou, e se he servo da senhora como se detem tanto pellas parages donde Anda não sabe que Falta a oBrigasão do servisso; porq todos os que hão de oBedecer hão de estar em pe isto he comunhando pa fazer o que lhe pretensse e não asentado pellas cazas Feito Pay de doutrina,
[45]
os servo de Deos conversão pouco e as converssas comonicão grassa e não confuzois porq o senhor falla Nelles,
[46]
e diga lhe que não seja asno e que me não comfuda as criaturas dessa caza porq são dedicados o santissimos corasois de jezus, Maria, Joze Anna joquim;
[47]
e com hisso não enfado mais a vmces e fico pedindo aos aMantissimos corasois aseitem No trono da santissima trindade a esmola e a caridade com q vmce se alenbrou de Mim,
[48]
e heu como a mto tempo não recebi carta de vmces me quixei ao pe joão Fra que de Mim se esquesião
[49]
e o mesmo Sor Pe me recomende e lhe não escrevo por não ser agora ocazião como quero alargarme com helle Brevemte

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