Francisca Côta ou Francisca de Jesus (como preferiu passar a chamar-se) foi acusada pela Inquisição de Lisboa porque se fingia santa e virtuosa, tinha revelações e favores do céu, falava com as almas e os santos(...) e sabia coisas futuras (fl.44r). Foi presa a 13 de junho de de 1646, e, em cartas e testemunhos de depoentes, soube-se que dizia que no seu vaso estavam almas - de santos, da Virgem Maria e do Menino Jesus - e que descrevia o que diziam e faziam. Como não sabia escrever, pedia ao seu primo (António Pinto) que lhe escrevesse as cartas que queria mandar. No final do processo há uma petição feita pessoalmente pelo pai da ré, Diogo Gonçalves Castilho, para que não enviassem a sua filha para o Brasil em degredo por ela sofrer de gota. Preferia que a enviassem para um recolhimento perto de Mazagão, sua cidade natal. A ré foi condenada a usar hábito perpétuo, a degredo de dez anos no Brasil e a ter excomunhão maior.
O escriba desta carta é António Pinto.