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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor procede a uma série de recomendações e procura dar ânimo ao amigo, informando-o do que tem sucedido com outros na fuga à ação do Santo Ofício. |
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Autor(es) | Lopo da Fonseca Ramires |
Destinatário(s) | Domingos Ferraz Fonseca |
De | Holanda, Amesterdão |
Para | Portugal, Porto |
Contexto | Domingos, homem solteiro, tinha cerca de 36 anos quando foi levado à presença dos inquisidores. Era "baixo de corpo, alvo e gentil homem" ‒ conforme descrição de João da Fonseca, seu amigo, acabando por delatá-lo sob pressão nos interrogatórios. Este, filho do escrivão da Fazenda da Universidade, Miguel da Fonseca, contava com 23 anos. Relata que certa vez, havia três anos, recebera no escritório do seu pai Domingos Ferraz da Fonseca, seu amigo "que costumava vir jogar às tábolas" (alusão ao jogo das tábuas). Domingos, por pouco, não conseguira sair do reino para se refugiar em Amesterdão, onde tinha amigos com quem, amiúde, trocava cartas. Debaixo da mira do Santo Ofício, não deixara, ainda assim, de agir em defesa dos seus, servindo, não raro, de intermediário na correspondência que cristãos-novos portugueses, exilados ou ainda no reino, trocavam. As cartas intercetadas atestam quão arriscado fora este seu papel, estando os seus compadres fora do reino, já a salvo da áspera justiça inquisitorial, que tão severa fora para com a família de Domingos Ferraz: além dele, também os pais, tios, primos e um dos irmãos (António Ferraz, homem solteiro; já um seu outro irmão, Álvaro da Fonseca, jurista e letrado, conseguira passar para Itália) foram presos. No processo de Domingos Ferraz Fonseca encontramos um conjunto de treze cartas e um bilhete, ali remetidos ou em resultado de busca domiciliária ou por intercetação do seu correio. O conteúdo das cartas evidencia a rede de contactos que este tratante natural de Trancoso e morador no Porto mantinha. O interesse por semelhantes escritos residiu, essencialmente, na possibilidade de identificação de outros cristãos-novos, na obtenção do seu paradeiro e na confirmação das culpas do réu. O seu amigo Lopo Ramires, cristão-novo e próximo da família, não obstante ter sido pronunciado pelo Santo Ofício, encontrava-se em Amesterdão, onde exercia a sua atividade de mercador. Para além de terem negócios em comum, Lopo preparava o exílio do amigo, embora sem sucesso. A sua prisão em outubro de 1621 coincidiu com o período de transição da governação de Filipe II para Filipe III de Portugal havia poucos meses (período da União Ibérica). A correspondência apreendida junto de Domingos Ferraz Fonseca permite-nos inferir sobre a natureza das relações sociais e comerciais de cristãos-novos na Península Ibérica e contactos mantidos com Amesterdão, fazendo-se, para tal, valer da proximidade dos laços de parentesco. Possibilitam, igualmente, uma perspetiva sobre a posição de altos membros da governação na corte espanhola face aos cristãos-novos em pleno período da monarquia dual, bem como uma outra definição da política filipina e do funcionamento jurídico-administrativo no Portugal deste período. Mas também a solidariedade entre pares, as estratégias de fuga, a circulação de informação, muito embora a Inquisição pretendesse desenvolver a sua ação no maior secretismo. Questionamo-nos sobre os motivos e interesse que aproximavam este réu e alguns dos seus contactos face à corte espanhola, salientando-se manterem certos negócios ‒ com referências claras e inequívocas ao Rei e a um mebro do seu Conselho de Estado em Madrid, Baltasar de Zúñiga y Velasco. |
Suporte | meia folha de papel de carta escrita em ambas as faces. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Coimbra |
Cota arquivística | Processo 975, Caderno 1 |
Fólios | 13r-v |
Transcrição | Ana Leitão |
Modernização | Catarina Carvalheiro |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2013 |
Texto: -
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