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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor denuncia Marcos Gonçalves pelo crime de bigamia. |
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Autor(es) | Francisco de Gouveia Pinto |
Destinatário(s) | Inquisição de Coimbra |
De | Portugal, Moncorvo |
Para | S.l. |
Contexto | O réu deste processo foi Marcos Gonçalves, pedreiro, natural do lugar de Lanhelas, termo de Vila de Caminha, morador no lugar da Lousã, comarca da Torre de Moncorvo, preso a 19 de julho de 1648 pelo familiar do Santo Oficio Francisco de Oliveira e entregue ao alcaide Peres do Canto, levado para a cadeia da Torre de Moncorvo por crime de bigamia. O Doutor Martim Rebelo de Macedo, vigário-geral, fez um auto de prisão a Marcos Gonçalves, também chamado Marcos da Costa. Nesse auto, está atestada a confissão por parte do réu, que assumiu ter casado duas vezes sabendo que primeira mulher (Maria de Azevedo, filha de Tomé de Azevedo e Margarida Gonçalves), com a qual fez vida marital durante três anos e de quem teve três filhos, estava viva. Disse também que, por ser pedreiro, ignorava a pena da lei por se casar duas vezes. Tinha ido viver para a Lousã em janeiro de 1648, vindo de Viana do Castelo, onde fora soldado pago do castelo, depois de em Monção ter tido umas "dúvidas" com o sargento da sua companhia, Francisco Velho, e de, por isso, ter sido "trateado" em Caminha. Vendo-se sem ter como voltar à sua terra, resolveu casar com Ana Martins para ter quem o sustentasse e assumiu ser viúvo. Estava casado havia seis meses quando foi descoberto por um habitante das Mós que o conhecia e o acusou junto da primeira mulher, Maria de Azevedo, e dos filhos de ambos. Assim que o réu soube disto, tratou de tentar matar a segunda mulher e de fugir para encobrir o facto, para o que mudou também o nome para Marcos da Costa. Perante o vigário da Torre, tentou justificar-se recorrendo a testemunhas que depuseram a seu favor. Numa confissão posterior, o réu alegou que uns homens lhe tinham dito que a sua mulher tinha falecido e que por isso se tinha casado a segunda vez, homens esses que também foram presos pela Inquisição de Coimbra. Disse ainda o réu que alegara ser solteiro porque aos homens viúvos também se costumava chamar de solteiros. Ana Martins, a segunda mulher, defendeu-se acusando o réu de a ter ameaçado e obrigado a compactuar na mentira. Por tudo isto, Marcos Gonçalves, após confissão, pediu perdão e misericórdia, mas, ainda assim, incorreu em pena de ir ao auto da fé para ouvir a sentença, dada a 6 de maio de 1650: fazer abjuração de leve suspeito na fé, ser açoitado pelas ruas públicas da cidade de Coimbra, ir degredado por sete anos para as Galés, servindo ao remo sem soldo, pagar dez mil réis a cada um dos inocentes que ele envolveu no seu caso em satisfação dos danos que lhes causou, ter instrução nos mistérios da fé e penitências espirituais. O réu foi ainda condenado a pagar as custas do processo. |
Suporte | meia folha não dobrada escrita apenas no rosto. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Coimbra |
Cota arquivística | Processo 8221 |
Fólios | 7 r |
Transcrição | Leonor Tavares |
Modernização | Catarina Carvalheiro |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2009 |
Texto: -
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