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1810. Carta de António dos Santos, foreiro, para Manuel Dias Bravo, alferes e proprietário de terras.

ResumoO autor pergunta se pode continuar a cultivar as terras do destinatário, a ele aforadas.
Autor(es) António dos Santos
Destinatário(s) Manuel Dias Bravo            
De Brasil, Maranhão, Alcântara
Para Brasil, Maranhão
Contexto

O capelão de Cururupú, o Reverendo António Vidal Ferreira Pinto, foi denunciado em 1813 por um lavrador inimigo, José Gonçalves Castelhano, enquanto culpado de uma série de crimes. O réu foi acusado de viver "escandalosamente amancebado durante mais de nove anos com Faustina Teresa, mulher casada com o alferes António dos Reis", e ainda "concubinado de portas adentro com a preta forra Maria Benedita." Disse-se ainda que era "muito remisso na administração dos sacramentos, como aconteceu com um homem branco, filho de Portugal, e com uma escrava chamada Iria do Padre António Alves Domingues", e também "um refinado negociante." Dava "conto e asilo a homens facinorosos e degredados, como um João Alves, homem de tão péssimo caráter que tem chegado a forçar algumas mulheres, dado pancadas" e era "costumado a apanhar cartas alheias para as abrir e ler e, por este meio, descobrir os segredos das famílias e dos particulares." Fazia "um notório e sórdido monopólio dos mesmos sacramentos, não batizando senão por mil e seiscentos réis, quando a esmola que recebe o pároco não excede a quatrocentos réis, e não assistindo ao sacramento do matrimónio sem que lhe deem três mil e duzentos réis." O autor do processo, no entanto, acusou também o dito padre de um crime mais banal. A 25 de setembro de 1812, o padre teria cometido contra si um "rigoroso furto": o roubo de um boi de carro, mandando-o matar "por dois dos seus agregados, com o pretexto de que tinha ido à sua roça", fazendo com que se enterrasse o coiro e a cabeça do animal "para que se não descobrisse o malefício" e conduzindo a carne para sua casa. Ao fim de um processo criminal que durou 6 anos, o capelão acabou absolvido.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita am todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 3, Número 17, Caixa 11
Fólios 331r-v; 332v
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Snr Alferes Manoel Dias Brabo
[2]
Por esta Bou partesipar a vmce que tendo entensionado de hir os seus pes na ocazião em que foi meu sogro o não pude fazer por cauza de molestia da cuja ainda padeso rezom por que não tenho comprido com os meus deveres
[3]
portanto faso esta a saver de vmce se poso comtinuar a rosar ou não ainda que o do meu sogro me dis que vmce lhe disera que eu não rosava mais emgnorando eu o comcocomrer pr hu destroso igual o de hum mundo sem persizam alguma
[4]
eu estou aqui a coatro oras tratando do meu aranjamento e não estando este ainda acavado tive em 30 de sro o destroso de huma queimasão como a vmce lhe sera Bem constante e tendo agora outro destroso premetido
[5]
porem ate sem rezam nem cauza
[6]
ate me parese que não custara em cazo Semelhante a dezesperar hum homem com tanto destroso junto humas atras das outras
[7]
se tenho dado cauzas vivo emgnorante delas
[8]
porem deos que he qm tudo rege me dara o pago a qm for a cauza do meu destroso pois he d onde Podemos todos esperar o bom e o mau premio de tudo qto neste mundo fizermos
[9]
sendo o qto se me oferese dizer a vmce a qm apeteso huma vigoroza saude que
[10]
Deos gue
[11]
de vmce mto obrdo Sr Antonio dos Santos Alca 24 de Mo 1810

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