Contexto | António Ribeiro, ou António de Santarém, como consta na capa do processo, tinha cerca de treze anos em maio de 1547 quando se apresentou na Mesa da Inquisição declarando que tinha sido vítima de violação. Revelou que ano e meio antes, em Santarém, tinha sido conduzido por um indivíduo, alcunhado de "O Redondo", a casa de um Gaspar Mulato, onde este último "forçosamente [...] dormira carnalmente com ele uma só vez", e que durante o ato "gritara e bradara, dizendo que o deixasse, e saíra da dita casa chorando" (fólio 2r). Reportou ainda que, noutra ocasião, dois conhecidos do mencionado Gaspar Mulato o tinham convidado "para poderem pecar com ele", mas, pelas suas declarações, desta vez não foi molestado. Apesar do que reportou, foi dado como culpado e degredado para Coimbra. No ano de 1549, o Santo Ofício deu permissão para que António Ribeiro e uma Catarina Figueiredo, criada de Garcia de Sá, contraíssem matrimónio. Por declaração existente no processo (fólio 13), é possível saber que a sua união já decorria clandestinamente. |