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Maarten Janssen, 2014-

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1725.Carta de Maria Mendes de Abreu para o filho [Duarte Rebelo de Mendonça], tratante.

ResumoA autora avisa o filho de que é procurado pelas autoridades e aconselha-o a ser cauteloso; ralha-lhe também por ele se ter desentendido com o irmão. Refere ainda dois documentos que acompanhariam a carta.
Autor(es) Maria Mendes de Abreu
Destinatário(s) Duarte Rebelo de Mendonça            
De Portugal, Pinhel, Penela
Para S.l.
Contexto

António Soares de Mendonça e o seu filho Duarte Rebelo de Mendonça, ambos cristãos-novos, perante a prisão e confisco de bens de pessoas que lhes eram próximas, não se contiveram e terão tecido palavras “afrontosas e injuriosas” relativas ao comportamento dos oficiais do fisco. A sua ousadia tornou-os foco de devassa pelo Santo Ofício e acabaria por lhes custar a liberdade, não sem antes o filho ocultar os bens que tinham. Efetivamente, a família tinha fama de ser particularmente opulenta. O pai veio a ser preso em agosto e o filho em meados de setembro, na sequência de testemunhos acusatórios.

É no processo movido contra Duarte Rebelo de Mendonça que se encontra o conjunto de quatro cartas que foram usadas como prova instrumental contra o réu. Quanto às circunstâncias que presidiram ao seu conhecimento por parte do Santo Ofício, uma das cartas foi usada como prova de denúncia pela portadora (PSCR1721). Com efeito, estando Duarte preso provisoriamente nas casas do despenseiro do Santo Ofício, em Coimbra, socorreu-se de uma criada para comunicar com o exterior. Relativamente aos restantes escritos anexados ao processo, não são referidos detalhes que nos permitam perceber se foram entregues por terceiros, encontrados por busca ou deliberadamente entregues pelo próprio réu, Duarte Rebelo de Mendonça.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita no rosto do primeiro fólio e no verso do último.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 5247
Fólios [25]r
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Leitão
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2015

Texto: -


[1]
Meu Filho do meu corasão
[2]
recebi a tua carta que muito estimei pello seguro q me das da tua boa saude
[3]
premita noso sr aumentarta pa meu alivio
[4]
eu cada ves mais tulhida maois de toda a sorte dte emvio a minha bensão com a Deos q te cubra e te peso andes com cudado pois reseio que te prendão pois tambem ja prederão Anto de d amaral e o sesteiro a outro dia q diguo
[5]
aqui te buscam mto e andão tirando emculquas de quem entra em caza pa saberem aonde estaras
[6]
não sei se te busquam pellos bemz se por respeito de Manoel
[7]
eu não mandei lansar senão em par de saquos de farinha
[8]
faras petisão pa ver se te despacham q nos dem as cazas q qua não deferem a nada
[9]
vai a petisão e sertidão do mediquo
[10]
la detreminaras o que te pareser
[11]
qua me dise mulher de são joão que tu peleijaras com Anto
[12]
bem me bastão as pena que eu tenho senão ainda darme estas mais esas e mais da forma que estam os tenpos
[13]
asim a por te peso te ajas com pordensia pois não se comtem em couza
[14]
a Deos q te gde como mto quero
[15]
Penella 7bro 11 de 1725 tua Mai q mto te quer Maria Mendes de abreo
[16]
Vai esa carta que veio na no correio
[17]
mandame noticia de estevão que a não tenho tido

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