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[1500-1599]. Carta de Jerónimo Gonçalves, preso no aljube, para destinatário não identificado.
Autor(es)
Jerónimo Gonçalves
Destinatário(s)
Anónimo381
Resumo
O autor dá diversas instruções a um seu amigo no sentido de o ajudar na respetiva defesa.
Texto: -
[2]
agora vejo quã mofino sou porq cria q estaveis
pa rezadeuo acodisme cõ o pareçer do meu procurador
[3]
nõ queira q viseis nẽ foseis a casa porq nõ foi
o q eles dizẽ e não oysa palavras nẽ de fallar
[4]
dixe q deseis cõta ao gramaxo q he meu amigo
[5]
tinha ja cõ ele praticado.
[6]
ora os papeis ql
cada hũ me custa mto trabalho
[7]
nõ
a preposito e vos aveis de respõder palavra
ao q eu digo porq tudo me releva sãti
cẽ olhos e cerrar a boca e fazerdes e calar
[8]
olhos no q pasa ẽ elvas e ẽ barbacena e
maneira se livrão os homẽs e hão de
aqui e vos aveis de estar ẽ lixa.
[9]
bẽ
avieis a mel sarda como eu vos dixe
[10]
sabe
mto negocio e se me deixarão estar donde
outros presos eu fora livre
[11]
mas de medo
nesta casa donde estou pelejãdo cõ lioes
nõ me da nada q tenho coração pa estar
hũ forno
[12]
se me agasto he porq me vejo
[13]
e daqui ter escritos çẽ papeis sẽ ver fazer
q he neçesario ter quẽ requeira minha justiça
[14]
nada disto me daa q do mais tenho
tudo e sou mais homẽ do q nïguẽ cuida
q tudo me custa mto trabalho.
[15]
quãto ao q
he cousa de pruizo nẽ eu tinha mais
[16]
do fialho tratavam e cousas q todos nõ
o arcebpo fora outro soo cõ isto q lhe dixe
mãdar soltar, o q agora aveis de fazer
caminho de lixa
[17]
seqr q saibão eses sors q
e q poso prouverme e la cõ eses apõtamtos
cõ o pdor da legacia e verdes o despacho dese sor
[18]
apresentaio e se não nõ falo mais
nada e faço
sermão
[19]
me veo psrar a snça do castelhano q ẽ nove dias
eu nomease fazenda
[20]
dixe q nõ tinha fazenda q toda
minha mas e q apelava,
[21]
no mesmo dia a noite me mãda
q me avião a excõm por levãtada mas iso nõ ïporta
lixa
[22]
juntamte trazei apelação dela, e de como me he
culpo ir ese moço
[23]
tenho dito q me escreva ẽ
o sabendo q nõ tenho ca outra cõsolação senão
pasa.
[24]
se vos o provisor diz q tẽ duas tas po
não tenho nomes e tas pa cõtraditas nẽ os quero
[25]
pdor nõ tẽ arezoado nẽ vio o meu feito como
daqui a quatro meses.
[26]
digo q nove meses
mto trabalho e q ja nõ poso mais agora
lixa e senão buiscai qnd va e nõ falo
[28]
vede iso como he q ainda
nova .
[29]
escreveime logo se derão trigo a minha
se partirão o cileiro e se tomarão os trimta mil rs
[31]
e minha mai como nõ vem ca
as q forão a elvas a d agora e outra q foi
alvo se as derão e se ha reposta q me releva
cõ do perẽz
[32]
e vede se ha cousa de algũ
[33]
e ao arcebpo como estou desta manra q me
frco roiz se apresentou ja o seu escrito
mta e logo vos parti.
[34]
ate qui tinha escrito
. digo a minha mai q se nõ agaste q eu estou
e cõsolado
[35]
se puder ser mel frz hir a lixa folga
quẽ qr q seja.
[36]
eu quisera sair se aos
o se tinheis q q isto sinto e mais
e tãoto o q la pasa, ou se fizerdes algũa
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