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Maarten Janssen, 2014-

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1587. Carta de [Ângela de Noronha], madre prioresa, para Estêvão Magro, arcipreste.

Autor(es)

[Ângela de Noronha]      

Destinatário(s)

Estêvão Magro                        

Resumo

A autora pede notícias sobre Joana de Mendanha, relembra os tempos em que viveu na Covilhã e fala das suas funções de prioresa.

Texto: -


[1]
Snor
[2]
porq sey quãtas obrygacõis teve ha vm mynha pryma dona amgela q ds tem me atrevo a lhe pidir mces q sey não as negara ha mỹ como fazia ha ella mto
[3]
grãde sera pa mỹ mãdarme por letra sua ha verdadeira emformacão das maravilhas que ds tem mostrado na sua serva joana de mẽdanha fa q foi de tristão da veigua he de oryana Rybeira q eu bem conhecy he me lembro q quãdo estyve em casa de minha tya dona joana de castro nesa vila hia la mtas vezes oryana Rybeyra seu filho da veyga he outra minyna mays peqna q me parece seria esta snora em quẽ ds tãto ho seu spirito q me afirmarão q nos dias de comunhão estava des as sete oras hate as tres depois do meio dia emlevada em ds he depois q acorda diz mtos louvores seus em latim de q mostra ds grãdes maravilhas e virtudes nela
[4]
vm mo aserva tudo ho q nisto passa p mynha cõsolação he vertude em cousas de seu serviço q tudo farei como justo he q leva hũas Relyquyas da sta prioresa d anunciada
[5]
me fara m dar de seu ha esa sta Regitada da sua letra para minha cõsolação a qual tambem terei em ver da letra de vm a quẽm o snor de mta vida pa ela lhe fazer mtos sirvicos
[6]
não faço lembrãça de mais a vm porq me parece q se lembrara de hũa moça prima de dona amgeLa q chamavão dona ma q estava em casa de dona Joana a velha mãy de jorge cabral
[7]
o nome q tynha me tyrarão quãdo tomei ho abito em Jhu d aveiro domde me trouxe ho noso provỹcial pa sirvir neste posto de prioresa quatro annos mto cõtra mynha võtade
[8]
mas sacrifyqueime pola obediencia e padeço aquy mto grãdes trabalhos por ser este mosteiro mto pobre he ter setemta freyras da porta hadentro
[9]
he pa alivio destes trabalhos peco a vm mtas novas suas he desa subrïnha q por ella ser desa teRa honde eu criey he fa de gẽte q conhecy me alegrerey grãdemẽte com todas as mces q ds lhe tem feytas
[10]
he mais como eu sou grãde pecadora estimarei mto ter esa sta pobresynha ds como tãbem estymo ter mta amizade ha sta preoresa d anũciada quẽ me cõfio he dela tenho cada dia oracão hao seu esposo he cuydo q suas oracões sou mto ajudada de nosa sra pois desta casa tão pobre nũca faltou mantymto pa as Religiosas depois q estou nela posto q mto trabalho meu
[11]
vm me perdoe por letra tão cõprida e vỹguese de mỹ em me escrever outra mto mais cõprida de novas suas he desa esposa de xpo ha quẽ mto amo no snor
[12]
he quãto mais depresa me vm mãdar a Reposta tãto mais alegre serei
[13]
he venha por ppa segura pa lho mãdar ho mimo q este não pode levar porq desejo eu fazer mtos sirvicos ha vm e pecolhe q me escreva se se lembra daqle tpo q eu la estava casa de minha tia dona Joana de castro
[14]
e pera eu ser certa diso me mãde algũs sinais porq serei iso mto alegre
[15]
o snor Jhu de a vm ho seu divino amor he o tenha de sua mão
[16]
feita dia de corpus xpy de 87
[17]
mãdo a vm dẽtro nesta hũa espogynha que me mãdou ha sta pryoreza d anũciada de quẽ me dizem q he mto mimosa esa snora
[18]
tãbem disto me mãde novas
[19]
e a maior m q lhe peso he sumario de todas as mçes q noso snor tem feitas ha esa sta pa minha cõsolação he vaydade he de ser freira

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