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[1779]. Carta de Gaspar Francisco de Sousa para Sebastião Luís da Silveira, padre.
Autor(es)
Gaspar Francisco de Sousa
Destinatário(s)
Sebastião Luís da Silveira
Resumo
O autor conta ao amigo as últimas novidades, nomeadamente sobre o ultimato do seu irmão para que fosse para Angola ou Índia.
Texto: -
[1]
Ao e Snr do C Saberá q segunda fra me mandou
dizer meu Irmão pelo Bmeu q eu lhe disera a elle
em Queluz dia dos anonos d el Rei q era precizo ver o ca-
minho q eu avia de ter;
[2]
e q como lhe respondera lhe daria
a reposta a S Exa, me mandava dizer q escolhese hir ou pa
Angola, ou para a India para asim requerer o que eu
quizese:
[3]
Fiquei eu pensativo; mas não por muito tem-
po, porq logo me descubrio o do Bmeu q o q Bisconde lhe
tinha dito fora, q era tempo de eu sahir, e q não havia de
estar sempre prezo;
[4]
e q o meu Irmão o mandar-me fazer a
quela escolha, era para ver se eu cahia em escolher al-
güa das duas partes, e elle com a ma Carta fazer requeri-
mto fingindo ser ma vontade, e pregar-me o calo;
[5]
porem
eu meditando nisto escrevi-lhe e mandei-lhe dizer, que
nem pa huma, nem para outra parte queira hir; pois eu não
tinha cometido couza para me Castigarem:
[7]
e logo hontem 3a fra pela manham veio o do
Bmeu outra vez com hüa Carta de meu Irmão onde
me dezia, queria saber a vida q eu queria seguir, para Com
a dita reposta falar ao Bisconde:
[8]
Acabei de Ler a Carta
e virando-me pa Bmeu lhe dise q estranhava a aspereza
do recado q me trouxera, e a brandura da Carta Com elle me
escrevia:
[9]
respondeo-me Bmeu q meu Irmão ja não falava
em Angola e India, e q me mandava dizer queria saber
o estado q queria eu seguir, fosse o q fosse ou Clerigo, ou fra-
de ou sentar prasa; e q meu Irmão andava com seu re-
ceio q a Rainha me mandase soltar:
[10]
Com estas informaso-
ens, fiz a reposta a meu Irmão, onde lhe mandava dizer, q
como elle dezejava saber a vida, que eu queria seuguir devia
supor, q queria lhe falase sinsera e verdadeiramte, e q nes-
ta já era obrigado a dizer q a vida q queria seguir era
a militar,
[11]
e q perdoa-se elle se eu o não obsequiava na ma
Na ma resolusão.
[12]
Isto foi hontem, e não sei o que
pasou depois:
[13]
porem como me lembro não atrapalhe
meu Irmão alguma Couza, lhe faso este avizo, pedindo
lhe me queira notisiar se há alguma novidade, ou se
já Comesou o meu requerimento, posto q ainda não
tenha remetiso dinhro,
[14]
porem depois q Cá veio ainda
não recebi nem sinco rs, e por este motivo mandei o
Joze hoje à Porcalhota, porq de Camo hia pa Queluz
com Miguel Joaqm q foi entrar guarda,
[15]
a ver se cobra
algum dinhro ainda q pouco para lho mandar: o Porta-
dor
[16]
porem ainda q hé soldado hé mto fiel, e tenho Com
elle a mesma Confiansa, q Com o Joze, e pode-se fiar de-
le para me responder de toda a sorte:
[17]
Remeto hüa
atestasão do Coronel desta Prasa do meu bom prosedimto
[18]
e não remeto prontamte duas mais hüa do Major, e ou-
tra do Cura, por acontecer se acharem hontem ambos
fora desta Prasa;
[19]
e como lhe quiz sem demora dar-lhe
parte disto, por este motivo não esperei, e mando somte
a do Coronel q já tinha:
[20]
e já há quinze, ou vinte dias
mandei a meu irmão outras tres attestasoens, por me
constar, q elle dezia q tinha ca feito muitas dezordens,
e quiz ter o gosto de lhe dar com elles pelas barbas:
[21]
amanham
porem, ou sesta fra Lá mandarei as duas que faltão.
[22]
Se
quizer mandar-me hum rescunho para a Carta do Conde
Cantanhede, se lhe parecer Conveniente, pode vir pelo Por
q eu farei, e remeterei em as duas attestasoens.
[23]
Espero que participe isto a D Anona, pois lhe sou
muito obrigado, e elle se interesa em todas as minhas
couzas.
[24]
Tenha saude, e deme oCazioens de lhe obe-
deser.
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