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Maarten Janssen, 2014-

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1609. Carta de Teodósio Henriques, [mercador], para Heitor Mendes.

ResumoO autor notifica o destinatário sobre vários negócios e informa-o da chegada de Jorge Rodrigues Jorge a sua casa, em Florença.
Autor(es) Teodósio Henriques
Destinatário(s) Heitor Mendes            
De Itália, Florença
Para Portugal, Lisboa
Contexto

A carta presentemente transcrita encontra-se entre os vários papéis que compõem o sumário das culpas de Jorge Rodrigues Jorge, mercador de Lisboa acusado de judaísmo em 1609, que nunca foi preso pelo Santo Ofício pois estava ausente. Segundo várias testemunhas, ao sentir-se perseguido, o mercador fugiu para Roma para tentar limpar a sua honra. Esta carta, que menciona a sua passagem por Florença, provavelmente foi utilizada como pista durante as diligências que os inquisidores fizeram para encontrar o réu, ou como denúncia da sua fuga, mas não existe informação no processo sobre quem a entregou nem sobre as circunstâncias da entrega.

Devido à sua ausência, e consequente impossibilidade de se reconciliar perante o Santo Ofício, Jorge Rodrigues Jorge foi relaxado em efígie à justiça secular.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 747
Fólios 11r-12v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300627
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2017

Texto: -


[1]
En florenca 22 d Agosto 1609.
[2]
Recebi A de Vm de 14 de Junho E per ella vejo como por a Amizade q teve con Duarte frz, encomendara a seo filho aqui o q se lhe oferecera, sen embargo do q diz Vm q ó tempo dara ocasiões nas quaes Vm se possa servir desta sua casa,
[3]
E asi fiquo confiado á favorecera Vm, en lhe encomendar, parte, senão tudo, de negocios, pois A Ds gracas ó Pode fazer na cantidade que quizer,
[4]
que sempre asi seja E tenha Vm as felicidades que Dezeja.
[5]
E de mi lhe Afirmo q en ó q me encomendar farei o possivel per ó servir E Avantajar suas couzas, E en algũas ó poderei fazer particularmte nas remessas do dr pq de ordinro suquo dinro pellas cassas de Roma, en direitura á essa cidade q creo sempre sae milhor q remetido p Bisensão, E sen tantos risqos ainda q stejão das dittas;.
[6]
tocante ao q Vm me dis sobre a caregacão q estes teixas negocearão E os termos q nella Uzarão, ben fora de toda rezão, Jcerto que me maravilhou mto, maiormte q então era no tempo da compa com manuel lopez o qual tanto como os teixas creo eu que esta obrigado a dar boa conta de Ditta fazenda E pezo della en q diz Vm ouve grandissa quebra,
[7]
E qto á Posibilidade de teixas não creio star oje pa se lhe pedir couza algũa prinçipalmte q elle é ido à jenova cobrar certo siguro q fes sobre hũa nao q mandava a Alicante en q lhe opoem os seguradores asi daqui como de jenova q não carregou en da nao, E q a fez perder sen tormenta, couza certo q a contalla mete medo, E a mais de 6 ou 7 mezes q anda nisto
[8]
E como os seguradores são poderosos E Astutos dãolhe q fazer, pello q tornando ao nosso ppo não creo q se pode fazer fundamto senão de mel lopez como nomeado na companhia, E creo q elle dara satisfacão a isso, pois e de rezão.
[9]
A esta casa chegou en 20 deste o sor Jorge Roiz Jorge A deus gracas con saude
[10]
sta contente da terra E pello interesse de sua conversão ben folgaria quizesse fiqar nella,
[11]
que ó q asentar premitta ds seja pa ben E A Vm guarde mtos Annos como Pode.
[12]
Theodosio Enriquez

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