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Maarten Janssen, 2014-

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1642. Carta de Cristóvão Leitão de Abreu, ouvidor-geral, para [António de Faria Machado], conselheiro do Vice-Rei da Índia.

Autor(es)

Cristóvão Leitão de Abreu      

Destinatário(s)

António de Faria Machado                        

Resumo

O autor fala a um seu superior de diversos assuntos de jurisdição, queixando-se também do pouco que ganha.

Texto: -


[1]
Largamente escrevi a Vm e ao Snor Conde V Rei e a Snra Rollação muita papellada pello q não sou Largo nesta
[2]
tudo foi no maço de Dom Phellippe q não deve faltar, e posto q coatro dias q escrevi pella Larga distançia, podera suçeder chegarem primro as Ultimas
[3]
Recupelativa dicam.
[4]
Sentençees em Rollação os mesmos adjuntos nomeados no meu alvará a luis de macedo em sinco annos de degredo pera damão e seiscentos mil Res pera as despezas da Justiças e Alçada e a primeira e entendo que serâ a derradra condenação de dro que farei, porq seis mezes q estou nesta trra sem condenar pessoa Viva nẽ morta q hũa das Couzas por q o povo E a Cidade me fazem protestos, e cometẽ partidos pera aver de me dilatar prometendome sallario do Dezembargador e aposentadoria das cazas e outros partidos semelhantes
[5]
como Vm deve de ter visto por suas Cartas.
[6]
Eu não quero Viver em Ceilão q trra de grandes falçidades e se me não emgano me pareçe que tenho mereçido bastantemte ser companheiro desses Colegas meritissimos.
[7]
Eu quero falar com Vm clara E Verdramte como verdadro amigo Snor Anto de faria pellos Sanctos eVangelhos da misa que tenho gastado nesta Cidade todo o dro que tinha pera me hir pera o Reino pq me não tem isto importado em Vinte pardaos
[8]
digo afora o ordenado o qual tão Li-mitado que muito mal me chegua por estar mto Cara esta trra o Levantamto dos negros e isto são puras Verdades: Eu não asseito a nenhũa pessoa mais que ao- geral Saguates de mimos de Comer e pellos mesmos Sanctos eVangelhos q não psa nenhũa q me offereça outros como devẽ de ter muitas Vezes Escrito e boa testa desta Verdade o pobre Dinis da fonçequa q para se sustentar foi nessecro emprestarlhe eu duzentos czos por não termos athe agora de q nos pagar os ssalarios
[9]
elle estâ muito meu agravado
[10]
não ssei o q escreveria a Vm E a cauza porq lhe não deixo Levar dobradas as Custas do modo q as leva do Vigro geral tendolhe dito que faça hum Rol de todas as Custas que lhas quero pagar mta Vontade
[11]
e faço isto porq o q mais se sinte no povo.
[12]
Tambem tirei os istillos do Tronqo q hera modo de furtar aos q de novo entravão Como tãobem tirei as abuzões dos meirinhos q em pondo a mão em qualquer peçoa mas q fosse o mais mizeravel negro o não ssoltavão se lhe dar pardao da prizão, e outros muitos abuzos e ladruiças q avia na administração da Justiça Civel, e Crime que de tudo conheço
[13]
geralmte com q não tenho hora de meu nẽ para comer nẽ para dormir porq o geral Levame todas as noites imfavelmte e o menos q gasta em cada hũa são quatro ou ssinco horas E chove sobre com portarias cada dia sobre varias materias e tantas imformaçois q pera isto avia mister todo o tempo, e como me acha Limpo de mãos fia tudo de porque elle tãobem o , mandeme Vm ordem pera me hir de qualquer modo e ssem embargo de todos os embargos
[14]
se alguas cartas forẽ contra devem de sser de frei franco da fonçequa ou por sua ordem
[15]
dilateçe Vm em lhe dar credito athe me ouvir e ler as minhas papelladas et postea amicus Plato sed magis amica veritas; torno Certificar a Vm e juro por toda nossa amizade q a não ter o encontro com o Vigro e Bispo q pudera aLevantar este povo, q tão bem q visto estou e pello mesmo digo q fui forçado E contra minha vontade e o tenho ssentido n a e no Coração; Mas não me foi pocivel outra couza como Ds testemunha
[16]
o q mais ouve nisto não pera Carta.
[17]
Pareçeume que devo advirtir a Vm o ssentimto que dom Phellippe teve da Carta q lhe escreveo o V Rei bem fora de sseus mereçimtos porq tem obrado mais do q se podia dezejar, e o mais capax talẽ-to de grande governo q ca tenho visto
[18]
e sseu Irmão estâ esse grão pessoa
[19]
e sse ouver oCazião os oLandezes ha de mostrar q bom soldado.
[20]
Ao Rei de Mattalle obrigão a vir Vi-ver dentro na Cidade
[21]
Segundo q nisto ouvi emtendo q a elle e a nos Comvẽ fazello porq homẽ mto vario
[22]
e Chingalla hẽ grande meu amigo
[23]
do mais deve avizar o geral q tão bem o hẽ de Vm a quẽ Ds gde como eu dezejo
[24]
Colbo pro de Março 642 de Vm Christovão Leitam de abreu

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