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Maarten Janssen, 2014-

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1549. Tradução de carta familiar de Estêvão de Torres, joalheiro e lapidário francês, para a mulher, Ana, "A Castelhana".

ResumoO autor diz à mulher para descobrir as testemunhas que contra ele depuseram, bem como o conteúdo do respetivo depoimento.
Autor(es) Estêvão de Torres
Destinatário(s) Ana, "A Castelhana"            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Lisboa, Rua Nova dos Ourives
Contexto

No processo de Estêvão de Torres, encontram-se três cartas suas em francês e as respetivas traduções, ditadas pelo próprio por ordem dos inquisidores e registadas nas atas das sessões de interrogatório. Estêvão de Torres, residente havia dez anos em Portugal, foi preso pela Inquisição a 19 de setembro de 1549, acusado de comer carne durante a Quaresma e outros dias defesos e de crer e proferir afirmações consideradas heréticas. Em novembro de 1549, fugiu do cárcere com outros presos e tentou, sem sucesso, contactar um seu compadre, Mestre Gascão. Em Vale de Cavalinhos (Vale de Santo António, perto da Bica do Sapato), pediu uma capa emprestada a um castelhano, entregando como penhor uma "boeta" ("caixa") com pedras. Ao fim de dois dias de fuga, foi descoberto e de novo preso. Da prisão, escreveu estas três cartas à mulher, Ana "A Castelhana": a PSCR1149 foi, provavelmente, escrita antes da fuga e as PSCR1150 e PSCR1151, seguramente, após ser de novo preso.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 350
Fólios 53v-54r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300224
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2015

Texto: -


[1]
Ana eu vos Rogo q pgumteis quem são aqles q me vyerão A culpar Aos imquisydores e lhe pgumtay o q diserão de mỹ na vdade pq elles me mostrarão hũu lybelo todo novo no ql ha nove ou dez tas contra mỹ As qes dizem cousas q jaamais eu pemsey nem sonhey
[2]
eu sey quem he vymdo A dizer q eu comy de hũua lebre
[3]
pgumtay A Xo ou A charles de lecery e mo mãday dizer e q||que dizem pa q eu diga sy ou não
[4]
eu não sey quem dise q eu comya de hũu lombo de pco na coresma comigo e q todos os dias eu tinha jemte A comer comigo da carne e dise q eu estava doente mas q Amdava em pee
[5]
eu creo bem q hos Imquisydores lancarão mais do q he pa v o q eu dirya
[6]
eu sey quem foy o q falou da lebre e querya o saber pa q diga sy ou não
[7]
hos ourivez me diserão q falarão de lebre
[8]
eu vos Rogo q me mandeis a Respta pa saber.

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