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Maarten Janssen, 2014-

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1576. Carta de Gonçalo Eanes, serrador e homem que vivia de sua fazenda, para Gregório Serrão, padre da Companhia de Jesus

ResumoA autor pede ao destinário para tomar providências de modo a que a mulher embarque para o Brasil.
Autor(es) Gonçalo Eanes
Destinatário(s) Gregório Serrão            
De América, Brasil, Bahia
Para Italia, Roma
Contexto

A presente carta encontra-se no processo de Catarina Dias, "A vidreira" (vendedora de vidro na Ribeira de Lisboa), presa a 11 de novembro de 1576, por culpas de bigamia. Casara em Lisboa com João de Medina, calceteiro, estando já casada com Gonçalo Eanes, ainda vivo. Cerca de vinte anos antes, poucos meses depois de se ter casado com Catarina Dias, Gonçalo Eanes partira para o Brasil onde exercera a profissão de serrador. Em 1576 já vivia da sua fazenda, tendo escravos serradores em sua casa. Encontrando-se muito doente, escreveu ao padre Gregório Serrão para ele tentar que a mulher fosse ter com ele. Em abril de 1577, o padre Gregório Serrão, que na altura residia em Lisboa, no mosteiro de Santos, entregou a carta na Mesa do Santo Ofício, abrindo o processo de Catarina Dias, no decorrer do qual as testemunhas chamadas à Mesa do Santo Ofício e que tinham estado com Gregório Serrão no Brasil afirmaram que ele estava muito doente e com "ruins cores".

Catarina Dias, "A Vidreira", foi sentenciada a degredo para o Brasil, para se reunir ao marido, mas fugiu (possivelmente para Almada) antes de cumprir a pena.

Request letter sent from Gonçalo Eanes, a sawmill owner, to Gregório Serrão, a Jesuit priest.

The author asks the addressee to try to make his wife join him in Brazil before he dies.

Catarina Dias, a woman who sold glass in the Lisbon market square was arrested and accused of bigamy by the Inquisition in 1576. She had married a sawmill worker, Gonçalo Eanes, twenty years earlier, just before he went to Brazil, where he became rich as a sawmill owner. He lived by his rent and had several sawmil slaves in his house in Bahia. Catarina Dias remarried a paver, João de Medina, while her first husband was still alive and the letter here published was given to the Inquisition by its addressee as a proof of her guilt.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2972
Fólios 16r-17r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2302908
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2015

Texto: -


[1]
snnor
[2]
hũa me derão de vosa reverencia na qual bem vejo quanto fez meus neguocios acerqua de minha molher
[3]
ainda não desconfio da graça de noso snnor nẽ da esmola que vosa reverencia me fara quando ho noso senhor troucer de roma
[4]
quanto ha largua comicam que a sua me diz não he necesario porque bem sabe de mimha veradade porque eu não desejo outra cousa senão meter minha molher de posse do seu antes de minha morte
[5]
esta he a verdade sẽ outra ma vontade e portanto quis escrever ou pera milhor dizer risquei de minha mão
[6]
nisto não a mais que lhe ẽconmendar porque bem sei q ho fara por amor de noso snor
[7]
eu não escrevo a minha molher porq me não respondeo a carta que vosa reverencia lhe deu
[8]
eu não mando nada por não ter por quem
[9]
vosa reverencia pode tomar tudo ho que se ouver mister e eu paguarei aos mercadores todo ho ẽtrse de seu dinheiro
[10]
e por esta mn minha carta me obriguo nisto e no mais de conprir como se fora escritura prubica ver asinado de vosa reverencia
[11]
e por aguora não digo mais senão q fico rogando a noso snor que traga a vosa reverencia a esta tera com paz e saUde de como todos dezejamos
[12]
feita na baia oje 26 de julho de 1576 anos
[13]
do seu devoto gonsal eanes

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