Illustrissimo e Excelentissimo Senhor Tendo eu sabido da ordem que Vossa Excelencia mandou
expedir para a prisão de Januario da Costa Neves, de
Francisco de Alpoim, e do Administrador da
Imprensa de Neves, e que a diligencia se malograra por
hum engano; apezar do risco a que me expunha
julguei dever voltar a casa do primeiro, como com
effeito fiz esta manhãa, e soube que não houve o
menor pressentimento, ou desconfiança. Pode portanto
effeituar-se a mesma diligencia esta noute
tomando-se as necessarias medidas para se não
malograr o empenho.
Esta occasião he a mais opportuna: os desgraçados
não desistem do projecto de imprimir hoje a
proclamação incendiaria, de que querem encher as
Provincias, e depois a Capital; não espalhando por
ora nenhum exemplar em Lisboa para o fazerem
passados dias, a fim de que os que apparecerem
vierão das Provincias digo se julgue que vierão das Provincias
He justo Excelentissimo Senhor atalhar o mal agora que
esta na sua origem, ou pelo menos que não tem
abrangido muitos individuos; porquanto, que eu
saiba, nenhum outro socio alem dos ja por mim
referidos, entra neste plano destruidor.
Rogo a Vossa Excelencia que se lhe parecer justo leve esta
Participação á Presença de Sua Magestade que
determinará o que for servido Deus Guarde a Vossa Excelencia
1 de Junho de 1822
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor Jose da Silva Carvalho
Rodrigo da Fonseca Magalhães