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Maarten Janssen, 2014-

CARDS2197

1795. Carta de Domingos Vandelli, diretor do Real Jardim Botânico, para Dom João de Almeida de Melo e Castro, diplomata.

ResumoO autor dá indicações sobre o percurso de certas amostras de flora que remeteu ao Conde das Galveias e que parecem não ter chegado ao destino. Pede um gasómetro e plantas para o Jardim Botânico, prestando-se a enviar outras em troca.
Autor(es) Domingos Vandelli
Destinatário(s) João de Almeida de Melo e Castro            
De Portugal, Lisboa
Para Inglaterra, Londres
Contexto

Biografia de Vandelli, da autoria de António Amorim da Costa (cf. site da Sociedade Portuguesa de Química http://www.spq.pt/)

Domenico (Domingos) Vandelli (1730-1816)

Domingos Vandelli, naturalista e químico, nasceu em Pádua em 1730. O pai, G. Vandelli, era médico e professor na Universidade de Pádua. Domingos Vandelli foi educado nesta cidade e doutorou-se m Filosofia na Universidade local.

Em 1772, o Marquês de Pombal (1699-1782), Secretário de Estado do Rei D. José I (1714-1777), decretou a reforma da Universidade de Coimbra e convidou Vandelli para lecionar História Natural e Química na Faculdade de Filosofia, tendo-lhe sido conferido, para esse feito, o grau de doutor em Medicina e Filosofia. Nesse mesmo ano, Pombal notificou Vandelli que as suas atribuições incluíam também a organização do Jardim Botânico, do Museu de História Natural e do Laboratório de Química daquela universidade. Vandelli dedicou-se especialmente ao Museu e ao Jardim Botânico e, em conjunto com o físico italiano Dalla Bella (1726-c.1823), elaborou o primeiro plano para o Jardim Botânico, tendo escolhido o local para o instalar, em 1773. Todavia, Pombal não aprovou este plano por considerá-lo demasiado extravagante e dispendioso. Só quando Felix Avelar Brotero (1744-1828) foi nomeado professor de Botânica e Agricultura em 1890, é que o Jardim Botânico veio a ser cientificamente organizado.

Entretanto, Pombal tinha já os planos para o Laboratório de Química, que foram trazidos de Viena de Áustria, a seu pedido, por Joseph Francisco Leal. Enquanto o Laboratório estava a ser construído, foram montadas instalações provisórias no Real Collegio das Artes, de modo a dar cumprimento aos Estatutos da reforma da Universidade de Coimbra. Vandelli iniciou a atividade docente nos domínios de História Natural e da Química em maio de 1773. O tema principal da sua primeira lição de química foi a afinidade ou atração química, cujos princípios exemplificou, realizando diversas demonstrações. No entanto, Vandelli relegaria para um plano secundário o ensino da química, facto que suscitou a atenção do Reitor da Universidade, D. Francisco de Lemos, em 1774. Os múltiplos cargos e os interesses de Vandelli pela botânica, história natural e pela indústria, terão contribuído para esta situação.

Nos anos de 1780, Vandelli sugeriu que um edifício vago, pertença da Universidade, poderia ser utilizado para fins lucrativos, dando origem a uma fábrica de porcelana de que veio a ser diretor e que ficou conhecida como Louça de Vandelles. A fábrica rapidamente se tornou numa das melhores da região e, em 1787, foi concedido a Vandelli o privilégio exclusivo da venda desta loiça. Deste modo, o naturalista e químico italiano envolveu-se cada vez mais nesta atividade, negligenciando as suas funções na universidade, especialmente, o Laboratório de Química, que gradualmente ficou entregue à iniciativa de lentes substitutos e demonstradores, dos quais Thomé Rodrigues Sobral (1759-1829) e Vicente Coelho de Seabra (1764-1804) foram os que mais se destacaram.

Em 26 de setembro de 1786, uma Carta Régia da Rainha D. Maria I (1734-1816), lembrava a todos os professores da Universidade de Coimbra a grande importância que, no cumprimento dos Estatutos, tinha a elaboração de manuais de ensino originais. Vandelli foi então dispensado da docência para poder dedicar-se à escrita dos Prolegomena ao sistema de Lineu, bem como de um manual de química, tarefa que nunca chegou a cumprir.

Em 1787, Vandelli veio para Lisboa a fim de superintender aos trabalhos preliminares para a instalação do Jardim Botânico do Palácio Real da Ajuda. Apesar dos diversos cargos para os quais viria a ser nomeado e da sua ausência de Coimbra, Vandelli manteve os lugares de Diretor do Laboratório de Química da Universidade, bem como o de membro da Congregação da Faculdade de Filosofia. Por volta de 1791, Vandelli aposentou-se do cargo de diretor do Laboratório de Química, mas manteve o salário correspondente que, inclusivamente, foi aumentado pela Rainha. Thomé Rodrigues Sobral substituiu-o e Vicente Coelho de Seabra foi nomeado demonstrador. Durante as Invasões Francesas (1807-1811), Vandelli foi acusado de ser afrancesado. Apesar da provecta idade, foi deportado para a ilha Terceira, nos Açores, em 1810. Posteriormente, emigrou para Inglaterra, regressando a Portugal em 1813, vindo a falecer em 1816.

Domingos Vandelli manteve relações de amizade com naturalistas estrangeiros, nomeadamente com Lineu. Foi membro de diversas Academias e sociedades Científicas, tendo sido membro fundador da Academia Real das Ciências de Lisboa, criada em 1779. Redigiu um grande número de artigos de história natural e economia, publicados nos dois periódicos da Academia, as Memórias de Matemática e Física e as Memórias Económicas.

Contribuições Científicas

As investigações de Vandelli no domínio da química são pouco significativas. As suas contribuições científicas principais situaram-se no campo da História Natural e da economia, numa perspetiva que se integra no utilitarismo típico do Portugal das Luzes.

Suporte um quarto de folha de papel escrito no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Arquivos de Família
Fundo Casa dos Condes de Galveias
Cota arquivística Maço 9, 3, 7, Vandelli
Fólios [3]r-v
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2009

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Illmo e Exmo Senhor

Sinto mto não estar V Exa ainda entregue das sacas da semente da Serradela, o cujo reçibo do Piloto do Navio Sueco Trofast capm Jozeph Remake, eu dei ao exmo Sr Luiz Pinto. este navio partio aos 6 de Junho; assim V Exa faça diligencia pa retirar as das saccas. eu porem na duvida de algum descaminho lhe remetto esta caixinha da mesma semente. Respeito ao Gazometro, q deve ser o de Parker, o exmo Sr Luiz Pinto escreverà a V exa no primo Paquette. pa não fazer hum comprido rol de todas as plantas economicas, e medicinaes; me restringio a pedir todas as plantas economicas, exceptuando as hortaliçes ordinarias; mas sim todas, q servem pa pastos, fios, tintureria, as especies, e variedes de trigos, grãos, feijões, ervilhas, batatas e maes e de todas as medicinaes, exceptuando aquellas, q estão no Viridário Lusitanico do Grisley. eu poderéi corrésponder com algumas sementés das nossas colonias, e do Reino. Tendo eu entanto a honra de ser

De V exa Lxa 24 de Ago de 1795 Seu Venor Obo Cro Domingos Vandelli

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