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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1001

[1546-1547]. Carta de Fernão de Oliveira, religioso dominicano, para [Dom António de Ataíde], 1.º conde da Castanheira e conselheiro de Estado.

ResumoO autor, que se encontra no cárcere, faz um apelo para uma rápida intervenção na causa que contra si corre no Tribunal do Santo Ofício e queixa-se de ser vítima de acusações sem fundamento, por pura mesquinhez.
Autor(es) Fernão de Oliveira
Destinatário(s) Dom António de Ataíde            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

O réu do presente processo era Fernão de Oliveira, clérigo dominicano. Muito perseguido pela Inquisição, Fernão de Oliveira fora preso em 1547 sob o argumento de fazer proposições heréticas, afastando-se dos preceitos da religião e do que era, ademais, próprio do exercício das ordens sacras, sendo dotado de um reconhecido espírito crítico, tendo-lhe sido dada a seguinte sentença: auto-da-fé de 9 de setembro de 1548, abjuração em forma, cárcere a arbítrio dos inquisidores.

O 1.º conde da Castanheira, a quem escreveu dos calabouços do Santo Ofício, em Lisboa, era seu protetor, razão pela qual o interpelou. A presente carta, porém, foi intercetada e integrada no seu processo.

Em 1551, foi libertado graças a uma provisão do cardeal infante D. Henrique, inquisidor-geral, na condição de não se ausentar do país.

À data da instauração do processo, já havia publicado a "Gramática da Linguagem Portuguesa" (1536), primeiro instrumento regulador do funcionamento da língua (acessível através da página da Biblioteca Nacional Portuguesa, em http://purl.pt/120).

Para uma biografia completa do autor, consulte http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xvi/fernao-de-oliveira.html#.VPnmXC4xs7w.

Suporte uma folha dobrada de papel de carta escrita em ambas as faces do fólio 14 e no verso do fólio 15.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 12099
Fólios 14r-v e15v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2014

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Ao muyto illustre sör cöde da castanheyra meu sör e etc sor

porq eu vym a esta terra confiando no favor de sua senhoria he bem q lhe de conta do q passo, tanto q deyxey de o ver logo me prenderam e aynda tem preso na pri-sam da inquisiçam, dizendo q deyxey de ser frade e me fuy a ingraterra e digo bem do rey de lla e outras cousas desta qualidade as quaes todas reduzidas aa verdade não chegão a ser pecado mortal, pllo que peço a Sua s faça dar brevidade a minha prisam com justiça por porq nam coma nella toda e mercee q me mandou fazer, e se tambem Sua es he servido q eu seja frade abastava dizerẽmo sem me prender e injuriar poys venho de boa vontade não pareça que me escornão a porta do curral aquelles q devião buscar as ovelhas perdidas como eu andava, e se per Sua S não vem sayba como sam agasalhados no seu reyno os homẽs que folgão de o servir e vir par elle, confyo muyto na virtude e nobreza de Sua s a quem nosso sor dee muyta vida e prosperidade

Criado de Sua S frn d oliveyra

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