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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0325

1664. Carta de frei Cristóvão do Rosário para um inquisidor.

ResumoO autor intercede em nome de uma pessoa que se quer apresentar ao Santo Ofício.
Autor(es) Cristóvão do Rosário
Destinatário(s) Anónimo446            
De Inglaterra, Londres
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito a Simão Gomes de Almeida, cristão-novo, de 35 anos de idade, acusado de judaísmo. O réu era mercador, filho de Francisco Carvalho e de Brites Gomes, casado com Guiomar Serrana, também cristã-nova, e morador em Londres. Quando o réu tinha 12 anos e vivia com os pais na Guarda, conforme testemunhou, o pai falou-lhe na Lei de Moisés, dizendo-lhe que devia fazer o jejum do dia grande que vem na lua de setembro, os três da rainha Ester que vêm na lua do mês de março, e que jejuasse sempre que alguém morresse. Disse-lhe também que depois do jejum não poderia comer carne e que não devia trabalhar ao sábado, devia vestir camisa lavada à sexta-feira à noite, não devia comer porco, lebre, coelho ou peixe sem escama, entre outros rituais judaicos. Assim, declarou-se judeu e viveu vários anos como tal. Após a sua ida para Londres, apercebeu-se de que desejava ser cristão e decidiu converter-se, tendo disso avisado frei Cristóvão do Rosário, religioso da Ordem dos Pregadores e Pregador da Rainha de Inglaterra, também residente em Londres. As cartas do processo foram entregues como prova disso mesmo.

O réu tinha quatro irmãos e uma irmã: Diogo Carvalho, mercador, casado com Grácia Mendes, António Carvalho, viúvo de Isabel Dias de Almeida, Francisco Carvalho, mercador, casado com Grácia Fernandes, Ayres Carvalho, mercador, solteiro de 24 anos de idade, e Guiomar Serrana, casada com Manoel Gomes Lisboa, mercador. Diogo Carvalho, foi o primeiro a ser preso pela Inquisição, pelo que os outros ainda tentaram fugir. No entanto, Manuel Gomes Lisboa, Francisco Carvalho e a mulher foram apanhados a caminho de Castela. Mencionado como judeu em processos de judaísmo de alguns familiares e amigos, o réu optou por se apresentar à Inquisição com as cartas que havia escrito e recebido; queria assim provar a sua conversão ao cristianismo após a ida para Londres. Julgava que, apresentando-se, poderia conseguir o perdão e alguns benefícios na sua volta a Lisboa com a família, o que de facto aconteceu. Em auto-da-fé de 23 de julho de 1664 o réu foi sentenciado a abjuração em forma, instrução na fé católica, penitências espirituais e pagamento de custas. Cinco dias depois, foi solto.

Suporte meia folha de papel escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2836
Fólios 34r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2302767
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Clara Pinto
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2016

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Tenho respondido â carta que VSa me escreveo em 3 de julho do anno passado, por duas vias entregandoas ao Em-baxador marques de sande agora que elle esta em frança mando estas regras pello official que deixou em a sua se-cretaria, nas quais falarei com mais cautela, porque suposto vão debaixo da capa d el Rei, vão por correio as dunas aonde esta a Embarcacão.

a pessoa, sobre a qual VSa me Escreveo a ditta carta de 3 de julho não vendo reposta de VSa nesta Embarcacão, veio buscar-me na somana passada, e disseme que Estava sentidis-sima de capitular com VSa cerca de sua ida, e apresentacão de sua pessoa nessa mesa, porque fazendo contas consigo nesta materia, tenha alcansado que não devia propor nenhua con-dicão, senão entregarse na misericordia dese sancto tribu-nal, o qual lhe respeitaria o buscalo donde elle Reo estava em toda a liberdade, e que estava tão conhecido de que este avia ser o Estillo de suas cartas e Requirimento, que tinha grande pena de não ter seguido este termo; pelo que se tinha resolvido, que avia de esperar segundas Embarca-cois, e avia de ir com qualqer ordem de VSa, ou fosse esta ou aquella, quer lhe concedessem tudo quanto pedia, quer não. Louveilhe muito o bom conselho que tomava, e pregun-teilhe se queria que assim o escrevesse a VSa, respondeume que assim o fizese na pra Embarcacão, e porque esta se supu-nha ja partida, veiyo ontem buscarme a pedirme que quisese logo escrever o Referido, porque ainda o podia fa-ser nesta Embarcacão que ainda estava nas dunas, es-perando vento. fui falar com çipriano de pena, que assim se chama o official da secretaria do Embaxador, se avia ordem segura pa escrever huã carta ao Sto officio, respon-deume que dandolha oje iria no correio as dunas de-baixo da capa do mosso do snr bispo de targa, e com alguas cartas q de franca avia mandar a sua magde pa irem nesta Embarcacão pareceume q devia dar este aviso a Vsa VSa fará o que for mais serviso de deus q gde a Vsa Londres 20 30 de janeiro de 1664

fr Chstovão do Rosro


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