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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1824]. Carta de Cândido de Almeida Sandoval, publicista, para Manuel Isidro da Paz, major de milícias de Setúbal.

Autor(es) Cândido de Almeida Sandoval      
Destinatário(s) Manuel Isidro da Paz      
In English

The General Superintendant of the Portuguese Police was alerted by an anonymous tip that in the jail of Limoeiro, in Lisbon, several prisoners were preparing a conspiracy against the absolutist government, which included the assassination of some of its ministers. The case was investigated and the resulting proceedings are very confusing, full of mutual denunciations and accusations, typical of the political uncertainty that characterized the fall of the 'Vintismo' (the liberal period) in 1823 and the approval of the Constitutional Chart in 1826. One of the suspects was Cândido de Almeida Sandoval, a publicist that was both the target and the source of several accusations.

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Page 59r > 59v

Preso ha um anno, inclusivo dous mezes e meio de segredo, meu caracter se havia tornado feróz, ja pela privação da liberdade q tanto conheco, e ja pelos continuados tormentos que hei soffrido; qdo chegou a tua carta, portadora das ternas expressões, filhas do sentimto de um homem de bem, e verdadeiro: A época felis a que á qual remontas tuas reflecções, meu Amo epoca na qual ambos cultivávamos uma innocente filosofia, serve a aumentar a saudade que me faz esse pormontorio Palmallense, qdo nelle fixo minhas vistas, que apenas podem estenderse alem dos grilões e ferros que meus passos limitão. Mas oh! Paz de minha Alma! minha indole não mudou; sou ainda o mesmo remdido de Palmella, do Gurjelo, sou esse companheiro de teus sentimentos transportes, que tanto agradão ao homem na idade de ouro; são emfim o sectario de Orpheu, a quem remdo o devido culto, mesmo nas mais profundas masmorras onde estive sepultado em vida; (como verás pela muzica que te remetto incluza) Jamais me passou pela imaginação (e isso é que tenho bastante), regenerar o genero humano; mas tal é o erro vulgar de meus compatriotas a meu respeito; (perdoa Paz), que acharão, que devia ser me prohibido pensar, por isso que sabia tocar piano e forte; e que sendo Portuguez, não devia apprender nos Reinos estrangeiros as malditas siencias que illustrão aos homens que as cultivão e tornão felises as Nações que as premeião; que grasnão pa o público, em bom frances ou portuguez, éra totalmte escuzado por isso q ja não existe capitolio nem Sabinos finalmte os mesmissimos trabalhos literarios, que me valerão longe de Portugal, honras e estima na pobre, na triste e na ingrata Patria minha, me reduzirão á mais punivel e lastimósa situação. Não meu Paz, teu antigo Amo jamais padeceu falcidades, jamais teve a mania de fazer-se regenerador jamais pensou de transtornar qualquer estado da Europa, onde se achou; mas sim nesta ordem social, conhecendo eu o q mais comvinha a meus enteresses, e aos enteresses publicos; desde logo, seguiu a carreira das letras entrando nellas por commercio, ou trafico q fazem os gazeteiros, das noticias q publicão revestidas á nuadez e gengadas segundo o gosto de quem as ha de engolir: isto fiz eu, pa isto tenho habillidade, isto sei eu fazer; não nunca penses, Amo meu, que o Estro q me conheces nas bellas artes se transforma-se num espirito furebando, capas, degenerar em assassino da Patria, inimigo dos pacificos compatriotas ou fernetico revolucionario se ha pouco Leis alegrão aos cobardes, pelo pricipicio ao qual elles me levarão tão bem fiz o objecto de compachão dos homens sensatos que sabem appreciar ao justo, meus trabalhos e minhas desgraças. Fui accuzado de conspirador e como fosse necessario massacrarem me deo-se-me o terrivel caracter de cabeça de conjuradores; mas onde estava essa conspiração? onde estavão esses conspiradores? todos meus coacuzados forão postos em liberdade e eu profogo, sem dro nem Amos e sem se achar prova alguma qdo fui preso q deposesse contra mim, fico preso cabeça sem e não



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