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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1817. Carta de José Maria da Piedade de Lencastre Silveira Castelo Branco de Almeida Sá e Meneses, 4º Marquês de Abrantes, para João Barbosa de Magalhães, Intendente Geral da Polícia.

ResumoO autor descreve as circunstâncis de um roubo que ocorreu em sua casa.
Autor(es) José Maria da Piedade de Lencastre Silveira Castelo Branco de Almeida Sá e Meneses, 4º Marquês de Abrantes
Destinatário(s) João de Matos N. Barbosa de Magalhães            
De Portugal, Lisboa, Palácio dos Santos
Para S.l.
Contexto

O réu deste processo é António dos Santos Botelho, oficial de Chancelaria do Marquês de Abrantes, solteiro, filho de António S. Botelho e de Ana Rita de Oliveira, natural de Belém, de 19 anos de idade, morador em Belém na freguesia de Nossa Senhora da Ajuda. O réu foi denunciado pelo Marquês de Abrantes, D. Pedro, e ficou preso à ordem do Intendente Geral da Polícia da Corte e Reino. Foi acusado de ter furtado a Miguel Aparício de Melo uma quantia em dinheiro (689 mil réis) pertencente ao Marquês de Abrantes, induzido por dois jogadores profissionais (João Gordo e Tomás), com os quais tinha perdido grandes somas de dinheiro. Atuavam numa casa de jogo da banca no Cais de Sodré, por cima da loja de bebidas do Ananás. Manuel José da Costa, Tomás João Viana, Manuel de Mendonça e José Maria de Abreu, dono e sócios da referida casa foram presos. Depois de devolvido o valor do furto ao Marquês e pagos 20 mil réis de multa, foram todos libertados. O réu terá confessado o crime e assinado uma declaração por ter sido a isso obrigado. Miguel Aparício de Melo terá levado o réu para uma casa, onde o ameaçou com uma faca de ponta, dizendo que o Marquês se contentava com quarenta moedas. Por sorte o criado Manuel António Pastor terá acudido e tirado a faca das mãos do dito Miguel Aparício de Melo, o qual, vendo-se sem a faca, pegou numa espingarda e correu atrás do réu. Desta vez, outro criado, de nome José Bernardo, tirou-lhe a espingarda da mão, mas ainda assim conseguiram prender o réu numa casa “imunda, fechada, sem cama” onde foi retido por oito dias e obrigado a assinar a dita declaração sob ameaça de enforcamento.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita no rosto e no verso do primeiro fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 42, Número 7, Caixa 85, Caderno [1]
Fólios 25r-v
Transcrição Ana Guilherme
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Guilherme
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page 25r > 25v

Ilmo e Exmo Snr

Dou pte a V Exa q proximamte fui roubado na Pessoa do Dr Miguel Apparipio de Mello Meu Advogado, e vizite em ma Caza, por hum Antonio dos Santos Botelho, q escrevia na ma Secretaria o qual tirou de huma Gaveta em q estava o Dinro rezervado pa as despezas da mma Caza, a quantia 689$000 Rs como elle confessou na Ma prezença, e declarou por escripto deante de Testemos como consta do Papel incluzo. Este Roubo, foi induzido pella suggestão de dois jogadores de Officio, q no mmo Papel elle declara, e sua Caza de jogo, os quais, sabendo, q elle era foFamilias, menor, e totalmte fora de qualqr facto, por q podesse ter aquelle Dinro; jogarão com elle, em Caza prohebida, o prohibido jogo da Banca, e lhe extorquirão a Quantia referida, q elle tambem tinha roubado. He esta pois a informação do successo q poderá ser mais circunstanciada pello Portador desta qdo Vsra assim o haja por bem; e nestes termos requeiro a V Exa se digne mandar apprehender na mão dos dos jogadores e em a tal referida Caza, a Quantia dos 500$000 Rs ou o q mais seja



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