Resumo | Brásia Maria escreve ao marido a contar o motivo pelo qual não o tem ido visitar e a mostrar-se desesperada com a separação. |
Autor(es) |
Brásia Maria
|
Destinatário(s) |
Lourenço António Espínola
|
De |
S.l. |
Para |
S.l. |
Contexto | Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros. |
Suporte
| meia folha não dobrada, escrita em ambos os lados. |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Lisboa, Cadernos do Promotor |
Cota arquivística
| Livro 305 (Caderno 113) |
Fólios
| 176r-v |
Transcrição
| Leonor Tavares |
Revisão principal
| Raïssa Gillier |
Contextualização
| Leonor Tavares |
Modernização
| Raïssa Gillier |
Anotação POS
| Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2008 |
Meu querido Lourenso e
conSolasão dos meos tristes sentidos
eu sabe Deos a Ancia e aflisa
ao q continuamte estou padecendo principalmte na terrivel imagi
nasão
de que me faltas e no rigorozo Cudado de que te concidero auzen
te o maior motivo hé eu não puder conceguir o que per tantas par
tes tenho proCurado dar remedio ao meu padecimento
pois tan
to em proCurar valias como todos os meios posiveis pa que tu não
vivas mais tempo auzente de quem sabe sentir o tirano rigro desa
rigoroza
auzencia e tirana separasão, porem espero em Deos
pois todo helle se dirige só a fim de que eu não padeça nem
tu vivas auzente da ma Compa nem
separado da ma vista
tenho hido não sô huã senão varias vezes a Caza do marquês de
abrantes nunca tem sido em oCazião que elle me queira falar ahind
da
continuo para ver se de algua oCazião pode cer o bom despaxo q
eu espero pois estou em dizer que mais emtereço eu no teu Livramto
do que tu propio
pois vejo o grande desamparo em que me acho aha hun
s poucos de dias bem doente e sem embargo diso padesendo por todos
os meios e por todos os caminhos o que
mto receio pois visto o meu des
amparo se me vir que a molestia Continua não terei mais reme
dio que hir pa o hospital pois ja que não tenho ninguem
apelare
i para os fieis de Deos; e mto mais me ademira ver a desesperasão
em que toca o ultimo fim da tua Carta a teres rezolusão de mor
rer e deos não quer a
morte do pecador, nem eu tampouco a tua
porque sô te dezo mta vida em ma compa
e para ma consolasão
e
alegria Deos te de a liberdade e o mesmo Sr a mim me Conce
da a gloria de te ver Com saude mais do que eu não logro que suposto
agora não são oCaziãoins de relatar
queixas sempre to quera
dizer para que saibas o porq ja não tenho hido o que farei em
podendo pois nunca me esqueso de ti etc
desta tua Mulher que
mto te adora e venera sentindo a tu
a auzencia
Brazia Maria