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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1735]. Carta de Pedro Francisco para o seu primo, Luís dos Santos, carpinteiro.

ResumoO autor tece críticas à atitude do primo perante a família que se encontra em Portugal, dizendo ser preferível ganhar pouco e estar com os seus do que estar longe e ganhar ouro.
Autor(es) Pedro Francisco
Destinatário(s) Luís dos Santos            
De Portugal, Viseu, Campia, Fiães
Para América, Brasil, Pará, Belém
Contexto

O réu deste processo é Luís dos Santos ou Luís André, acusado de bigamia. Após ter casado em Portugal com Domingas Rodrigues, aos treze anos, e de ter com ela vivido maritalmente por um ano ‒ casamento do qual nasceu uma filha chamada Maria -, Luís dos Santos teve de ir a Lisboa e, ao saber da frota para o Maranhão (Brasil), para lá se ausentou. Casou-se lá com Catarina Correia de Oliveira e com ela teve cinco filhos. O caso soube-se e, apesar de o processo já decorrer desde 1737, duas acusações foram formalmente feitas à Inquisição em 1744 por Manuel Cruz, cónego, a quem Luís dos Santos dirigira uma carta para saber da sua família em Portugal (PSCR0652), e por Manuel Rodrigues, homem residente no Brasil, que não conhecia diretamente o acusado. Luís dos Santos seria posteriormente sentenciado a açoites públicos e a cinco anos de degredo nas galés, de onde fugiu, tendo sido novamente sentenciado (Processo 516-1 da Inquisição de Lisboa) a cinco anos de degredo para as galés. Como prova da condição marital do réu, neste processo estão inclusas oito cartas, duas das quais da sua primeira mulher (PSCR0642 e PSCR0649).

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nos dois rostos.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 516
Fólios 31r, 32r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300390
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 31r > 32r

Fiais hoje Meu Amo e Snor Luis dos Santos

Recebi hua de vm em 25 de 7bro de 1735 a coal me cervio de grde alivio por nela me relatar que lograva filis saude noso senhor lha aumente pellos anos de seu dezejo e da minha se podera cervir q ao prezente he boa deos Louvado para todo Senpre e fica mto ao seu dispor para empreguar em ocaziois de seu cervico tendo eu algão prestimo nesta terra e a Senora minha may e minha compa e minha irma maria se recomendão com mtas lenbrancas porqto são todos os que ha em caza minha avo levoua deos a 22 de dezenbro de 1735. Sor Luis dos Santos eu li a carta que vm mandou a sua gente de cercoza em q me não pareceo mto bem a reposta que vm lhe mandou a cual lhe cervia mais de pena do que de alivio e a cual hera sem culpa pello que me dezia porqto a Senora dominguas Rois me dice q nunca lhe escrevera e senão como vm lhe escrevia se supeitava q o irmão de Lisboa as abrise porq lhe mandou dizer q tinha pena e tinteiro para lhe escrever como hera lizito e asim saiBa vm q esta he a mesma verdade não lhe queira dar penas porq as não merece nem a mais imiga e ainda q vm la ganhe mto intenda q não amda Liver da conciencia e o mundo todo sem deos he nada e o nada com deos he tudo e nesta terra valle mais guanhar seis vintens e de comer q nesa cuarto d ouro seco e juntamte não cude vm q isto e os incarecimtos se não he mto dezo q eu tinha de me ver com vm e saiba q mais vale bo fim q ruim principio e a vm lhe não



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