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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1672. Carta de Isaac de Avelar para o tio [Jorge Espinosa].

ResumoO autor refere em detalhe o que foi remetido em diferentes embarcações e apresenta várias recomendações sobre a sua negociação, nomeadamente com envolvimento de Paulo Jácome Pinto.
Autor(es) Isaac de Avelar
Destinatário(s) Jorge Espinosa            
De América, Suriname
Para Holanda, Amesterdão
Contexto

Perante a suspeita de as comunidades sefarditas traficarem mercadorias e informações em prejuízo da Coroa inglesa, várias embarcações procedentes ou destinadas à Holanda por sua conta foram intercetadas. Efetivamente, as disposições constantes nos Atos de Navegação de Cromwell proibiam o trato comercial das colónias inglesas com a Holanda, a Espanha, a França e respetivas possessões ultramarinas. Os processos instaurados, à guarda no Supremo Tribunal do Almirantado, surgem no contexto de quatro momentos de grande crispação entre aquelas duas potências: a 2ª Guerra Marítima Anglo-Holandesa (1665-1667); a 3ª Guerra Marítima Anglo-Holandesa (1672-1674); a Guerra dos Sete Anos (1756-1763); e, por fim, a 4ª Guerra Marítima Anglo-Holandesa (1781-1784). A documentação encontrada a bordo e preservada em arquivo - correspondência particular e registos de carga - constituiu testemunho documental da prática dos crimes de contrabando de mercadorias em alto mar. As cartas aqui descritas são ainda demonstrativas da qualidade das relações mantidas no seio de famílias sefarditas (judeus e conversos), com existência de redes estrategicamente distribuídas: de um lado, os colonos posicionados abaixo da linha do equador, mais precisamente numa área das Sete Províncias das Índias Ocidentais (o Caribe), no âmbito das possessões ultramarinas holandesas; do outro, familiares e parceiros de negócio, situados nos principais portos no Atlântico Norte, importantes centros de atividade financeira e mercantil. Há inclusivamente em algumas destas cartas vestígios de empréstimos lexicais feitos ao inglês e ao neerlandês. São disso exemplo algumas palavras do campo léxico-semântico do comércio, como as ocorrências “ousove” e “azoes”, que remetem para o inglês “hoshead” ou o neerlandês “okshoofd”, uma medida antiga de volume. No presente caso, estamos perante um conjunto de cartas que viajava a bordo das embarcações holandesas Het witte Zeepaard, Bijenkorf, Fort Zeeland e Gekroonde Prins. Provinham do porto de Paramaribo, com destino a um importante porto estratégico da Companhia das Índias Ocidentais - Flushing, na América do Norte -, através das Caraíbas.

Suporte uma folha dobrada de papel de carta escrita em todas as faces.
Arquivo The National Archives
Repository Records of the High Court of Admiralty
Fundo 30/223
Cota arquivística Part 5 of 13
Fólios [1]r-v; [2]v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Page [1]r > [1v]

Sor tio e Irmão d alma serenam 1: 7ro -1672

No mez de maio e Junio passado escrevi a Vm largo em 5: ou 6: navios q sairão deste porto para esa, e Ultimamte o fiz no navio marcus corsius em diversas q em do escrevi, espro averão Ja chegado com bem livres de seos enemigos, achando a Vm, e a todos os da obrigação de saude como dezejo, como tãobem aver Vm resebido o que neles remeti; e assi tornarei referir brevemte o q neles remeti e avizei, ainda q seja por luside pois o requer o tempo de oje, dizendo como no navio a Esperansa msre Ary Clase de Roterdam q foi a descaregar a midelbo embarquei 2 ocf d asucar pesante o 1: u 443: e o 2o u 449: neto no AB 1: 2 : ocf marcado como em margien, com mais 1/2 ocf d asucar de u 250: com a letra YA 1/2 ocf ao lado, e mais 8: Paus letros pesantes u 657: com a marca em margien o ql vai consignado a Pinto pa q em do siga a hordem de Vm; espro no Y : 8 Paus avera Ja chegado em paz, e em falta que não seja a perda mais q o premio do seguro q nas passadas pedi a Vm fizese nele de f 200:

No navio marcus corsius supliquei a Vm q a vista dele não avendo chegado o navio st Jorge mre mels stevense, e o navio St Juão msre Jacob Harsenbos, q vão a descaregar a midelbo que partirão em sua compa me fizese neles sem falta seguro, a saber no st Juão f 150: e no st Jorge f 100: espro averão chegado pro com se escusara ese gasto; no st Juão q ds aJa levado em paz embarquei a sab 1/2 ocf de u 200: netto e 1: doble ancora no YA 1 ate 6 de sumo de limão marcado como em Margien de q Ja mandei a Vm os conhesimtos nele embarquei mais 1: ocf de u 500: e 2: meos 1: de u 277 e o sego de u 250: com mais 1: doble: ancora de sumo de limão tudo marcado com a marca asima de q neste mando a Vm a segda via do conhesimto

No st Jorge msre mets stevense embarquei 1: ocf d asucar pesante neto u 555: com mais 15: paus letros de u 957: exselentismos e bem letrados no YA 1: ocf com a marca em margien do ql Pau avizara Vm a Pinto q entrege a Cornelis Janse u 680: como parese por o conhesimto q mnas passadas Y 15 Paus remeti a Vm pagando do o frete de ditta somma e tomandolle resibo

Da metade do neto rendimto da doble ancora de sumo de limão no 2: q he o Baril q não tem arcos de ferro entregara Vm a horden de Jacob nassi

Nas passadas tãobem supliquei a Vm me mandase fazer seguro no navio Andenbur msre Jan andrese q vai a descaregar a essa a Valor de f 200: e en falta a vista desta p o preso posivel aenpersentandolle f 100: q são f 300: q ja tenho nele q espero avera feito; nele embarquei o q abaixo digo embarcado mais peso não aja falta

Os asucares entendo averão montado muito pois os daqui são so os q poden hir a essa e os de Portugal, pois os das Illa são defendidos, e assi se entende



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